Celso Freire lança livro em Araçuaí, neste sábado, 21 de julho
Em “O rio das minhas manhãs”, Celso Freire transita por formas
literárias
em memórias de
personagem-autor
O
livro é formado por 30 capítulos curtos, cada qual composto por um poema de abertura,
seguido pelas narrativas de José Silva, personagem que aos noventa anos relembra
lugares e relacionamentos de sua juventude, ao mesmo tempo em que reflete sobre
a condição humana e a possibilidade de um novo relacionamento.
Celso
Freire nasceu em Coronel
Murta (MG) e recorda sua própria infância ao se apresentar ao
leitor, fazendo uso do estilo emprestado de José Silva (ou seria o contrário?).
“Cresci me lambuzando no pó da terra e tendo nos rios o respaldo para a
limpeza do corpo, a alegria da alma e a água para engrossar o caldo do feijão
no caldeirão. Os arrozais e as hortas brotavam nos brejos à beira do Riacho do
Agachado; as mangueiras floriam próximo às cacimbas do Olho D’água; a areia
queimava na vazante do Córrego do Ouro Fino, e; o Rio Jequitinhonha era um mar
de peixes, pedras e areia: Itaporé”.
É assim, com um texto afiado e com o Vale do Jequitinhonha como cenário, que
Celso Freire instiga o leitor a seguir suas linhas, repletas de gostos e
cheiros, imagens e saudades. E se - como
lembra Arnaldo Jabor, na voz de Rita Lee - amor é mesmo prosa e sexo,
poesia, ao virar a última página de “ O
rio das minhas manhãs” não há como deixar de concordar com Celso Freire: a
vida fica mais bonita quando juntamos amor, poesia, prosa e sexo.
A capa trás pintura da Artista
Plástica Marina Jardim, natural de Rubim, no Vale do Jequitinhonha e residente
em Belo Horizonte.
Trechos:
O dia findou de repente como
num giro de ampulheta. Fez-se noite e desfilamos pelas ruas vazias, bailando
até o hotel, ao som de uma valsa de Strauss
(Johann, o filho): Vozes da
Primavera! Avançamos pelo saguão do hotel Papadopoli
Venezia e assim que cumprimos o último degrau, de escada que levava ao
nosso apartamento, ela me abraçou, por traz, e sussurrou aos meus ouvidos: “quero te amar; vou lamber os seus agridoces
contornos, saliências e tudo mais até me embebedar de você; vou abraçar a sua
alma com ternura... Penetra a minha carne sem dor; chupa a sua amora; vamos
estremecer os alicerces desse casarão, vamos provocar tsunamis nos canais de
Veneza”.
Ainda
Quero
Pular
Pelado
Dentro
Do rio
Que cuidou
De mim
Mesmo
Que o rio
Já não
Seja
O mesmo
Ainda
Que eu
Seja
Outro
Dentro
De mim.
O Autor
Joaquim Celso Freire nasceu em Coronel Murta ,
região do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais , em 1952 e mora em São Paulo desde 1974. É
professor da USCS - Universidade de São Caetano do Sul, onde é também
Pró-Reitor de Extensão. É autor das seguintes obras, também editadas pela Alpharrabio
Edições:
- “Fazendo Poeira” (1997).
- “Versos Avessos”, com Débora de Simas (2004).
- “Políticas Públicas no Vale do Jequitinhonha - a difícil
construção da nova cultura política regional, políticas públicas e
desenvolvimento regional” (2005).
- “Um Silva de A a Z” (2007).
Serviço:
21 de julho de 2012, às 17h30, no espaço “Vale com Valor” -
Praça Duque de Caxias,
97 (Próximo à antiga Prefeitura) ---
ARAÇUAÍ - MG
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