Para levar minério de Grão Mogol, no Vale do Jequitinhonha (MG) para Ilhéus (BA) serão necessários 6.200 m3 por dia.
Ou seja, 6 milhões e 300 mil litros por dia.
Ou 3 bilhões e 300 milhões de litros por ano.
Uso. Em Minas, há quatro minerodutos em operação, que utilizam água de quase uma BH. Há projeto para construção de mais dois
Em plena crise hídrica, mais um mineroduto pode receber licença para funcionar em Minas Gerais e usar mais água para transportar minério para fora do Estado. Nesta quinta à noite foi realizada em Grão Mogol, Norte de Minas, uma audiência pública que faz parte do processo de licenciamento do projeto Vale do Rio Pardo, da Sul Americana de Metais (SAM). A empresa já tem outorga da Agência Nacional de Águas (ANA) para captar até 6.200 m³ de água por hora na barragem de Irapé, construída no rio Jequitinhonha.
Por ano, o projeto usará cerca de 50 milhões de m³, o suficiente para abastecer uma cidade e meia do porte de Montes Claros. O município, também no Norte de Minas, tem cerca de 400 mil habitantes e consome cerca de 30 milhões de m³ por ano, segundo Estudo de Impacto Socioambiental encomendado pelo deputado Rogério Correa.
Captação
O mineroduto será o segundo maior do país, atrás apenas do Minas-Rio, da Anglo-American, que é também o maior do mundo, mas vai ser o campeão em uso de água. Os três da Samarco, já em operação, têm outorga para captar 4.900 m³ por hora. Já o Minas-Rio capta 2.500 m³ por hora.
Em abril do ano passado, em audiência pública realizada na Assembleia Legislativa, a mineradora informou que o volume que será retirado corresponde a 14% do volume outorgável da barragem de Irapé.
Naquela época, quando a crise hídrica ainda não era tão grave, já havia preocupação dos deputados e do Ministério Público em relação ao alto uso de água em uma região que tradicionalmente sofre com a seca. Nesta quinta, o deputado Rogério Correa voltou a dizer que o rio Jequitinhonha não comporta o projeto. “O rio está à míngua”, afirma.
A audiência desta quinta à noite faz parte do processo para obtenção de licença prévia (LP), o primeiro passo para viabilizar o projeto. Em abril de 2014, a empresa previa que a licença sairia até o fim do ano e o início da operação era esperado para 2017. Nesta quinta, a assessoria de imprensa informou que não há nova previsão para o licenciamento. A empresa não informou se houve alterações no projeto inicial.
Projeto Extensão
O projeto inicial prevê um mineroduto que corta 21 cidades, em Minas Gerais e na Bahia, até chegar ao porto em Ilhéus. Serão 25 milhões de toneladas de minério por ano.
Minério da região tem baixo teor de ferro
O minério que será retirado da região de Grão Mogol tem baixo teor de ferro, cerca de 20%. Para comparar, o minério retirado de Carajás, no Pará, tem 65% de ferro. Para ser bem aceito no mercado internacional, ele será beneficiado e enriquecido antes de ser transportado e exportado.
Como o processo de beneficiamento encarece a produção, a empresa optou pelo transporte via mineroduto, que é bem mais barato. A explicação foi apresentada pela empresa em audiência pública na Assembleia Legislativa no an passado. As jazidas da região seriam suficientes para 25 anos de exploração. O investimento previsto no projeto é de US$ 3 bilhões. A SAM foi criada em 2006 e é controlada pela chinesa Honbridge Holdings.
FONTE: http://www.otempo.com.br/cmlink/hotsites/crise-estrutural-do-brasil/mineroduto-vai-gastar-uma-montes-claros-e-meia-de-%C3%A1gua-1.989671
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