quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Mediolli quer transformar Cruzeiro de 9 milhões de torcedores em empresa de poucos donos


Ad astra*

Vittorio Medioli**

Quanto mais sofrido o caminho, mais elevado será o prêmio

29/12/19 - 04h30, publicado na coluna do jornal OTEMPO.
Em 22 anos desta coluna, raríssimas vezes abordei o assunto futebol. Até porque já tem batalhões de gente falando disso.
Hoje tratarei do Cruzeiro Esporte Clube, uma marca gloriosa que completa, no dia 2 de janeiro, 99 anos de vida.
Nasceu em 1921, pela vontade de imigrantes italianos que aqui começaram uma nova vida, numa época em que o país de origem parecia distante como a Lua. Deram o nome de Palestra Itália. Adotaram a camisa tricolor, fiel à bandeira italiana.

O Palestra foi forçado a mudar de nome por imposição do governo, quando, durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil se alinhou com países do lado oposto ao da Itália. O Palestra acabou assumindo, assim, o nome Cruzeiro, ao mesmo tempo em que nasceram Palmeiras, em São Paulo, e Fluminense, no Rio de Janeiro. O nome Itália foi varrido.
Em Belo Horizonte, no Barro Preto, mudou-se a camisa para a cor de fundo da constelação das cinco estrelas do Cruzeiro do Sul, estampada na bandeira do Brasil. O azul “royal” era exatamente a cor adotada pela seleção de futebol italiana, naquele momento duas vezes campeã do mundo, a “Azzurra”.
Quando cheguei a Belo Horizonte, meu destino já estava traçado, abracei o Cruzeiro em 1976, sem odiar o América e o Atlético, nutrindo, aliás, uma grande admiração pelos ídolos alvinegros, como Reinaldo, Cerezo, Paulo Isidoro, que travavam jogos espetaculares contra Dirceu Lopes, Joãozinho, Belini etc.
Conheci, na casa daquele que seria depois meu sogro, o então mítico Elias Kalil e o filho dele, bem mais novo do que eu, Alexandre. E no Cruzeiro, Felício Brandi era o farol, o benfeitor, o presidente admirado.
Naturalmente acabei me distanciando da Itália (desde 2017 não vou lá). Amigos e parentes minguados, falecendo, outros poucos nascendo. Fiquei mais mineiro do que muitos aqui nascidos. Já acumulo dois terços de vida, ou 44 anos, transcorridos aqui.
Por destino e sorte (que muito me acompanhou), estruturei o vôlei do Cruzeiro e o levei ao vértice mundial, seis vezes campeão brasileiro, seis vezes sul-americano, três vezes Mundial. Nem eu consigo entender direito o que aconteceu. Importante é que aconteceu.
Por uma série de fatores que defino: seriedade, estudo dedicado, construção de um ambiente comprometido com a verdade, o respeito, a competência, a superação, a disciplina, a vontade, os exemplos. Nunca abdicamos no Sada Cruzeiro da possibilidade de melhorar, nem pensamos em ser menores que os maiores. A derrota, ensinei aos meus colaboradores, faz parte da disputa, mas suar a camisa é uma obrigação, e sair com a certeza de ter dado o melhor, usando da arte, da beleza, da garra. O projeto do vôlei sempre teve os jovens como alvos, a disciplina, o crescimento humano, o enriquecimento do caráter para se sair bem dentro e fora de quadra.
Semana passada me convocaram com um telefonema de última hora, pela primeira vez na história, a participar de uma reunião plenária do conselho do Cruzeiro. Agora destroçado, esvaziado pelas derrotas, pelas dívidas, pelo caos. Na reunião de “notáveis”, convocados para rejuntar os cacos e tentar sair do atoleiro, uma grande preocupação: o sonho azul não pode acabar.
Rebaixados para a Série B, pela primeira vez, atolados em dívidas de mais de R$ 700 milhões, pior, num ambiente devastado pelas práticas condenáveis, irregularidades, maluquices, irresponsabilidades, interesses inomináveis. Pobre Cruzeiro.
Na reunião, depois de poucos minutos, os olhares voltados a mim: é você!
Pensem bem, porque eu sou complicado, exigente, tenho pouco tempo e não sei trabalhar sem autonomia, me incomodam os incompetentes, vaidosos, dissimulados. A resposta: é isso, você será o CEO dessa empreitada.
Não adiantou ponderar outras coisas e apreensões. Mergulhei no mar de lama de uma erupção em curso.
Sou prefeito de outra massa que recebi falida, Betim. Município que, depois de um tratamento intensivo e regenerativo, apesar dos saudosos das épocas em que a prefeitura era vista como uma vaca leiteira à disposição de uma corriola, hoje apresenta resultados notáveis. Sem dinheiro e um monte de dívidas, temos mais de R$ 1 bilhão de investimentos em infraestrutura conseguidos sem um só empréstimo e gasto de um real público. A fórmula foi encolher, cortar, dar eficiência e valorizar as parcerias, a meritocracia de uma equipe que vai crescendo em eficiência a cada dia.
O Cruzeiro tem solução, aliás, tem várias soluções que deverão ser discutidas. Estou disponibilizando minhas férias e as horas que sobram depois das 12 dedicadas diariamente a Betim. O Cruzeiro para muitos é como uma mãe, um filho, um amigo, uma razão de felicidade, de orgulho. Um conjunto de fortes emoções que transcendem a própria razão, dezenas morreram em decorrência da queda para a Série B.
Precisa arregaçar as mangas, limpar, fazer uma assepsia profunda, esterilizar o ambiente contaminado, livrá-lo do supérfluo e ter foco na meta, no que vem pela frente. Os cortes já estão em curso. É necessário ter presente que o orçamento anual caiu de R$ 380 milhões em 2018 para apenas R$ 80 milhões em 2020. O desafio é enlatar uma baleia numa caixa de sardinha. Ou melhor: esquecer que éramos uma baleia e viver uma digna e séria realidade de sardinha que pretende voltar à sua condição de gigante.
A lei permitirá em breve (aguarda o voto do Senado) a recuperação judicial do clube. Importantíssimo nesse momento. Poderemos oferecer um plano de recuperação de longo prazo, arrolar bens imóveis e assumir compromissos de liquidar a dívida real, aquela que for reconhecida como legal e justificada. Poderemos alienar bens que não são imprescindíveis, captar recursos, assumir personalidade jurídica diferente, lançar bônus e ações.
No momento poderemos liberar uma parte de atletas, realizar a transação de outros, adotar medidas de acordos reciprocamente convenientes. Partiremos para a recuperação de crédito, de valores desviados, e para isso já tem adiantada a ação do Ministério Público e da Polícia Civil. Modificaremos o estatuto, inserindo práticas moralizadoras e que permitam transformar o Cruzeiro numa verdadeira empresa. Isso quer dizer assumir a obrigação de auditar balanço, implementar normas de ética e procedimento, suspensão a qualquer momento de mandatos de diretoria e de presidência. Nada diferente de quanto já fizeram em países da Europa, onde o futebol vive seu momento de maior sucesso. O clube é uma associação exposta a todos os desmandos possíveis, sem dono, sem responsabilidades, fragilizada por falta de transparência e fiscalização.
O Botafogo do Rio, na sexta-feira última, aprovou a mudança para Sociedade Anônima (SA), medida auspiciosa e inevitável para a sustentabilidade do projeto.
Uma empresa não escolhe um incompetente, ou, se assim acontecer, tira-o do cargo rapidamente.
A mesma equipe que saneou o Flamengo e vem transformando o Botafogo já está trabalhando propostas concretas para o conselho escolher e aprovar.
Serão propostas que passarão pela análise e discussão dos torcedores.
O Cruzeiro não será mais uma caixa-preta, estará à disposição da fiscalização externa, até porque é a única forma de livrá-lo dos abusos, explorações, nepotismos, locupletações e desmandos.
Até 25 de janeiro determinamos o prazo de traçar um plano para reerguer o Cruzeiro e lhe dar condição de novas e maiores vitórias.
O orçamento de 2020 será apresentado até o dia 9 de janeiro e mostrará como, dentro da receita prevista, atingir as metas e ainda voltar a conquistar a credibilidade perdida.
O grupo da força-tarefa lançará novas regras voltadas aos cuidados com a juventude, não só no esporte, mas na educação e formação tanto física como social e moral.
Lançaremos uma poderosa campanha de arrecadação quando tivermos certeza de não estarmos sujeitos a bloqueios da arrecadação. Por isso aceleraremos um plano de recuperação legal e de oferta de garantias reais. Mais medidas importantes tomaremos para injetar no sistema azul a eficiência e a competência.
O drama que vivemos precisa ser enfrentado pensando que servirá para melhorarmos. Sofrer ajuda a corrigir o rumo, a evoluir. E neste 99º ano de existência prepararemos o ex-Palestra a enfrentar o segundo século com mais dignidade e glória. Resgataremos os valores de seus fundadores, pessoas simples, de caráter, que tinham um forte amor para com suas origens.
Diziam os romanos: “Per aspera ad astra”, ou quanto mais sofrido o caminho, mais elevado será o prêmio.
Tudo isso nos dá motivo para enfrentar com confiança o que vier pela frente.
*A citação latina 'per aspera ad astra' ou 'ad astra per aspera' significa literalmente: «por ásperos (caminhos) até aos astros». Em tradução livre significa: «chegar à glória por caminhos difíceis» ou «alcançar o triunfo (a imortalidade) por feitos notáveis».
** Vittorio Medioli é o CEO do Cruzeiro. É o comandante do grupo de "notáveis", grupo de empresários que assumiu a gestão do Cruzeiro, desde 23.12.19. Prefeito de Betim, na Grande BH, é empresário do ramo de transportes (SADA Transportes), mineração, silvicultura e outros ramos de negócios. Possui 32 empresas, no Brasil,na China e EUA. Presidiu e montou o grande time de vôlei do SADA-Cruzeiro, tendo sido hexacampeão brasileiro e sul americano, além de tricampeão mundial. 

Clube-empresa em debate
Cruzeiro será dos 9 milhões de torcedores ou de alguns poucos milionários que só visam lucro?
O Cruzeiro é uma associação civil sem fins lucrativos, com sede em Belo Horizonte. O futebol profissional é a sua principal atividade. Possui cerca de 9 milhões de torcedores, em todo o país. Já teve 60 mil, mas caiu para 26 mil sócio-torcedores. Cerca de 8 mil são associados do Clube Recreativo com direito a voto. Esses associados, em Assembléia Geral, elegem, de três em três anos, os Conselheiros do Clube. Hoje, no Cruzeiro, há entre 350 e 400 Conselheiros. Cada um com votos qualificados, valendo de 1 a 6 votos. Esses decidem tudo. Formam um Conselho Deliberativo e Conselho Fiscal que nada fiscaliza. 
E o pior: dão um poder de rei ao presidente. Por isso, o Cruzeiro está na pior situação de vida quase centenária. A corrupção que já existia, aprofundou-se, nos últimos 5 anos. Uma dívida de R$ 100 milhões, em 2015 pulou para R$ 380 milhões, em 2017. E saltou para R$ 700 milhões, em 2019. 
De gigante, conquistador de diversos títulos nacionais e internacionais, o time caiu para a Série B do Brasileirão.  
O Cruzeiro precisa subir pra Série A, se reerguer. Precisa se reorganizar financeiramente. Somente com a torcida da Nação Azul isso é possível.
Precisa de renovação de Estatuto, ter maior controle social, praticar a democracia, adotar uma nova forma de gestão. 
Porém, se vier a se transformar em clube-empresa, uma sociedade anônima, pode ter um dono só ou poucos donos, os que tiverem mais ações. E não haverá participação ativa do torcedor.

Leia reportagem do site Na Bancada (https://nabancada.online/2019/08/09/grupos-de-torcedores-rejeitam-proposta-de-clube-empresa/) sobre o Projeto de Lei de Clube-empresa, uma proposta aventada pelo comandante celeste, o Vittorio Medioli:


Grupos de torcedores rejeitam proposta de clube-empresa.

Projeto de lei que pretende obrigar a transformação dos clubes em empresas é criticado por sócios e conselheiros de diversos clubes.

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O tema do clube-empresa voltou ao noticiário nacional após mais de 20 anos do lançamento da Lei Pelé, primeira grande movimentação pela transformação dos clubes brasileiros em sociedades anônimas desportivas. Após declaração pública do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, grupos de torcedores de diversos clubes do Brasil se uniram para se posicionar sobre esse projeto.
Em sua maioria formados por sócios e conselheiros, esses movimentos alegam em nota fazerem parte de um “incipiente processo de articulação de movimentos de torcedores que defendem um futebol democrático e popular, por meio da defesa dos direitos de participação dos sócios/torcedores nos rumos dos clubes, e na luta por modalidades mais acessíveis nos planos de associação e nas políticas de ingressos”, escrevem.
Atuantes em clubes diversos escalões e localidades, como Internacional, Palmeiras, Santa Cruz e ABC de Natal, os grupos alegam, citando casos de países como Chile e Portugal, que o processo de conversão dos clubes em empresas não é convincente quanto à garantia de boas práticas de gestão dos clubes. Defendem que os clubes possuam estatutos democráticos e órgãos fiscalizadores independentes.
Edit (21/11/2019): o projeto de lei que irá para votação não é mais o das “SAF”, mas o texto alternativo apresentado pelo deputado Pedro Paulo (DEM/RJ), que conta com apoio do presidente da câmara Rodrigo Maia.
Leia abaixo a nota dos grupos na íntegra: 
“Nossos clubes precisam de DEMOCRACIA, não de donos.
Em nota aos torcedores brasileiros, alertamos sobre a Lei de Sociedades Anônimas Futebolísticas (SAF), projeto que obriga os clubes a se transformarem em empresas.
Aos torcedores brasileiros,
Diante da movimentação de relevantes setores da imprensa esportiva local, bem como os noticiados encontros de tradicionais cartolas com setores da alta política institucional brasileira – como o presidente da câmara Rodrigo Maia –, viemos a público nos posicionar contra o projeto que pretende converter os clubes brasileiros em Sociedades Anônimas Futebolísticas (SAF).
O projeto de criação de uma lei de Sociedade Anônima Futebolística (SAF) busca atualizar e remodelar a Lei Pelé (1998) que, fracassada por motivos diversos, não conseguiu converter os clubes do caráter de sociedades sem fins lucrativos para sociedades anônimas. O princípio da nova iniciativa é o mesmo, contando agora com a adesão de dirigentes que buscam agregar à sua imagem um viés modernizador que muitas vezes não condiz com a realidade.
As organizações abaixo-assinadas fazem parte de um incipiente processo de articulação de movimentos de torcedores que defendem um FUTEBOL DEMOCRÁTICO E POPULAR, por meio da defesa dos direitos de participação dos sócios/torcedores nos rumos dos clubes, e na luta por modalidades mais acessíveis nos planos de associação e nas políticas de ingressos.
Essas mesmas organizações lançaram uma nota conjunta em 9 de abril de 2018, em apoio à Coordinadora de Hinchas, organização supraclubística de torcedores argentinos que vem mobilizando contra a “Lei das Sociedades Anónimas Desportivas”. Na ocasião, já sinalizávamos a ameaça da aplicação de projeto semelhante no Brasil, leitura acertada que nos convence a lançar esse novo alerta aos torcedores brasileiros.
Assim como na Argentina, a defesa pública ferrenha das SAF no Brasil está baseada em uma série de desinformações e deformações sobre a realidade do nosso futebol. Formadores de opinião da imprensa esportiva e outros ditos “especialistas em gestão e marketing esportivo” alardeiam, por exemplo, a perda de bons jogadores como efeitos diretos de uma epidemia de “má gestão e de gastança desenfreada” dos clubes. Para eles, isso é o sintoma de instituições “arcaicas”, comandadas por dirigentes “amadores”, baseadas em estruturas com “demasiada ingerência política” de conselhos deliberativos.
Essa leitura superficial e imediatista ignora uma série de fatores externos que fazem do futebol brasileiro um exportador de talentos – estando isso longe de ser solucionado com a venda de nossos clubes para investidores externos. Mas, para tanto, a propaganda da SAF sempre vem acompanhada de grandes exemplos estrangeiros absolutamente distintos da realidade sul-americana e brasileira.
Essa lição já foi aprendida com a experiência vivida pelo futebol do Chile, que, após 10 anos de aplicação da sua versão da “SAD”, vê seus clubes ainda mais endividados, sem qualquer mudança real no seu potencial competitivo, e com torcedores insatisfeitos com a perda dos seus clubes, como ocorre de forma mais grave no Colo Colo. Mesmo seus próprios promotores alegam arrependimento com o projeto, considerando que velhas raposas da política local se tornaram os donos dos clubes.
A SAF também possui um viés sedutor sobre os clubes de médio e pequeno porte, com promessas de competitividade através da venda de ações. Esse argumento também cai por terra com ensinamentos anteriores, agora de Portugal: além da intensa concentração financeira e esportiva dos maiores clubes locais (esses também estupidamente endividados até hoje), temos no Belenenses um caso inacreditável de apropriação de um dos mais antigos e tradicionais clubes portugueses pela empresa que se apoderou de sua SAD (esta, envolvida em escândalos de corrupção), custando ao quadro social a criação de um time paralelo enquanto o processo segue na justiça. Algo que também ocorreu a diversos clubes espanhóis.
Aqui no Brasil não é diferente. Bahia e Vitória foram os grandes laboratórios da Lei Pelé, vendendo suas ações na virada dos anos 2000, e tendo como resultado histórico dessa aventura o rebaixamento conjunto e inédito à Série C e um endividamento que persiste até os dias de hoje.
É inadmissível, portanto, que os clubes brasileiros sejam coagidos, estimulados ou autorizados a converter-se em sociedades anônimas desportivas enquanto não permitem aos seus sócios a participação em assembleias ou sequer na escolha da presidência da instituição que eles sustentam, tanto de forma material, quanto simbólica.
A defesa de um clube democrático com participação direta de associados nos é um princípio caro e uma garantia da aplicação de outros valores, comumente vinculados à aplicação da lei das S.A., mas de forma pouco convincente.
Acreditamos que transparência, controle orçamentário, e rentabilidade financeira são qualidades muito mais palpáveis em um ambiente de fiscalização, participação e alternância de poder, como defendemos a partir da inserção de sócios/torcedores nas eleições e nas instâncias deliberativas dos clubes.
Clubes bem geridos e fiscalizados podem ser rentáveis e lucrativos, e só no formato de democracias torcedoras esses recursos poderão se manter dentro da instituição, e não no bolso de aventureiros e especuladores totalmente alheios às relações sociais e culturais que os clubes proporcionam. Os clubes pertencem aos seus torcedores, e no Brasil ainda estamos na dura batalha de garantir a esses os direitos políticos historicamente negados de participação e pertencimento nessas instituições.
Nossa luta não é mera reação às SAF, e tampouco a adesão ao fácil discurso anticartola, tão repetido na imprensa esportiva local e nos círculos dos marketeiros esportivos. Nós queremos algo novo, um apontamento totalmente contrário: que os clubes se abram para seus sócios, escutem-nos, conheçam-nos e cresçam com o caráter popular e plural que marca a paixão que nos move enquanto torcedores.
Assinam:
– Clube do Povo (ABC)
– Democracia Celeste (Cruzeiro)
– Democracia Corinthiana
– Democracia SantaCruzense
– Flamengo da Gente
– Frente Vitória Popular
– Resposta Histórica (Vasco da Gama)
– Ocupa Palestra (Palmeiras)
– O Povo do Clube (Internacional).

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