Norte de Minas (e Vale do Jequitinhonha) serão nova fronteira da mineração
A extração de minério de ferro deverá levar pra a região o desenvolvimento que já trouxe ao quadrilátero ferrífero e à região central. Fruticultura é outra fonte de riquezas
Zulmira Furbino
Os recursos e potencialidades que o Norte de Minas conhece hoje contrastam com a imagem da pobreza castigada pelo clima semiárido que sempre se associou à região. As Minas da região Norte são muitas, e vão da pecuária à produção da biotecnologia avançada, da produção de energia elétrica e biodiesel à fabricação de produtos têxteis, da fruticultura à produção de florestas, da cachaça de qualidade à paçoca de carne de sol.
Para ampliar essa lista, nos últimos dois anos, também a mineração surgiu como uma das atividades capazes de transformar a realidade nas áreas menos desenvolvidas. È o que deve acontecer no Alto Rio Pardo e na Serra Geral ( Bacia do rio Jequitinhonha), onde a exploração de jazidas de minério de ferro deve receber investimentos de R$ 7 bilhões nos próximos cinco anos.
A transformação do Norte de Minas na nova nova fronteira mineral do estado é aposta de grandes empresas nacionais e multinacionais detentoras de direitos minerais na região. Entre elas, Vale, CSN, Grupo Votorantim, MTransminas, Mineração Minas Bahia (Miba) e Gema Verde.
A ideia é viabilizar a exploração de minério de baixo teor. A reserva estimada é de 20 bilhões de toneladas de minério abrangendo 20 municípios, entre eles, Salinas, Rio Pardo de Minas, Grão Mogol, Porteirinha e Nova Aurora.
Para alavancar a exploração mineral nesta nova fronteira, no entanto, será preciso infraestrutura e planejamento logístico. “Num futuro próximo, o minério de ferro vai levar para o Norte de Minas o mesmo desenvolvimento que levou para a região Central e para o quadrilátero ferrífero. Isso significa a criação de infraestrutura e construção de rodovias. Será preciso desenvolver a produção de energias renováveis como eólica e fotovoltaica e construir novas barragens, que também servirão para a irrigação.
Cachaça de Salinas
A cachaça artesanal de qualidade é ponto forte da região. Só na região de Salinas são 70 alambiques, 53 marcas e 27 produtores, entre eles a família Santiago, dona da Havana, a cachaça mais famosa do Brasil, e da Canarinha. Junto com irmãos, Eilton Santiago é proprietário da marca Canarinha. Ele conta que produz 25 mil litros ao ano e que tem a demanda por seu produto, que pode sair a R$ 80 nas casas do ramo em Belo Horizonte e bem mais cara em praças como Rio de Janeiro e São Paulo, é bem maior do que a oferta. “Saindo se Salinas, tem quem peça R$ 120”, garante o produtor, que procura vender o mínimo que pode por cliente, como estratégia para atender a todos.
O extrativismo, a agricultura e a vocação agropecuária, porém, convivem com indústrias de ponta, instaladas em Montes Claros. “Uma das principais características do Norte de Minas é o contraste entre vários segmentos da economia. Aqui o desenvolvimento começou há 60 anos, com o estímulo da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste). Esse estímulo trouxe para Montes Claros empresas de ponta, como a industria de biotecnologia”, diz o presidente da regional da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Ariovaldo de Melo Filho.
É ali que estão instaladas empresas como a Vallée (vacinas contra aftosa, raiva e brucelose, antiparasitários, suplementos e terapêuticos para bovinos), a Novo Nordisk (insulina e produtos para tratamento da diabetes) e a Hipolabor (medicamentos).
Na Vallée, o crescimento médio é 15% ao ano e o faturamento em 2010 foi de R$ 200 milhões. Atualmente a empresa exporta para países da América Latina, mas nos próximos cinco anos venderá também para África e Ásia. “O Mercado Veterinário Brasileiro vem a cada ano consolidando sua posição como celeiro do mundo. Com a queda dos subsídios dos países desenvolvidos e o crescente aumento do consumo de carne, leite e derivados, o país se fortalece como potencia mundial”, diz o gerente de operações de mercado da empresa, Luis Almeida.
Comentários de pessoas do Vale do Jequitinhonha:
Mário Sampaio - A Maria Sampaio está completamente certa. Por ninharia de 3% largam só buracos por toda Minas Gerais. É certo que precisamos da extração do minério, mas podia ser melhor aproveitado, extrai e manda pro exterior, era melhor exportar já o aço ...
Maria Sampaio - Primeiro que nao é norte de MG, é o Vale do Jequitinhonha de qual a imprensa fala tao mal. Segundo: progresso para quem? Queremos investimento em empreendimentos sustentáveis e não os buracos e a silicose dos trabalhadores da mineracão. Queremos Nossos polos da UFVJM doados A Unai e Janauba. Jequi? Nada.
Mário Alves - Essa é a região onde a turma do Manoel Costa, pessoal da Secretaria de Legitimação Fundiária, estavam "regularizando" terras de forma fraudulenta.
Publicado no Jornal Estado de Minas, neste 12.10.2011, com alterações e destaques do Blog.
Mais informações: nova-fronteira-mineral
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