domingo, 18 de dezembro de 2011

Barcelona, o modo solidário de ser e de jogar futebol

Barcelona, o modo solidário de ser e de jogar futebol
Confesso que sou um brasileiro que deixei de estudar no exterior por opção de aqui ficar. Sair do Brasil seria uma dor irrecuperável. E mesmo sair da caatinga e do cerrado seria arrancar uma parte do meu coração. Sair do Vale do Jequitinhonha ou norte de Minas, por ser meio – ou inteiro – catrumano, groteiro de pequenas cidades da porção territorial baianeira ou mineirana do Brasil.

Mas, a partir de hoje, confesso: sou torcedor do Barcelona, da Espanha, e irei pra Europa pra ver com meus olhos diretos este belo e maravilhoso time de futebol. Já sabia ser mais que internacional, pois havia aprendido com Che Guevara que qualquer injustiça causada em qualquer lugar do mundo me faria tremer como ser humano.


O Barcelona de tantos craques que fazem sobressair o talento de um gênio como o Messi. Mas, este artista do futebol pouco se destaca na Seleção do seu país, a Argentina. Seu talento diminui com o individualismo dos esquemas táticos, do jogo bruto.
Vi o que havia negado. Meu filho Moisés, de 14 anos, me falava: - Pai, o futebol que ocê gosta só tem no Barcelona. Cê fala de futebol bonito, solidário, mas não conhece o melhor time do mundo, o Barcelona.
E ele estava certo. Só fui prestar muita atenção hoje. E torcia pro brasileiríssimo Santos, por questões patrióticas, besta até, pois sou cruzeirense.
Em menos de 20 minutos, comecei a mudar minha paixão. Confesso que não sou tão vulnerável. Herança de pai sistemático, turrão. Muito pelo contrário. Nós, brasileiros, sentimos hoje, agora, o que mais admiramos no futebol: o toque de bola, a beleza plástica das jogadas, a arte em um gramado. Assim como admiramos o Grupo Corpo de Belo Horizonte, uma Banda de Música, da Seleção Brasileira de Vôlei, do Coral Trovadores do Vale, de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, das torcidas organizadas de dezenas de times, dos Beatles...
Fazendo analogia com o futebol brasileiro com a Seleção solidária de 1982, coordenada pelo Telê Santana. Quem seria o craque daquele escrete? Zico se destacava, mas tínhamos Sócrates, Júnior, Falcão, Luizinho, Éder e todos os outros componentes de um grupo de artistas da bola que jogavam com prazer, solidários, com destaques individuais, mas o coletivo saltava aos olhos. Mesmo o Santos de Pelé - tão glorificado -, tinha o Gilmar, Pepe, Mengalvo, Coutinho, Djalma Santos. A Seleção Brasileira de 70, que se lembra tanto do Pelé, tinha Tostão, Rivelino, Jairzinho, Piazza, Clodoaldo, Carlos Alberto e muitos outros.
Que futebol é este que o Brasil prega? Idolatramos salva-pátrias: Pelé em 58; Garrincha, em 62; Pelé, em 70; Romário em 94, Ronaldinho, em 2002. E agora, jogamos a carga em Neymar? Esperamos que a Copa de 2014 seja decidido por ele? É bom ir mudando de opinião e criar novo estilo, o modo barcelona de jogar futebol, como os brasileiros tanto pregam, e pouco praticam.
Lula foi nosso grande presidente, mas atrás dele, e, muito mais, junto com ele, milhões de brasileiros marcharam juntos querendo mudar o país. Até empresários que só pensam em lucrar viram na oportunidade de se juntar a milhões – e foram elogiados como grandes brasileiros - ficaram muito mais ricos e são tidos como participantes do grande avanço que o Brasil vem tendo.
Mas, a nossa pátria é muito maior que o lucro extorsivo de banqueiros, industriais, de especuladores imobiliários, de clubes de futebol, minerários, financeiros, agrários e sociais.
Falo tudo isso porque sempre pensei e procurei agir acreditando que o modo solidário de ser faz o ser humano crescer, individualmente e socialmente. E viver plenamente.
O individualismo do time do Santos – em acreditar que Neymar resolveria tudo, em um ou dois lances - e do pensamento da maioria do povo brasileiro em acreditar que o herói é quem resolve tudo, caiu por terra.
Vimos na TV, assim como vemos na vida. A solidariedade e a capacidade de cada um, juntando-se ao talento individual que cada um de nós tem, fará do mundo uma maravilha de lugar que todos os seres humanos poderão viver em paz e de forma plena.
Salve o Barcelona! Viva o modo humano solidário de ser!

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