domingo, 1 de julho de 2012

Catolicismo em queda no Brasil


Censo do IBGE indica que 22% dos brasileiros são evangélicos

Demorei para analisar os dados do último Censo a respeito da religiosidade dos brasileiros. Estou mergulhado em vários projetos importantes, que demandam a articulação de vários profissionais. Mas o dado revelado em vários órgãos da grande imprensa (em especial, a Folha e Estadão, que debulharam vários aspectos dos dados divulgados pelo IBGE) indica que a emergência da Classe C já impacta nossa identidade social. A emergência do grande mercado consumidor (ou a ascensão pelo consumo) já libera seus frutos: o sentimento de exigência de garantias para a manutenção do novo status social (tanto na busca da educação - num sentido pragmático que vincula diploma com emprego mais qualificado  e não como aprofundamento dos conhecimentos pessoais -, como na escolha de candidatos que comprovadamente defendem o direito ao consumo de massas) e valores vinculados ao "espírito do capitalismo". Weber já sugeria a proximidade entre a ética protestante e a ética do trabalho, do esforço pessoal e do anúncio da escolha correta pelo sucesso profissional e a opulência. Riqueza, então, não seria mais pecado, mas aprovação religiosa.
Ora, analisando a curva ascendente dos evangélicos a partir dos anos 1980, mas mais acentuadamente a partir do ano 2000 (atingindo 22,2% da população brasileira), é possível que a tese weberiana encontre ilustração no Brasil Potência que emergiu nos últimos oito anos.

O que chama a atenção é a Geografia das Crenças, título das ilustrações que reproduzo acima que foi cunhado pelo jornal Estado de São Paulo. São dois mapas que criam certo paradoxo. Centro-oeste, região do crescimento econômico catapultada pelo agronegócio, tem média de evangélicos acima da média nacional. Por outro lado, o nordeste, Minas Gerais e região sul são as regiões que possuem maiores médias de católicos. Ocorre que se o nordeste foi (e é) região central de atuação da igreja católica, fartamente apoiada em ações assistenciais e ONGs (enfim, dois polos ideológicos de uma mesma organização confessional), também é a região com maiores índices de crescimento econômico do país, registrando o dobro da média nacional em relação ao crescimento do PIB (atingindo médias ao redor de 7%).
Enfim, os dois mapas sugerem um freio na hipótese weberiana que levantei no início desta nota.
O fato é que os evangélicos pentecostais crescem mais que os tradicionais (ou "de missão"). Algo que poderia ter sido explorado em relação às diferenças internas na Igreja Católica. Há forte projeção da Renovação Carismática no interior da Igreja Católica, o que inclui grande parte dos prefeitos católicos do PT em Minas Gerais. Os carismáticos, sintomaticamente, acreditam no Pentecostes e na relação direta daquele que tem fé com o toque do Espírito Santo. Uma relação individual com Deus, cujas manifestações são espetaculares.
Há algo que une as vertentes cristãs emergentes (Igrejas Pentecostais e Renovação Carismática): o peso do individualismo na obtenção do desejo (ou Graça) pessoal ou familiar. Esta é a nova ideologia brasileira: a ideologia da intimidade.

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