terça-feira, 31 de maio de 2011

Audiência Pública sobre Migração e Mecanização do Corte de Cana movimenta lideranças regionais


Audiência Pública sobre Migração e Mecanização do Corte de Cana movimenta lideranças do Vale

Investimentos na agricultura familiar pode ser solução como geração de renda A questão da migração de trabalhadores para o corte de cana e outras ativiades movimentaram mais de 100 lideranças do Vale do Jequitinhonha. Em uma Audiência Pública rica em depoimentos, apontamentos dos problemas e alternativas de soluções o tema foi colocado definitivamente na pauta de discussões dos governos federal, estadual, municipais, das entidades de trabalhadores, da UFVJM, das comunidades rurais e yrbanas, e cidadãos em geral.

O evento aconteceu nesta segunda-feira, 30.05, no teatro do Colégio Nazareth, na cidade de Araçuaí, no Médio Jequitinhonha, nordeste de Minas, numa iniciativa da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, através de suas Comissões de Participação Popular e do Trabalho.

A mecanização do campo foi o tema que puxou o debate, mas a polêmica levantada foi em torno do tipo de desenvolvimento que vem sendo implantado no Vale, que é excludente e expulsora de mão-de-obra, e a modalidade de políticas públicas implantadas pelos governos federal, estadual e municipais.

Alguns depoimentos tentaram partidarizar o debate com acusações aos governos FHC, Lula e Aécio Neves. A constatação final é que as responsabilidades cabem a todos os níveis de governos e da própria sociedade.
Dois grande projetos ( Barragem de Irapé e Reflorestamento com eucalipto) foram pinçados como exemplos de fracassos em termo de benefícios para as populações mais pobres. Estes projetos foram vendidos à região como redentores mas geraram expulsão da terra, destruição do meio ambiente e concentração de riqueza.

Vários depoimentos constataram que o corte de cana é uma atividade assalariada semi-escrava, que suga a saúde do trabalhador em 5 ou 6 anos, gerando problemas de coluna, depressão em quem vai e em quem fica; desagrega a família com a migração dos filhos homens e dos pais. Porém, foi realçado o fato do esquentamento das economias locais.

Segundo o vice-prefeito de Chapada do Norte, Paulo Egídio Figueiredo, o Paulinho da Cachoeira, cada trabalhador traz no fim de ano, como poupança, em torno de R$ 6 mil. Isto significa investimentos de cerca de R$ 300 milhões no movimento econômico, pois calcula-se que 50 mil trabalhadores migram anualmente, variando o período de 3 a 9 meses. As soluções apontadas foram diversificadas: articulação entre os governos com a implantação de políticas de desenvolvimento voltadas para os pequenos empreendedores; adoção de um programa de fortalecimento da agricultura familiar; implantação e incremento à educação e formação técnica; programas estruturantes de cadeias produtivas de fruticultura, mandioca, cachaça de alambique, turismo, mel, incentivo ao artesanato, entre outras. Mais uma vez, foram destacadas a necessidade de infra-estrutura como a pavimentação da BR 367, a implantação de campus da UFVJM entre Minas Novas/Capelinha, Araçuaí/Itaobim e Almenara.

No final, os deputados estaduais André Quintão e Luiz Henrique Santiago concluíram que as propostas apresentadas serão encaminhadas aos governos estadual e federal, devendo ser articulados e integrados movimentos de resoluções dos problemas e alternativas de soluções. André afirmou que é importante que a sociedade continue mobilizada e atenta ao problema para fazer cumprir a concretização das soluções apontadas. Estiveram presentes na Audiência Pública representantes de 12 municípios, sendo 7 prefeitos, 2 vice-prefeitos, 10 vereadores, 3 deputados estaduais, técnicos do IDENE e Secretaria de Trabalho, representantes da FETAEMG, de 8 Sindicatos de Trabalhadores Rurais, técnicos, 2 professores da UFVJM, 5 representantes das Pastorais da Terra e do Migrante, trabalhadores rurais e técnicos de serviços públicos.

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