Foto de Marconi Fotografias.
Centenas de pessoas percorreram as principais ruas da cidade durante a caminhada pela Paz
A Caminhada pela paz e pelo fim da violência contra a vida, realizada na manhã de terça-feira (26.03) em Araçuaí (MG), no Vale do Jequitinhonha, mobilizou vários setores da sociedade civil e contou com a participação de centenas de pessoas.
A caminhada teve início por volta das 8 da manhã, na praça do Fórum. Percorreu a rua Dom Serafim, que corta o centro da cidade, passando pela praça da Matriz , finalizando às 10 horas, na praça do Mercado Municipal, onde grupos musicais religiosos se apresentaram.
O bispo diocesano Dom Marcelo e o pastor Luiz Claúdio, da Igreja Batista, fizeram pronunciamentos em defesa da paz.
O evento foi motivado pela onda de violência que tomou conta da cidade, com várias ocorrências de assaltos, assassinatos, furtos e arrombamentos. A maioria dos crimes tem ligação com o tráfico de drogas. Ninguém está preso.
“ É muito bom a comunidade se mobilizar. Não é tudo, mas já é um primeiro passo”, afirmou o Bispo Diocesano Dom Marcelo.
A caminhada contou com o apoio de centenas de pessoas: religiosos, empresários, professores, Polícia Militar, prefeitura municipal, Superintendência Regional de Ensino e principalmente das escolas públicas e particulares. Estudantes carregavam faixas com dizeres em favor da paz , pelo fim da violência e o respeito ao próximo.
Para o pastor Luiz Cláudio, da 1ª Igreja Batista de Araçuaí, é preciso um grande trabalho de conscientização com os jovens, as crianças e suas famílias, sobre a importância da cultura da paz. “ A paz começa dentro de nossa casa. Temos de incentivar as pessoas a buscar a palavra de Deus”, disse ele.
O médico e prefeito municipal, Armando Paixão (PT) defende a realização de mais palestras sobre o combate às drogas, policiamento ostensivo para intimidar a ação dos criminosos e participação dos professores na conscientização das crianças sobre ética e cidadania. “ A Justiça também precisa fazer um trabalho mais rigoroso para que não fique na sociedade, o sentimento de impunidade para os criminosos”, afirmou.
Já o Comandante da Polícia Militar em Araçuaí, Tenente Gilamárcio Silva Rocha, disse que é preciso buscar a transformação social e que as pessoas devem evitar atos ilícitos, como por exemplo, a compra de drogas que alimenta o crime. “ Nunca vamos ter policiais suficientes para estarem a todo o momento em todos os lugares. A ordem pública parte principalmente da comunidade”, diz o militar.
Para muitos estudantes, a onda de violência e o tráfico de drogas andam de mãos dadas. Eles criticaram ainda o excesso de festas na cidade. “ Muitos jovens estão desempregados e acabam cometendo furtos para ter roupas de marca, celulares, tênis e dinheiro para irem a festas”, disseram.
Exclusão social
Indagado pela reportagem sobre quais medidas devem ser adotadas para diminuir a violência, Dom Marcelo, Bispo Diocesano, argumentou que o caminho é a justiça social.
“Há muita gente excluída e muita desigualdade social. É preciso políticas públicas que atendam os mais necessitados. Há muitos irmãos e irmãs afastados do banquete da vida. Para que a paz reine entre nós, é preciso dar mais emprego, acesso à educação, à saúde, ao lazer, ao bem estar social”, defende o religioso.
Em seu pronunciamento, ele pediu que o povo fiscalize o trabalho dos políticos e se mobilize em torno da defesa de políticas públicas de inclusão social.
Em panfleto distribuído na cidade, organizadores do movimento “ Araçuaí pela paz “ garantem que haverá outras atividades além da caminhada, dentro e fora das escolas, com a participação da sociedade.
Sérgio Vasconcelos
Repórter
na Gazeta de Araçuaí
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