Organizadores dos blocos pedem menos burocracia e mais apoio no carnaval de BH
Clima aberto da festa é apontado como motivo de parte do sucesso da folia na capital mineira
Flávia Ayer - Estado de MinasGustavo Werneck - Estado de MinasPublicação:18/02/2015 07:16Atualização: 18/02/2015 07:25
O carnaval de Belo Horizonte mostrou sua força, firmou seu nome entre as grandes festas populares do país e arrastou multidão de foliões – só no bloco Baianas Ozadas, na segunda-feira, foram 100 mil pessoas. A democracia da alegria nas ruas e avenidas, o clima familiar e a farra à luz do sol estão entre as razões para o sucesso, numa primeira avaliação de autoridades e organizadores de blocos.
Tamanha adesão surpreendeu muito carnavalesco. O vocalista do Baianas Ozadas, Geo Cardoso, acredita que a folia aos moldes de antigos carnavais cativou os belo-horizontinos. “Os blocos saem cedo, a família pode frequentar. Todos conseguem brincar de forma saudável”, afirma.
O maestro do Então Brilha!, que levou 20 mil pessoas à Rua Guaicurus no sábado, Di Souza, acredita que a festa popular é a marca e também chamariz em BH. “É para todos. Gera nas pessoas a sensação de pertencimento. Qualquer um pode tocar no Então Brilha!, somos um bloco aberto”, afirma. Outra característica é o fato de não haver corda para separar o público da bateria. “Aqui é o cordão do amor. Tudo gira em torno das pessoas”, diz.
Mas fazer uma festa aberta, que só cresce, tem trazido aprendizados na prática. Na segunda, impasse entre os Bombeiros e a Belotur atrasou a saída do Baianas. O Cobom exigia projeto de segurança para grandes eventos. “É preciso abrir um diálogo mais amplo entre as instituições. Chegou o momento de ter uma legislação específica. Os blocos não são eventos, mas manifestações populares”, afirma Geo, que reforça que toda a estrutura é bancada de forma independente. “Em Salvador, a prefeitura abre licitação para trios elétricos públicos”, aponta.
Bancando custos
Um esquema que dispensa os cordões é visto como uma das razões para o carnaval ter crescido tanto na capital mineira
Bancando custos
Mas a forma de dar continuidade à festa momesca em franca expansão é um dos dilemas de quem faz o carnaval. “Bancamos com a colaboração de quem tocou na bateria, de foliões. Se conseguirmos fazer vários carnavais dentro dessa estrutura, será excelente, pois tem um sentido especial de comunidade”, afirma Di Souza. “Queremos manter a festa enquanto movimento político e social”, reforça.
Produtor do bloco Alcova Libertina, que levou 30 mil pessoas à Avenida dos Andradas, André Leal Medeiros, conta que foram 30 dias de preparação, R$ 12 mil de investimento dos integrantes do grupo. “Fazemos por amor”, diz André, que acredita ser necessária melhor estrutura para os blocos. “Não há patrocínio e ninguém paga nem o lanche dos músicos. Quem corre atrás de todas as licenças também somos nós”, diz.
Prefeitura defende 'mais diálogo'
Até mesmo a prefeitura reconhece que há muito a melhorar em planejamento, estrutura e integração entre instituições. O presidente da Belotur, Mauro Werkema, considera necessário maior diálogo com os Bombeiros. “Precisa ficar bem claro que bloco de rua é manifestação carnavalesca espontânea, diferente de evento, que demanda licenciamento. Trio elétrico, que não queremos nos blocos, também não tem nada a ver com caminhão de som”, disse Werkema, em referência ao problema envolvendo o Baianas Ozadas. Para ele, segurança, baixo custo e clima familiar explicam boa parte do sucesso da promoção.
Muita gente se queixou da pouca oferta de banheiros químicos e Werkema reconhece a necessidade de “replanejamento espacial” para melhor distribuição dos equipamentos. Ele diz que o total – 1,8 mil cabines – foi suficiente. Já a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) diz que gastará mais de 30 caminhões de água (clorada) de reúso, recolhida na piscina da UFMG, para limpar as ruas.
O coronel Cícero Cunha, à frente do Comando de Policiamento da Capital (CPC) afirmou ontem que não houve ocorrências graves. “Registramos furtos de documentos, poucos roubos, nada de relevância”, disse. O comandante, que esteve à frente de 6 mil profissionais, contou que não se caracteriza como arrastão o assalto a duas pessoas, que tiveram roubadas três correntes de ouro, na madrugada de ontem, na Savassi, na Região Centro-Sul. Nove pessoas foram presas.
O que deu certo
População deu show com a beleza e criatividade das fantasias
Força e identidade dos blocos de rua atraíram o público
Programação abrangeu a cidade toda
Limpeza das ruas feita pela SLU depois dos desfiles dos blocos
Clima pacífico e de respeito entre os foliões dispensou policiamento ostensivo
Animação da galera
Para melhorar
Banheiros químicos foram insuficientes
As ruas por onde os blocos passaram não foram interditadas com antecedência e carros estacionados dificultaram os desfiles
Sinal de internet ficou instável nos locais de grande aglomeração
Água mineral e cerveja tiveram preços inflacionados
Ampliar a oferta de pontos de alimentação nas proximidades
Maior apoio aos blocos de rua
Potência dos sons dos carros usados pelos blocos
Produtor do bloco Alcova Libertina, que levou 30 mil pessoas à Avenida dos Andradas, André Leal Medeiros, conta que foram 30 dias de preparação, R$ 12 mil de investimento dos integrantes do grupo. “Fazemos por amor”, diz André, que acredita ser necessária melhor estrutura para os blocos. “Não há patrocínio e ninguém paga nem o lanche dos músicos. Quem corre atrás de todas as licenças também somos nós”, diz.
Prefeitura defende 'mais diálogo'
Até mesmo a prefeitura reconhece que há muito a melhorar em planejamento, estrutura e integração entre instituições. O presidente da Belotur, Mauro Werkema, considera necessário maior diálogo com os Bombeiros. “Precisa ficar bem claro que bloco de rua é manifestação carnavalesca espontânea, diferente de evento, que demanda licenciamento. Trio elétrico, que não queremos nos blocos, também não tem nada a ver com caminhão de som”, disse Werkema, em referência ao problema envolvendo o Baianas Ozadas. Para ele, segurança, baixo custo e clima familiar explicam boa parte do sucesso da promoção.
Muita gente se queixou da pouca oferta de banheiros químicos e Werkema reconhece a necessidade de “replanejamento espacial” para melhor distribuição dos equipamentos. Ele diz que o total – 1,8 mil cabines – foi suficiente. Já a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) diz que gastará mais de 30 caminhões de água (clorada) de reúso, recolhida na piscina da UFMG, para limpar as ruas.
O coronel Cícero Cunha, à frente do Comando de Policiamento da Capital (CPC) afirmou ontem que não houve ocorrências graves. “Registramos furtos de documentos, poucos roubos, nada de relevância”, disse. O comandante, que esteve à frente de 6 mil profissionais, contou que não se caracteriza como arrastão o assalto a duas pessoas, que tiveram roubadas três correntes de ouro, na madrugada de ontem, na Savassi, na Região Centro-Sul. Nove pessoas foram presas.
O que deu certo
População deu show com a beleza e criatividade das fantasias
Força e identidade dos blocos de rua atraíram o público
Programação abrangeu a cidade toda
Limpeza das ruas feita pela SLU depois dos desfiles dos blocos
Clima pacífico e de respeito entre os foliões dispensou policiamento ostensivo
Animação da galera
Para melhorar
Banheiros químicos foram insuficientes
As ruas por onde os blocos passaram não foram interditadas com antecedência e carros estacionados dificultaram os desfiles
Sinal de internet ficou instável nos locais de grande aglomeração
Água mineral e cerveja tiveram preços inflacionados
Ampliar a oferta de pontos de alimentação nas proximidades
Maior apoio aos blocos de rua
Potência dos sons dos carros usados pelos blocos
Nenhum comentário:
Postar um comentário