segunda-feira, 9 de maio de 2011

Municípios debatem ações de prevenção e tratamento ao alccolismo e drogas

Municípios debatem ações de prevenção e tratamento ao alcoolismo e drogas Águas Vermelhas, Cachoeira do Pajeú, Divisa Alegre e Pedra Azul realizam Encontro Regional Os município do Baixo Jequitinhonha Águas Vermelhas, Cachoeira de Pajeú, Divisa Alegr e Pedra Azul, no noredeste de Minas, realizaram, em parceria com a Gerência Regional de Saúde de Pedra Azul, nos dias 5 e 6 de maio, o 1º Simpósio Microrregional de Redução de Danos em DST/AIDS, Álcool e outras Drogas.

Para o Coordenador de Vigilância em Saúde do município de Pedra Azul, Glaubert Souza, o simpósio teve como objetivo superar três desafios. “Nosso primeiro desafio é o de construir um encontro regional ao mesmo tempo intersetorial, bem como a elaboração do entendimento da corresponsabilização do sujeito que procura ajuda na rede de assistência. Também temos que criar uma formação de educação permanente das equipes que efetuam o acolhimento do usuário, para que dessa forma atinjamos qualidade na assistência e um fluxo adequado desse usuário na rede. Por fim, temos também o desafio do processo de trabalho e das equipes interdisciplinares da rede de DST/AIDS, álcool e outras drogas”, enumerou.

Ao apresentar o diagnóstico municipal de Pedra Azul, Souza mostrou como é que funciona a rede de assistência aos usuários de DST/AIDS e as tendências gerais da epidemia na região.



Já com relação à rede de assistência aos usuários de álcool e outras drogas, Souza chamou a atenção para o elevado número de pessoas, principalmente crianças, envolvidas com drogas no município. “Fizemos um levantamento de dados no município no período de outubro a dezembro do ano passado e identificamos pelo menos 20 casos de crianças que utilizavam maconha, o que evidencia o uso e o abuso, cada vez mais precoce, desse tipo de droga”, alertou.

Já a autoridade sanitária e referência técnica de DST/AIDS da GRS Pedra Azul, Zeilzia Silva, fez uma análise das principais DST notificadas na região. “Os principais agravos notificados são de vaginose bacteriana e de síndrome do corrimento vaginal. É preciso ficarmos atentos, também, com relação à sífilis congênita e sífilis em gestantes, que tem tido notificações”, disse.

Mobilização
Uma das principais ações que estão sendo desenvolvidas na região em relação à DST/AIDS é o projeto “+ Amigo do Jequitinhonha”, da Organização Não Governamental (ONG) Vhiver de Belo Horizonte, que tem como objetivo conscientizar a população sobre as questões relacionadas com a doença, melhorar a qualidade de vida das pessoas soropositivas e controlar a epidemia do vírus na região.

Presente no evento, o representante da ONG, Thiago Pereira, que é portador de HIV e trabalha como educador social, abordou sobre as dificuldades para reabilitação do usuário que usa drogas.


“Quando a gente fala de AIDS, a gente não fala de um grupo específico, porque todas as pessoas estão vulneráveis, independente de sexo, religião ou raça. Porém, o maior problema que a gente enfrenta com relação aos portadores é com relação às drogas, porque influencia muito no abandono do tratamento”, relatou.

O presidente do Conselho dos Pastores Evangélicos de Pedra Azul, Dayvson Moreira, defendeu que a igreja seja mobilizada para prestar ajuda aos usuários de drogas e aos portadores de HIV/AIDS. Segundo ele, a igreja não pode se limitar a oferecer apenas uma ajuda espiritual, mas deve oferecer todos os meios disponíveis para que as pessoas possam ser reabilitadas à sociedade.

Atenção ao usuário de drogas
Uma das principais dificuldades encontradas pelos profissionais da microrregião de Pedra Azul é com relação à falha existente na rede de atenção a esses usuários. Enquanto o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) fica com a responsabilidade de realizar o acolhimento, monitoramento e intervenção na assistência ao indivíduo que faz uso abusivo de drogas, a atenção primária encontra dificuldades para fazer levantamentos dos dados e classificação dos usuários.

O objetivo dos quatros municípios participantes do simpósio será o de reorganizar a rede de assistência ao usuário permitindo a ampliação do acesso à atenção primária e buscar fortalecer a rede intra e intersetorial.

Propostas apresentadas
Umas das principais propostas apresentadas no simpósio foram o mapeamento das áreas de risco, o acolhimento do usuário utilizando formulários para padronizar o grau de abuso ao álcool e a realização de capacitações para fortalecer o comprometimento dos parceiros e a intersetorialidade.

A proposta apresentada no simpósio define, também, responsabilidades para o CAPS, atenção primária, Polícias Militar e Civil, Hospital Microrregional Ester Faria de Almeida, Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), Centro de Referência Especializada da Assistência Social (CREAS), conselho tutelar, poder judiciário, educação e organizações não governamentais. O documento com as atribuições dos parceiros e sobre a análise situacional da região deverá ser enviada para Brasília para que o Ministério da Saúde possa analisar e, caso aprovado, possa dar apoio técnico na execução do projeto na região.

Avaliação
A referência técnica de redução de danos do Ministério da Saúde, Helberth Saraiva, ressaltou que o evento cumpriu com o seu objetivo de promover a intersetorialidade. “O simpósio abordou uma variedade muito grande de temas e isso teve como conseqüência um envolvimento de diversos atores da sociedade, como conselho municipal de saúde, dos poderes legislativo e judiciário, sendo de fundamental importância a participação coletiva para a construção de políticas públicas já existentes”, disse.

O coordenador de DST/AIDS de Pedra Azul, Paulo Ivan Queiroz, avaliou que o simpósio possibilitou uma integração maior entre os participantes para que possam trabalhar de forma intersetorial. “O simpósio foi um momento de aprendizagem e até mais do que isso. Foi um momento de cooperação e corresponsabilização de todos, porque somente com uma rede bem formada e estruturada, com intersetorialidade, iremos poder reduzir os casos relacionados às DST/AIDS”, finalizou.

Allan Campos, da Secretaria Estadual de Saúde

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