segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Polícia apura 12 mortes provocadas por medicamento manipulado

Polícia apura 12 mortes provocadas por medicamento manipulado

Delegacia inclui em inquérito óbitos de mais pacientes que teriam ingerido remédio suspeito de matar 10 pessoas no Vale do Mucuri.

Saúde busca 62 cápsulas desaparecidas
Pedro Ferreira - Paola Carvalho - Estado de Minas
Além de computadores, documentos e psicotrópicos, os agentes recolheram na sede do laboratório 26 cápsulas que fariam parte do lote suspeito de contaminação


A Polícia Civil ampliou nessa quinta-feira para 12 o número de mortes investigadas como suspeitas de terem sido causadas pela ingestão do medicamento Secnidazol 500mg, fabricado pela farmácia de manipulação Fórmula Pharma, em Teófilo Otoni, Vale do Mucuri. A informação foi confirmada ao Estado de Minas pelo delegado regional Alberto Tadeu Cardoso Oliveira.


Na segunda-feira, havia nove mortes suspeitas e nessa quinta-feira, segundo ele, mais três foram confirmadas, todas em Teófilo Otoni. “São 12, até agora”, disse o policial.



A Secretaria de Estado de Saúde (SES) confirmou na quinta-feira, 15.12, apenas a décima vítima, uma moradora de Teófilo Otoni, M.L.S, de 72 anos, que morreu em 22 de novembro.



Informou ainda que ainda não foram localizadas 62 das 180 cápsulas do lote suspeito. O pedido é para que os moradores, caso tenham comprado medicamentos na Fórmula Pharma, os entreguem às secretarias municipais de saúde, à superintendência regional ou às diretorias de Saúde de Teófilo Otoni, Pedra Azul e Governador Valadares.



A SES alerta ainda que outros 11 pacientes, inclusive de municípios vizinhos a Teófilo Otoni, podem ter usado o mesmo medicamento, como relata a própria farmácia em documentos encontrados no local.



De acordo com Alberto Tadeu, nas buscas da Policia Civil e Vigilância Sanitária, foram encontradas 26 cápsulas no escritório do proprietário da farmácia, Ricardo Portilho, e que podem ser do lote de 180 unidades do medicamento, manipulado em 14 novembro, quando o princípio ativo do remédio para matar vermes teria sido trocado por um outro, de um anti-hipertensivo, usado para abaixar a pressão arterial, porém com dose 40 vezes maior que o indicado.

“Esses 26 comprimidos recolhidos, cujas dimensões se assemelham às cápsulas do Secnidazol, serão analisados pela Fundação Ezequiel Dias (Funed)", disse o policial. A Funed informou nessa quinta-feira que as amostras já chegaram a Belo Horizonte, mas ainda é preciso saber se algum representante da Fórmula Pharma vai participar da abertura das amostras, antes de dar início às análises. Segundo o delegado, se forem confirmadas que as cápsulas são do mesmo lote 26, seria reduzido para 42 o número de comprimidos que ainda faltam ser recolhidos com pacientes e evitar novas mortes.

"Com essas três mortes confirmadas agora e trabalhando com a hipótese de que cada paciente toma duas ou quatro cápsulas de uma vez, estimamos que faltam ser recuperadas 30 cápsulas", disse o delegado.Mesmo com a localização de todas as cápsulas, segundo Alberto Tadeu, somente mortes antigas podem ser relacionadas ao medicamento. Ele explicou que, em alguns casos, pacientes tomaram remédio para vermes em outras cidades da região e na zona rural, mas a causa do óbito ainda não foi relacionada ao Secnidazol 500mg.Exumação depende de laudo.
O delegado disse que não há previsão para exumar corpos de vítimas. “Estamos dependendo dos resultados dos exames feitos pela Funed e pelo Instituto Médico Legal. Precisamos saber quais corpos foram embalsamados, o que impede o exame toxicológico, para não submetermos famílias a um constrangimento desnecessário", afirmou Alberto Tadeu.



A Polícia Civil de Minas Gerais, por meio da Delegacia Regional de Teófilo Otoni, instaurou inquérito policial em 5 de dezembro para apurar responsabilidade criminal a partir da internação hospitalar de um casal, após ingestão do medicamento Secnidazol. A partir deste dia, vários familiares de possíveis vítimas procuraram a delegacia para registrar ocorrências.



Uma equipe de investigadores, em conjunto com técnicos da Vigilância Sanitária da Superintendência Regional de Saúde e da Secretaria Municipal de Saúde de Teófilo Otoni, apreendeu na Fórmula Pharma computadores, documentos e componentes químicos para investigação. Sete pessoas já foram ouvidas, entre familiares, vítimas, o proprietário do estabelecimento, a farmacêutica que formulou os medicamentos e o gerente da farmácia. Na sexta-feira, 16.12, foi a vez de depoimentos, em sigilo, de três familiares de possíveis vítimas.

Fonte: Estado de Minas on line

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