quinta-feira, 19 de julho de 2012

Agua para Todos prevê a construção de 1.168 microbarragens no semiárido mas sertanejos rejeitam poços artesianos em Araçuai


O valor do investimento é de aproximadamente R$ 170 milhões.
Foto: SérgioVasconcelosAgua para Todos prevê a construção de 1.168 microbarragens no semiárido mas sertanejos rejeitam poços artesianos em Araçuai
Durante o encontro, moradores da região do Córrego do Narciso, zona rural de Araçuai, portando cartazes, protestaram contra a construção de poços artesianos
Parceria entre os governos estadual e federal, através do Programa Água para Todos, prevê a construção na região do semiárido mineiro, de 1.168 microbarragens, 600 sistemas simplificados de abastecimento, 9.661 cisternas de placas e 6.368 cisternas de polietileno.


O valor do investimento é de aproximadamente R$ 170 milhões.


Serão beneficiados 85 municípios do semiárido mineiro. Deste total, 35 são do Vale do Jequitinhonha, 49 do Norte de Minas e um do Vale do Mucuri.


Estas serão as ações do Governo de Minas, em parceria com o Governo Federal, através do Programa Água para Todos, visando beneficiar a população de baixa renda que sofre com os efeitos da seca.


Para falar sobre a iniciativa, foi realizado em Araçuai (MG) na quarta-feira 18, o Encontro Estadual do Programa Agua para Todos, promovido pela Secretaria de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas (SEDVAN) e Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.


O encontro aconteceu no Planalto Tênis Clube com a presença de prefeitos do Vale do Jequitinhonha, lideranças comunitárias rurais e dirigentes de organizações não governamentais.


" Já estão depositados na conta do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (IDENE) R$ 60 milhões para executar parte das obras", disse o secretário da SEDVAN, Gil Pereira.


Este dinheiro será para a construção de cisternas de alvenaria, pequenas barragens, cisternas de polietileno e sistema simplificado de abastecimento, totalizando R$ 52 milhões."R$ 46 milhões serão para as obras e o restante, para capacitação de pessoal e pagamento dos projetos", disse Gil Pereira;

Cisternas


As cisternas para captação de água da chuva, teem capacidade de armazenar 16 mil litros de água e são equipadas com uma bomba.

A principio, serão beneficiadas as familias cadastradas no CAD - Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal que identifica e caracteriza as famílias de baixa renda, entendidas como aquelas que têm: renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa ou renda mensal total de até três salários mínimos e que estejam penalizadas pela seca.


Além das cisternas, serão construidas 502 unidades de cisternas tipo calçadão destinadas a armazenar água para os animais e irrigar pequenas lavouras.


De acordo com o cronograma de desembolso das verbas, os convênios deverão ser assinados ainda neste mês de julho com entidades como a Cáritas, ASA, Centro de Agricultura Altenativa de Montes Claros e Centro de Agricultura Vicente de Nica de Boa Ventura.


A construção das microbarragens ficará a cargo da Copasa, executora das obras.


As obras precisam de licenciamento ambiental. " O governador editará decreto de utilidade pública para que o licenciamento seja feito de forma coletiva", afirmou Gil Pereira.

A construção das pequenas barragens poderá atingir Áreas de Preservação Permanente (APPs)

Protestos

Durante o encontro, moradores da região do Córrego do Narciso, zona rural de Araçuai, portando cartazes, protestaram contra a construção de poços artesianos. " A maioria não funciona e está sem água. Estamos passando sede e dividindo a pouca água com os animais

.Desde 2006 prometeram colocar água na nossa região. Até hoje nada. Queremos a canalização da água da barragem do Calhauzinho que está proxima da comunidade e que a água chegue até nossas casas", disse Maria Rosália Pereira, presidente da Associação do Córrego do Narciso. " Estamos vivendo com muito sofrimento", salientou a agricultora. "Não precisamos de cisternas, mas, de barragens", arrematou Maria Rosália.

" O governo federal não deu opção para agente. É pegar ou largar. Nenhuma família ficará sem cisterna", finalizou o secretário da SEDVAN, Gil Pereira.

Sérgio Vasconcelos -Repórter - Gazeta de Araçuaí
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