domingo, 31 de março de 2013

Matéria do Gazeta sobre a Máfia, feita há 12 anos em Minas Novas , vira reportagem do jornal da Record


 Em agosto de 2000, o jornal Gazeta de Araçuaí trazia a seguinte manchete: Italianos são suspeitos de usar fazenda em Minas Novas para lavar dinheiro da máfia”. A Rede Record refaz o caminho da reportagem 12 anos depois.
Mansão da fazenda Alagadiço pode ter sido usada pelo mafioso italiano Tommaso Buscetta

O jornal da Record em sua edição nacional de sexta-feira  (29) veiculou matéria sobre a fazenda Alagadiço, em Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha, que supostamente foi usada pela máfia italiana para esconder no final da década de 70, o mafioso Tommaso Buscetta, o “ Poderoso Chefão”.

Em agosto de 2000, o jornal Gazeta de Araçuaí trazia a seguinte manchete: Italianos são suspeitos de usar fazenda em Minas Novas para lavar dinheiro da máfia”.

  “ A matéria do Gazeta foi o gancho para nossa reportagem”, reconhece o jornalista Aguiar Júnior, editor do MG Record. “ Várias emissoras de TV e jornais ligaram para se informar sobre a notícia após a sua veiculação pela Record”, disse Aguiar.

 Mistério 
A fazenda Alagadiço ainda hoje é um enigma . Localizada entre os municípios de Minas Novas e Capelinha, foi adquirida na década de 70 pelo italiano Sampietro Salini, criador da Fundação Pietro Salini. Após a morte de Thommaso Buscetta , em abril de 2000 em Nova York, tudo foi abandonado.

Em Minas Novas, corre à boca pequena que a fazenda pode ter sido usada pela máfia Siciliana por mais de 20 anos e que serviu de esconderijo para Buscetta , o maior mafioso da história da máfia .

 Preso no Brasil em 1972 e condenado a 14 anos de prisão,  Buscetta  é extraditado  para os Estados Unidos e recebe do governo uma nova identidade e a liberdade vigiada  em troca de novas revelações contra os planos da  máfia norte-americana e italiana, ligada ao tráfico de entorpecentes. 
  
 Nos EUA sofre cirurgias plásticas para depistar os numerosos "assassinos sob encomenda" que tem ao seu encalço, visto que colaborar com a justiça é, no meio mafioso, a mais grave das traições. É libertado em fevereiro de 1980.

“É provável que neste período tenha feito várias visitas à fazenda Alagadiço”, diz um historiador de Minas Novas. 

A fazenda possui aeroporto, que agora virou área de plantio de eucalipto, hospital, escola, supermercado e uma mansão com oito suítes. O hospital está fechado há anos. Ele possui 20 salas, 25 leitos, berçário, bloco cirúrgico, gabinete dentário, laboratório para análises clínicas e enfermarias.

  Em uma das salas da administração ainda estão guardadas mais de 8 mil fichas de pacientes da zona rural que foram atendidos pelos médicos italianos .
 . “ Ganhar a confiança da população era importante para os negócios da máfia e por isso o hospital”, observa um delegado aposentado.

Atualmente a mansão construída no meio da mata, está ocupada pelo antigo administrador da fazenda, João Antonio Alves da Silva, 51 anos. 

Ele revela que carregava as malas de Sanpietro, da pista de pouso para a mansão. 
Segundo ele, o italiano recebia muitos políticos, entre eles, o ex-governador Francelino Pereira, o então ministro e senador Murilo Badaró, o ex-prefeito de Belo Horizonte, Mauricio Campos, entre outros. 
" Há mais de 10 anos que não vejo mais ninguém ligado à Fundação", diz João Antonio. 
Nas proximidades existem 5 casas que eram utilizadas pelos médicos e enfermeiras da Itália que viviam no lugar e atendiam a população. Hoje, cinco famílias ocupam os imóveis.

 Terra de ninguém 
Para que o italiano Sanpietro Salini, construiu toda aquela estrutura, num local deserto e de difícil acesso para depois, sem nenhuma explicação abandona-lo?

As respostas vão desde lavagem de dinheiro da máfia, uso do hospital para refino de drogas ou ainda , que o italiano ,que faleceu recentemente  em Roma,  era simplesmente um filho de milionário que recebeu do pai uma missão para fazer uma obra social em um pais de terceiro mundo.

 Pode ser que a partir destas reportagens, muitos mistérios possam ser esclarecidos e segredos revelados.

Sérgio Vasconcelos
Repórter
na Gazeta de Araçuaí

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