Cantora do Vale apresenta produção musical temperada com valores sonoros dos índios e do negro
Mineira de Almenara, a cantora e compositora Milena Torres estreia em disco com 'Olhos de caboclo. Cabelo de negro. Instinto de índio.' Autora de 11 das 13 faixas, ela apresenta a dicção poética e musical de quem tem firmeza em suas posições. Seja nas coisas do mundo ou no trato com sentimentos cotidianos.
Na faixa 'Sem censura', ela começa riscando o nome de alguém como se fosse a fotografia do clássico 'Rasguei o teu retrato'. E crava, sem ressalvas: “Eu nunca brinco em serviço/ e minha função agora é esquecer que quase me matei por você/ eu não uso muito refrão/ e sabe por que não ?/ Pra não repetir o que já cansei de dizer.”
Mesmo quando distorce, a favor da poesia, as paisagens da cidade, transformando a Rua da Bahia em oceano ('O mar pra mim'), ela desafia: “Se a montanha se rebelar/ por ciúme quiser nos cobrir/ não há terra firme nesse mundo/ que possa nos secar, nos barrar, nos impedir”.
A produção equilibrada, dividida com o baixista Felipe Fantoni e valorizada pela masterização de Kiko Klaus, garante sonoridade que ressalta as melodias, coloridas pelas participações especiais de Sérgio Pererê, Sílvia Gommes, Cubanito, Rogério Delayon, Renato Saldanha e do grupo Frito na Hora. Eles dividem a cozinha instrumental com o violão de Milena e a base formada por eficientes nomes da cena mineira, como o trombonista Leonardo Brasilino e o baterista Arthur Rezende.
Milena usa traços negros, índios e caboclos sem exagero, colaborando para que letras e melodias ganhem moldura dentro das boas tradições da música brasileira.
Fonte: Estado de Minas, Caderno Divirta-se,via Blog do Jequi
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