247 – A empreiteira Andrade Gutierrez, que passou a ser investigada na 14ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada na última sexta-feira, é a mais próxima do senador Aécio Neves (PSDB-MG). O presidente da empresa, Otávio Azevedo, foi preso na sexta junto com o empresário da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e outros executivos.
Com isso, a investigação, usada na imprensa para atingir principalmente o PT, fica mais próxima da oposição. Marcelo Odebrecht e Otávio Azevedo são executivos com excelentes relações não apenas com o ex-presidente Lula, mas também com partidos de oposição, especialmente o PSDB. No ano passado, os empresários manifestaram ao Palácio do Planalto o desejo de votar no candidato tucano.
A Andrade Gutierrez foi a maior doadora de recursos da campanha de Aécio à presidência da República em 2014. De acordo com dados obtidos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foram 322 doações para o então candidato tucano no ano passado, somando mais de R$ 20 milhões.
Controle de 33% da Cemig pela Andrade Gutierrez
Outra relação da companhia com o PSDB de Aécio Neves ocorreu em Minas Gerais, onde a Andrade Gutierrez recebeu, de bandeja, a gestão da Cemig, que lhe foi entregue pelos tucanos em um acordo de acionistas. A estatal mineira é uma das usadas em atos de corrupção que alimentou o esquema do doleiro Alberto Youssef.
A Andrade Gutierrez controla 33% das ações da Cemig. Esta aquisição aconteceu numa transação tenebrosa entre o então Governador Aécio Neves e a construtora que ofereceu moedas podres da Ligth por um terço das ações da estatal mineira, em 2010. O Sindieletro - Sindicato dos Eletricitários de Minas denunciou a manobra e seus diretores foram perseguidos e processados por Aécio. Na época, os deputados estaduais Padre João e Rogério Correia (PT) tentaram instalar uma CPI na Assembléia Legislativa, mas não conseguiram assinaturas suficientes.
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Em coletiva de imprensa na sexta-feira 19.06.15, o procurador da República Carlos Fernando Lima, da Lava Jato, citou que a Odebrecht e a Andrade Gutierrez estão envolvidas em irregularidades que vão além da Petrobras, podendo chegar ao setor energético – ele citou construção da usina Angra 3, no Rio de Janeiro.
O teste de imparcialidade da investigação será a Cemig.
Odebrecht doou mais de R$ 9 milhóes ao PSDB
Já a Odebrecht doou mais de R$ 9 milhões para o PSDB, quase três vezes os R$ 3,5 milhões doados pela empreiteira ao PT no ano passado. A construtora, que também vinha sendo poupada, passou a ser investigada na nova fase da Lava Jato assim como a Andrade Gutierrez.
Criminalização das doações eleitorais
Até aqui, as doações feitas por empreiteiras investigadas na Lava Jato ao PT foram criminalizadas, como sendo dinheiro de propina, desviado da Petrobras para favorecer o partido e registrado oficialmente na Justiça como regular. No entanto, as empresas financiaram campanhas de todos os partidos e, como se vê na nova fase, algumas chegaram a doar mais para os tucanos do que para o Partido dos Trabalhadores.
Terão sido propina as doações da Andrade Gutierrez e da Odebrecht a Aécio Neves e seu partido?
Confira AQUI a planilha do TSE com as doações da Andrade Gutierrez ao PSDB em 2014 e as telas do site AsClaras.org, da ONG Transparência Brasil, que mostram as doações oficiais da Odebrecht aos partidos.
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