terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Índice coloca o Brasil à frente de outros países do grupo Brics

Índice coloca o Brasil à frente de 

outros países do grupo Brics


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Segundo medição do economista Jim O'Neill, que cunhou 
a sigla, brasileiros têm melhores condições de crescimento.
 
País supera a Rússia, a Índia e a China em itens como estabilidade, 
mas O'Neill vê problemas no real supervalorizado
 
PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO

O Brasil tem as melhores condições para crescimento e as maiores perspectivas 

de aumento de renda per capita entre todos os Brics. Isso é o que mostra o 
Índice de Condições de Crescimento (tradução livre de Growth Environment Score, 
ou GES, na sigla em inglês), criado por Jim O'Neill, o economista da Goldman Sachs
que cunhou o termo Brics em 2001.

No ranking do índice, o Brasil vem em primeiro lugar, seguido de China, Rússia e Índia. 

"O Brasil vai se manter na liderança de condições de crescimento e continuará à frente 
da China", disse O'Neill à Folha. "Acreditamos que a renda per capita do país 
[atualmente em cerca de US$ 13 mil] possa dobrar nos próximos 10 a 15 
anos, aproximando-se do nível de algumas nações europeias."

Mas o economista, que hoje é presidente do conselho da Goldman Sachs Administração 

de Ativos, faz uma advertência: o "excesso de popularidade" do Brasil é uma ameaça. 
"O Brasil é popular demais, especialmente sua moeda", diz.

Para O'Neill, será "inevitável", nos próximos anos, uma reversão da valorização do real. 

"É muito raro que uma moeda desafie os fundamentos de longo prazo como o real, 
que está valorizado demais."

Segundo ele, é importante o governo brasileiro apertar a política fiscal para poder 

reduzir juros, o que diminuiria a atratividade do real para investidores estrangeiros. 
Senão, pode haver uma correção caótica da taxa de câmbio. "Quanto mais perdurar 
esse real sobrevalorizado, mais fraca ficará a indústria."

A equipe de O'Neill elabora o índice GES desde 2005, acompanhando 180 países em 

13 critérios: inflação, deficit público, taxa de investimento, abertura comercial, 
penetração de celulares, de computadores, média de anos de estudo 
secundário, expectativa de vida, estabilidade política, cumprimento de leis e corrupção.

O Brasil lidera os Brics porque, em algumas das variáveis mais difíceis -como 

corrupção, estabilidade política e educação-, o país tem pontuação melhor.

O'Neill admite que a boa colocação do Brasil em corrupção e educação pode 

causar surpresa. "Uma maneira de interpretar isso é que os outros Brics são muito, muito fracos", afirma ele.

POUCA ABERTURA

Em contrapartida, o país vai muito mal em taxa de investimento sobre o PIB (20%, 

de acordo com o FMI) e abertura ao comércio internacional, com a pior pontuação 
entre os Brics.

E os outros Brics? A China precisa avançar muito em tecnologia e cumprimento de 

leis e regras; na Rússia, os pontos fracos são expectativa de vida, cumprimento de 
leis e corrupção; na Índia, corrupção, estabilidade política, educação e tecnologia 
precisam de grande melhora.
Fonte: Folha de S.Paulo, 14 de fevereiro de 2012

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