quinta-feira, 28 de maio de 2015

DOENÇA EM PEIXES PREOCUPA A POPULAÇÃO E LEVANTA SUSPEITA DE CONTAMINAÇÃO DAS ÁGUAS DO RIO JEQUITINHONHA.



Por: Maria Eliza Cota e Francy Eide Leal- Comunicadoras Populares da Cáritas Diocesana de Almenara/Baixo Jequitinhonha
Quem vive com/do rio vem percebendo mudanças na qualidade da água e o desaparecimento de espécies nativas de peixes após a construção das Barragens de Irapé e Itapebi. Recentemente alguns peixes têm apresentado feridas e infecções, o que preocupa muito toda a população do Vale do Jequitinhonha, e levanta a suspeita de que as águas do Rio também estejam contaminadas. Para debater e encaminhar propostas sobre assunto no dia 08/05/2015 Sociedade Civil e Poder Público do Baixo Jequitinhonha se reuniram em Almenara.

Na reunião discutiu-se o laudo do Laboratório de Doenças de Animais Aquáticos da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais –UFMG que analisou dois peixes adultos capturados no lago de Irapé no município de Grão Mongol. Os peixes foram submetidos à necropsia sistemática, exame bacteriológico e exame virológico.

Segundo o Laudo “Os resultados dos exames laboratoriais indicam a infecção dos animais avaliados pelas bactérias
Edwardsiella tarda (peixe 1) e Aeromonas hydrophila (peixe 1 e 2). Esses microrganismos são patógenos clássicos de peixes, mas também frequentemente encontrados no trato gastrointestinal de animais sadios e na água. 


Em geral, para que animais de vida livre sejam acometidos por esses patógenos é necessária à presença de fatores de risco como má qualidade da água (grande quantidade de matéria orgânica, redução de oxigênio dissolvido, compostos nitrogenados em excesso, contaminantes na água, amplitude térmica elevada na água etc.), bem como, situações de estresse por problemas ambientais ou ação antrópica. Esses fatores de risco podem estar ocorrendo no local de origem dos animais e predispondo a infecção e as lesões, devendo ser avaliados. Em casos de infecção pelos patógenos supramencionados é recomendada a realização da antibioticoterapia oral dos peixes. Porém, essa prática é inviável para animais de vida livre”. (grifos acrescidos).

Segundo Aline Ruas do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), desde o início dos trabalhos do Movimento na região do Médio Jequitinhonha há 3 anos foram relatados problemas de má qualidade da água, pessoas com doenças de pele, abandono das comunidades por falta de água potável, peixes contaminados dentre outros problemas. A partir deste ano começaram a trabalhar com os/as pescadores/as do Baixo e viram que os problemas são os mesmos.

“Onde tem barragem está acontecendo esse problema, o que levanta a suspeita que Irapé seja a causadora desses efeitos no rio. ”
(Aline Ruas)
Para o MAB outro ponto importante é a realização de um laudo dos impactos de Irapé em toda a Bacia Hidrográfica do Rio Jequitinhonha, não só a contaminação da água, como também questões produtivas que forçam o êxodo para as grandes cidades.

Segundo participantes da reunião a Cemig nega que seja a barragem a causadora da contaminação dos peixes. Para Ariosvaldo Teixeira, presidente da Colônia de Pescadores Z13, é do rio que os pescadores tiram o sustento, se não tiver peixe com qualidade não há condições de sobreviver, alguns já estão passando necessidade, quando pega o peixe não querem comprar.

“A má qualidade da água está afetando também a saúde das pessoas que dependem do rio. Os pescadores estão com manchas no corpo, coceira e outros problemas de pele. Todo dia que toma banho tem coceira no corpo”.
(Ariosvaldo Teixeira)
Faz-se urgente a realização da análise da composição física, química e biológica da água do Rio Jequitinhonha, com ela identifica-se os contaminadores e os riscos à saúde da população que depende do Rio Jequitinhonha.

Encaminhamentos Coletivos
Na reunião os representantes da Organizações da Sociedade Civil e Poder Público de 9 municípios do Baixo Jequitinhonha encaminharam a realização de Audiências Públicas Locais convocadas pelas Câmaras dos Vereadores para conscientização nos municípios; realização de Audiência Pública Regional convocada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais; e ação conjunta no Ministério Público pedindo investigação do caso. As datas ainda não foram informadas. Acompanhe em seu município os debates e as articulações políticas que estão sendo mobilizadas sobre a questão.
 Espera-se que as autoridades tomem conhecimento da situação e se posicionem, muitas famílias dependem direta ou indiretamente do rio para sua sobrevivência.

Veja aqui o resultado completo do exame laboratorial dos peixes:
http://www.caritasbaixojequi.com.br/imagens/fiquedeolho/Laudo_Aquavet_27112014_r1.pdf
Fonte: Imagens retiradas do vídeo de Ariosvaldo Texeira

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