A decadência da
mineração em
Minas Gerais , ao final do século XVIII, foi um dos fatores que
desencadearam a expansão do povoamento do território mineiro. Assim, no limiar
do século XIX, muitos eram os que vendiam parte de seus escravos na região de
Minas Novas para se internarem pelas matas nas adjacências de Alto dos Bois e
Vales dos rios Doce e Mucuri, com o objetivo de aí se estabelecerem com
fazendas de criação de gado e lavouras em geral.
No início do
século XIX, Manuel Luiz Pego se instalou nas proximidades de um córrego
localizado no atual município de Capelinha e que hoje tem o seu nome. As terras
que pretendia ocupar, em uma grande extensão, faziam limites com outras terras
ocupadas pelos índios Aranãs, do ramo Botocudos, amplamente espalhados pelo
vale do rio Doce.
Em 1808, estando no Brasil, D. João VI (rei de Portugal) instituiu uma lei declaratória de guerra ofensiva contra a nação dos índios Botocudos, com a finalidade de exterminá-los e explorar as riquezas existentes em suas terras. Para tanto o rei criou Divisões Militares em todo o vale do rio Doce e perseguiu cruelmente as tribos. Acuados, os índios debandaram-se em direção principalmente do Mucuri e Jequitinhonha.
A família Pego,
para sair das áreas de conflito, construiu na Fazenda do córrego Areão uma
capela dedicada a Nossa Senhora da Graça.
As pessoas da
região começaram então a denominar a fazenda de Capelinha de Nossa Senhora da
Graça ou Senhora da Graça da Capelinha.
Muitos moradores
foram se mudando para as proximidades, fazendo nascer o arraial, que se
desmembrou de Minas Novas, em 1911.
A instalação
do município, porém, só se deu a 24 de fevereiro de 1913, daí ser esta a data
máxima que se comemora em Capelinha.
A história dos
municípios de vários municípios da região está ligado ao povo Aranã, povos
Botocudos. Habitavam os vales do Urupuca, Surubim e Itambacuri.
O fato de o meio
oficial apontar a tribo Aranã como extinta constituiu até pouco tempo sério
problema para os seus atuais descendentes, por terem que provarem que
efetivamente o são em processo de reconhecimento como grupo etnicamente
legítimo e dotado de direitos perante as leis do país. A Diocese de Araçuaí
uniu-se ao Conselho Indígena Aranã para, juntamente com outras entidades e
pessoas, resgatar o passado dessa tribo, tendo-se conseguido o seu
reconhecimento em 2003 como autêntico povo aranã pela FUNAI.
Em Capelinha, o
termo Aranãs é usado para intitular clube social, time de futebol, rádio, café,
gráfica, escritório de contabilidade e armazém, tendo sido também, no passado,
nome da atual Rua Governador Valadares. Note, portanto, que, ainda que não existisse
um só representante da tribo Aranã, sua memória estaria viva.
Na década de 30,
os municípios eram administrados por um Agente Executivo Municipal. O primeiro
Prefeito Municipal, nomeado após a Revolução de 1930, foi o senhor Jacinto José
Ribeiro que desenvolveu várias obras de infra-estrutura urbana e rural. Até
mesmo a construção do Aeroporto Municipal possibilitou a instalação de uma
linha aérea fixa.
Transformação
sócio-econômica
Nas décadas de 70 e 80, houve uma mudança econômica e social no município.
A Florestal Acesita (atual Aperam Bioenergia) instalava projeto de produção
industrial de plantio de eucalipto, com grande aquisição de terras e liberação
de “terras devolutas”. Foram gerados cerca de
5 mil empregos diretos.
Quase
imediatamente, a lavoura cafeeira recebeu investimentos de empresários do sul
de Minas e São Paulo.
A atividade
econômica municipal passou a ser polarizada pela silvicultura e cafeicultura. O
intenso negócio de propriedades rurais fez subir o valor comercial das terras.
O comércio em geral se dinamizou, proporcionando também novas oportunidades de
emprego. Houve um considerável êxodo da população do campo para a cidade, em
sua maior parte desfazendo-se das propriedades para viver do trabalho
assalariado.
O apelido de “Cidade do Café” atribuído a Capelinha se disseminou rapidamente, no mesmo ritmo do crescimento e ampliação da cafeicultura no município. Em 1980, já havia 5 milhões de pés produtivos, em uma área plantada de
Possui um
microclima ideal não só para a cultura do cafeeiro, mas também para várias
outras como: frutas, milho, feijão, hortaliças, mandioca, cana e pastagem. A
feira livre aos sábados é um bom exemplo disso, por ser uma das maiores da
região e onde são comercializadas centenas de produtos trazidos das
comunidades rurais pelos agricultores.
O município possui
diversas categorias de produtores, sendo que a grande predominância é de
agricultores familiares. Possui ainda cerca de 20 fabriquetas de
doce de leite, queijo, requeijão e iogurte; indústrias caseiras de
alimentos que trabalham com farinha de milho, de mandioca e polvilho,
fabricação de rapadura, cachaça e açúcar mascavo. Além disso, no município
existem umas 40 torrefações de café.
A transformação de Capelinha e o seu crescimento populacional se
deu de forma vertiginosa. Em 1.970, o
IBGE apontava o município com 19.646 habitantes, sendo 15.214 na zona rural e
apenas 4.432 na cidade. 40 anos depois, o IBGE assinala o total de 34.796
habitantes, com 24.749 na cidade e 10.047 habitantes na zona
rural. Um
incremento de habitantes de 20.317 habitantes na cidade.
Há um verdadeira
revolução na vida e nos costumes da população capelinhense, com o advento
da Acesita , atual Aperam, e da lavoura cafeeira. O êxodo rural foi tão grande,
que já no início da década de 80 havia na cidade um bairro inteiro de população
tipicamente operária, formada por trabalhadores da Acesita e das lavouras
cafeeiras.
A cidade cresceu
num ritmo acelerado, alcançando os planaltos e se estendendo em novos bairros.
O comércio
diversificou-se em casas de revenda de materiais para construção, ferragens e
ferramentas, serrarias, serralherias, oficinas mecânicas, bares, lanchonetes,
casas de diversão noturna...
A feira livre aos
sábados já não era suficiente para cobrir a demanda por alimentos. Prolifera,
então, um grande número de supermercados e mercearias que revendem gêneros
trazidos da CEASA, em Belo Horizonte.
Os agricultores
que viviam na condição de posseiros, proprietários, pequenos empregadores e agricultores
familiares entraram em demanda com as empresas reflorestadoras que se diziam proprietárias de terras "devolutas" habitadas por dezenas de anos por seus ancestrais.
Ao serem expulsos da terra, submeteram-se na cidade à condição de inquilinos e consumidores de gêneros comprados nos supermercados com o dinheiro de seu trabalho assalariado.
Ao serem expulsos da terra, submeteram-se na cidade à condição de inquilinos e consumidores de gêneros comprados nos supermercados com o dinheiro de seu trabalho assalariado.
O poder público
pressionado vê-se forçado a batalhar por recursos destinados a obras de
infra-estrutura e de serviços cuja demanda sofrera enorme pressão: água
canalizada, rede de esgoto, eletricidade e telefone. O crescimento populacional
decorrente do afluxo de pessoas não só do campo, mas também de municípios
vizinhos e de outras regiões do estado e do país passa a exigir serviços como
hotelaria, mais escolas e creches para as crianças de mães operárias.
Capelinha
localiza-se na região nordeste de Minas Gerais, no Alto Jequitinhonha, no nordeste de Minas. Possui
uma área de 966 Km2, estando a sede municipal nas coordenadas
geográficas de 17º 44’ 53” de latitude e
42º 31’ 07” de longitude,
numa altitude de 948
m .
CAPELINHA
|
Total da População
2010
|
Total de Homens
|
Total de Mulheres
|
População Urbana
|
População Rural
|
34.796
|
17.144
|
17.652
|
24.749
|
10.047
|
|
100%
|
49,27%
|
50,73%
|
71,13%
|
28,87%
|
Texto resumido do Plano Diretor e do Projeto de Campus da UFVJM, em Capelinha
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