quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Os anti-petistas não aceitam o PT ter chegado ao poder


Os Meios e os Fins

Marcos Coimbra - 


08.08.12 



Há os que 

desgostam 

do PT, dos 

petistas e 

de tudo que fazem 

com tal 

intensidade que 

qualquer 

explicação é 

desnecessária. 

Apenas têm aversão profunda pelo que o partido representa.

Alguns a desenvolveram por preferir outros partidos e outras 

ideias. Mas são a minoria. 

Os mais sinceros anti-petistas são os que somente sentem 

ojeriza pelo PT. Veem um petista e ficam arrepiados.Sequer 

sabem a razão de tanta implicância.


Detestavam o PT quando era oposição - dizendo que era 


intransigente - e o detestam agora que está no governo pela 

razão oposta - acham que é tolerante demais. 



Odiavam os petistas quando vestiam camiseta e discursavam na 

porta das fábricas. Hoje, os abominam porque usam terno e 

gravata e a fazem pronunciamentos no Congresso.


Um dos argumentos que invocam para justificar a birra é 


capcioso: o mito da “infância dourada” do PT, quando ele teria 

sido virginal e puro.

O invocam com o intuito exclusivo de ressaltar que teria perdido 


algo que, em seu tempo, não admitiam que tivesse.

O PT abstrato e irreal que criaram é uma figura retórica para 

denunciar o PT que existe de fato - que não é nem menos, nem 

mais real que os outros partidos que temos no Brasil e no 

mundo.

Além desse anti-petismo figadal e baseado em pouco mais que 


um atávico conservadorismo, há outro. Que pretende ser mais 

sóbrio.

Nestes tempos de julgamento do “mensalão”, é fácil encontrá-

lo.

Seus expoentes são mais racionais e menos folclóricos. Usam 

uma lógica que parece sólida.

O que mais os caracteriza é dizer que não discutem os fins e sim 


os meios do PT.

Que não são anti-petistas por definição, mas que repudiam 


aquilo que os líderes petistas fizeram para chegar ao Planalto - 

e passaram a fazer depois que o partido lá se instalou.


Ou seja, sua oposição não questionaria o projeto petista, mas 


sua tática. Não haveria problema no fato de o PT querer estar - e 

estar - no poder. Mas em o partido ter usado meios inaceitáveis 

para lá chegar e permanecer.

Parece uma conversa bonita. E nada mais é que isso.

No fundo, esse anti-petismo é igual ao outro. Sua aparente 


sofisticação apenas dá nova roupagem aos mesmos 

sentimentos.


O que o anti-petismo não perdoa em José Dirceu - e outras 

lideranças que estão sendo julgadas - não é ter usado “meios 

moralmente errados” para alcançar “fins politicamente 

aceitáveis”.

Salvo os mal informados, seus expoentes sabem que o que o ex-


ministro fez é o mesmo que, na essência, fariam seus 

adversários se estivessem em seu lugar - sem tirar, nem por.

Quem duvidar, que pesquise quem foi e como atuava Sérgio 


Motta, o popular “Serjão”, “trator” nas campanhas e governos 

tucanos.


(Com ele, não havia meias palavras: estava em campo para 

garantir - seja a que preço fosse -, 20 anos de hegemonia para o 

PSDB - e que ninguém viesse a ele com a cantilena da 

alternância de poder”. Não foi por falta de seu empenho que 

o projeto gorou.)


O pecado de José Dirceu é ter tido sucesso no alcance dos fins 

a que se propôs - um sucesso, aliás, notável.

Sem sua participação, é pouco provável que tivéssemos o 


“lulopetismo” - um dos mais importantes fenômenos políticos 

de nossa história, gostem ou não seus adversários. Sem ele, o 

Brasil não seria o que é.

Isso é muito mais do que se pode dizer de quase todos os 

contemporâneos.

Mas é essa a realidade.

Enquanto José Dirceu vive sua ansiedade, Sérgio Motta é nome 


de ponte em Mato Grosso, anfiteatro em Fortaleza, centro 

cultural em São Paulo, praça no Rio de Janeiro, edifício em 

Brasília, avenida em Teresina, usina hidroelétrica no interior de 

São Paulo e rua na longínqua Garrafão do Norte, nos rincões do 

Pará.

E de um instituto em sua memória, patrocinado pelo governo 


federal, que distribui importante prêmio de arte e tecnologia.


Gente fina é outra coisa.



Do site do Luis Nassif , com dica de Marlene Sena (facebook)


Marcos Coimbra é sociólogo de Belo Horizonte, diretor do 

Instituto Vox Populi.

3 comentários:

Farlon Santos disse...

Nem esse nem aquele, politica não presta!!
Ela causa intrigas e brigas, quem ganha somente os políticos que depois de cheios seus bolsos vem com o mesmo show para o povo. A diferença é que uns vem de camiseta e outros de terno e gravata.
Sou leitor nato do blog mas não acho o melhor momento para uma postagem desta polemica.

Álbano Silveira Machado disse...

Farlon,
é a política que determina os caminhos do mundo, felizmente ou infelizmente.
O Brasil vive um momento de debate da questão do mensalão, em que a mídia e os partidos de oposição marcaram como o grande momento de derrubada do partido que está no poder. E, coincidetemente, é tempo de eleições municipais. Para muita gente, este não seria o momento de discutir a questão colocada pelo sociólogo Marcos Coimbra.
Creio que é um momento de debater os comportamentos dos partidos brasileiros. Do PT, do PSDB, os dois principais, assim como seus aliados de ocasião e de oportunidades, de acordo com interesses locais e regionais.
Escândalos similires ao Mensalão vem ocorrendo no Brasil, como o caso das privatizações e reeleição presidencial na década de 90; as concessões minerárias de Eike Batista; as concessões de comunicações, em todas as décadas; as doações de terras a grandes empresas; os processos de licitaçõese nos municípios, Estados e União; por aí vai.
Há um vício corruptivo no Estado Brasileiro umbilicalmente casado com grandes empresários que, geralmente, são financiadores de campanhas eleitorais. Aí, cria-se um circulo vicioso entre corruptos públicos e corruptores privados.
Os Partidos entram nesta dança de cada um ou todos se aproveitarem da oportunidade.

Farlon Santos disse...

Disse tudo nesse post Álbano, o Brasil precisa de uma reforma politica constitucional urgente e acabar com essa massa de impunidade de seus candidatos corruptos. Medidas como fixa limpa não vão resolver o problema, e sim deixar seus crimes mais organizados.

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