Peregrino de PE afirma que foi curado de uma trombose no pé esquerdo.
Após cruzar 12 estados, ele quer deixar a cruz na Basílica de Trindade, GO.
O peregrino Pedro Guedes da Costa, de 74 anos, caminha há mais de sete anos carregando uma cruz de 50 kg pelo Brasil pagando uma promessa e, agora, está a 60 quilômetros de seu destino final: a Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade, Região Metropolitana de Goiânia. Depois de percorrer 12 estados brasileiros, o idoso, que saiu de Caruaru (PE), está em Terezópolis de Goiás, a 30 km da capital de Goiás.
Com uma fé inabalável, o pagador de promessas caminha uma média de 5 km por dia para agradecer a cura de uma trombose no pé esquerdo que lhe causava muitas dores e dificuldade em andar. “Eu passei 90 dias sendo tratado pelos médicos, tomando remédio e nada adiantava. Aí fiz essa promessa pra Deus e fiquei bom. Agora estou cumprindo e estou quase chegando”, disse Pedro. A expectativa é cruzar os quilômetros que faltam até a Festa do Divino Pai Eterno, que começa em 26 de junho.
Pedro garante que, mesmo que não fosse curado, sua fé continuaria a mesma. “É como diz no mandamento, temos que amar a Deus sobre todas as coisas. Tem gente que se apega com o santo e se não consegue a graça, se revolta”, explicou.A devoção do peregrino é demonstrada de diversas formas. Além de carregar a cruz, ele usa um colar com um crucifixo e veste camisetas com imagens católicas como a de São Sebastião e a pomba que representa o Espírito Santo.
Pedro carrega o nome de um dos apóstolos de Jesus, a quem foi confiado a missão de espalhar a palavra do Messias, se tornando o primeiro Papa da história. Assim como o discípulo, o idoso faz de sua jornada uma forma de espalhar os ensinamentos contidos na Bíblia com todos aqueles que encontra pelo caminho.
Preparação
Viúvo há 15 anos, Pedro tem quatro filhos, todos adultos. “No início, eles não me apoiaram, não queriam que eu fosse. Disseram que tem muita gente violenta no mundo, que iam me fazer mal. Até eu fiquei com dúvida. Tinha pouca fé ainda”, contou.
Viúvo há 15 anos, Pedro tem quatro filhos, todos adultos. “No início, eles não me apoiaram, não queriam que eu fosse. Disseram que tem muita gente violenta no mundo, que iam me fazer mal. Até eu fiquei com dúvida. Tinha pouca fé ainda”, contou.
Pedro diz que, após receber a graça, se preparou por cerca de seis meses para a jornada. “Eu rezava todo dia pedindo mais fé e coragem. Também parei de beber, de fumar, de jogar. Porque se eu continuasse com os vícios as pessoas iam me ajudar com algum dinheiro, mas depois poderiam me ver bebendo ou fumando e falar que eu estava usando o dinheiro de maneira errada”, explicou.
Ao se sentir preparado para a peregrinação, Pedro construiu a cruz e a prendeu a um pequeno carrinho, onde carrega uma rede, mantimentos e remédios. Ele começou a caminhada em 22 de dezembro de 2007.
Caminhada
Pedro depende inteiramente da ajuda de pessoas que o recebem ao passar pelas cidades. “Eu sempre acabo tomando um banho na prefeitura, igreja, rodoviária, ou na casa de alguém que me recebe. Também conto com a ajuda de muitas pessoas que me dão comida por onde passo”, relatou. Para dormir, ele escolhe um lugar que considera seguro na rodovia ou próximo a um comércio e monta sua rede ou sua barraca para passar a noite.
Pedro depende inteiramente da ajuda de pessoas que o recebem ao passar pelas cidades. “Eu sempre acabo tomando um banho na prefeitura, igreja, rodoviária, ou na casa de alguém que me recebe. Também conto com a ajuda de muitas pessoas que me dão comida por onde passo”, relatou. Para dormir, ele escolhe um lugar que considera seguro na rodovia ou próximo a um comércio e monta sua rede ou sua barraca para passar a noite.
Um exemplo da generosidade que encontra pelas estradas é a do casal de empresários Vivianny Marques Souza e Ruan de Andrade Souza. Ao pararem em uma das diversas lanchonetes que ficam às margens da BR-060, emTerezópolis de Goiás, viram a cruz do peregrino e decidiram convidá-lo para comer com eles.
“É uma história incrível, além de uma fé e uma coragem incrível. Eu já tinha visto a história dele há um tempo, achei até que ele tinha chegado. É uma alegria para a gente poder ajudar uma pessoa tão determinada a cumprir o seu objetivo e a sua promessa”, contou Vivianny.
Após o lanche, um novo ato de generosidade o surpreendeu. Um saco plástico contendo mantimentos foi deixado sem que ele percebesse junto ao seu carrinho enquanto lanchava. “O pessoal aqui da região é muito bom comigo. Aqui não morro de fome”, agradeceu.
Uma pessoa queria mandar me prender porque ele disse que eu estava querendo imitar Jesus ao carregar a cruz"
Pedro Guedes
Entretanto, não foi assim em todos os lugares. Segundo o pagador de promessas, ele já foi ofendido, agredido e ameaçado de prisão em algumas das cidades por onde passou. “Tem lugar que o pessoal não dá nem água para a gente. Em uma outra, uma pessoa queria mandar me prender porque ele disse que eu estava querendo imitar Jesus ao carregar a cruz e que isso era inadmissível ”, relembra.
Reta final
Em cada cidade que passa, Pedro faz questão de pegar um registro de que esteve naquele lugar. Divididas em três pastas guardadas com orgulho, ele mantém certificados e ofícios que prefeituras, rádios, associações de moradores ou igrejas fazem comprovando que cruzou o município. Ao todo, são mais de 300 registros.
Em cada cidade que passa, Pedro faz questão de pegar um registro de que esteve naquele lugar. Divididas em três pastas guardadas com orgulho, ele mantém certificados e ofícios que prefeituras, rádios, associações de moradores ou igrejas fazem comprovando que cruzou o município. Ao todo, são mais de 300 registros.
Além do título de pagador de promessas, o idoso também pode ser denominado como uma espécie de mensageiro de intenções. Ao longo dos sete anos de jornada, Pedro foi colocando em sua cruz centenas de fitas, terços e até chupetas. “São pedidos de várias pessoas que querem que eu leve até Trindade. Muitas pedem alguma cura, algum milagre”, explica.
Segundo Pedro, ao chegar à Casa dos Milagres, na Basílica, deixará a cruz e todos os pedidos, para que Deus possa abençoar as pessoas que fizeram as intenções.
Ao concluir sua missão, Pedro diz que vai voltar para casa, onde pretende dar entrada em sua aposentadoria. Depois, ele quer fazer duas coisas: usar o dinheiro para reformar sua casa e “pescar almas para Cristo”, como se refere ao trabalho de divulgação dos ensinamentos bíblicos.
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