Especulações sobre o impacto político do adoecimento de Lula O que chama atenção, num primeiro momento, é a decisão de divulgar imediatamente seu tumor. Foi movimento inverso da tomada por François Mitterrand, em 1981. Mitterand tinha acabado de se eleger Presidente e tinha como referência a morte de Georges Pompidou, que tinha falecido em 1974 vitimado por um câncer linfático.
Mitterrand escondeu de todos seu tumor e divulgou boletins médicos falsos. Em 1992 não conseguiu mais esconder ao ser submetido a uma intervenção cirúrgica. Faleceu em 1996.
A decisão de divulgar gera, do ponto de vista político, um fato que pode ser explorado a ponto de criar uma comoção. Não há, obviamente, nenhuma sinalização nesta direção.
O que se tem de informação é que o tratamento quimioterápico a que Lula será submetido durará 60 dias. Se evoluir positivamente como ocorreu com a então candidata Dilma Rousseff, haverá baixo ou nenhum impacto sobre as eleições do próximo ano.
Se perdurar o tratamento, Lula terá um papel menor na gestão política da campanha petista em São Paulo e Minas Gerais (dois Estados prioritários na avaliação do ex-Presidente), mas criará, como já afirmei, comoção, ou seja, um fato político novo e irracional.
Rudá Ricci, cientista político, de BH
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