Brasil 247 - Dois escândalos recentes, batizados como Swissleaks e Zelotes, evidenciam uma realidade brasileira: ricos não gostam de pagar impostos, nem de declarar todo seu patrimônio. Um levantamento de 2013, mostra que há uma média de sonegação fiscal de 500 bilhões por ano, no Brasil. O valor da sonegação fiscal é sete vezes maior que a corrupção.
O caso Swissleaks envolve 8.667 brasileiros que mantêm ou mantiveram contas secretas na Suíça, no HSBC de Genebra.o rombo foi de R$ 20 bilhões. O Senado abriu um CPI para investigar o caso, mas nenhum senador tucano quis assiná-la.
Somente dos grandes veículos de comunicação há 22 donos de TV, rádios e jornais. Entre os brasileiros conhecidos envolvidos na corrupção encontra-se a viúva de Roberto Marinho, da TV Globo, Lily Marinho; Carlos Massa, o Ratinho, com seus 124 milhões de dólares; a família da TV Bandeirantes, de Jorge Saad; Otavio Frias, dono do jornal Folha de São Paulo; José Roberto Guzzo, do Conselho Editorial da revista Veja; alguns artistas de TV e muitos outros.
A Operação Zelotes fisgou uma quadrilha especializada em vender facilidades no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o Carf, da ReceitaFederal, causando um prejuízo estimado em R$ 19 bilhões.
Os dois casos tratam de um mesmo fenômeno: sonegação fiscal. O que une as duas pontas é a presença de nomes ilustres da direita brasileira, que tentam impor uma agenda conservadora à toda sociedade.
Nesta sexta-feira, uma reportagem do jornal Estado de S. Paulo revelou que o grupo Gerdau, do empresário Jorge Gerdau, é suspeito de pagar a maior propina da Operação Zelotes: R$ 50 milhões para cancelar uma dívida tributária de R$ 4 bilhões. Um "bom negócio", com o pagamento de um real para cada 80 devidos (saiba mais aqui).
Gerdau é o principal mantenedor do Instituto Millenium, um instituto criado por empresários brasileiros para consolidar um pensamento único no País, alinhado à direita e ao neoconservadorismo. A maioria de seus diretores é ligada aos intelectuais tucanos.
Na página do Millenium, aparece como "grupo líder" (confira aqui), ao lado da Editora Abril, que publica Veja e cujo conselheiro editorial José Roberto Guzzo, um de seus principais articulistas, publicou artigo sobre como é insuportável viver no Brasil de hoje (leia aqui) – Guzzo, para quem não se lembra, foi um dos jornalistas citados no Swissleaks.
Voltando ao Millenium, abaixo do "grupo líder" aparece o "grupo apoio", onde desponta a RBS, afiliada da Globo na Região Sul, comandada por Eduardo Sirotsky. O envolmento da RBS, assim como o de Gerdau, é com a Operação Zelotes, onde a empresa teria pago uma propina de R$ 15 milhões para abater uma dívida de R$ 150 milhões. Um negócio bom para quem gosta de levar vantagem, mas não tão bom quanto o de Gerdau. No caso da RBS, a relação seria de um real pago para cada dez devidos.
Nesta sexta-feira, como lembrou Fernando Brito, editor do Tijolaço, a RBS é sócia de ninguém menos que o economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique Cardoso e ex-futuro ministro da Fazenda de Aécio Neves (leia mais aqui).
Em sua página, o Instituto Millenium informa trabalhar pela promoção da democracia, da liberdade, do Estado de Direito e da economia de mercado. Mas, e os impostos?
Nenhum comentário:
Postar um comentário