domingo, 8 de julho de 2012

Mineroduto será construído entre Grão Mogol/Salinas e porto no sul da Bahia

Projeto atende interesse das empresas mineradoras. 

Movimentos sociais querem estrada de ferro por ter menos impacto sócio-ambiental e beneficiar população da região

O projeto faz parte do investimento de cerca de R$ 3,6 bilhões, que inclui a produção de 25 milhões de toneladas de ferro.

Será construído um mineroduto com extensão de 490 quilômetros para levar o minério de ferro de Grão Mogol, no Vale do Jequitinhonha, no  Norte de Minas Gerais, até o Porto Sul, em Ilhéus (BA). O mineroduto será implantado pela Sul Americana Metais (SAM), subsidiaria da Votarantim Novos Negócios (VNN), uma das empresas que investem na exploração mineradora na região. 
Para viabilizar o uso da água no processo produtivo e no mineroduto, a empresa vai construir uma barragem no Rio Vacaria, que nasce no município de Salinas, banha Virgem da Lapa e despeja no rio Jequitinhonha. 
O investimento de construção do mineroduto é de R$ 80 milhões. 
A SAM vai implantar o Projeto Vale do Rio Pardo, que prevê a produção de 25 milhões de toneladas de minério de ferro por ano no município mineiro. O investimento é de cerca de R$ 3,6 bilhões, com possibilidade de um acréscimo de R$ 600 milhões, de acordo com o governo de Minas. 

Nesta semana, executivos da SAM se reuniram com os secretários de Estado de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas, Gil Pereira, e de Desenvolvimento Econômico, Dorothea Werneck, a fim de discutir a formalização de um protocolo de intenções entre o governo e a empresa do Grupo Votorantim. A assinatura do documento deve ser feita no dia 12 de julho.
Desde as primeiras notícias sobre os investimentos na exploração das reservas de minério de ferro no Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha, começou uma discussão em torno do transporte do produto – se ele seria feito por ferrovia ou mineroduto. O próprio governo do estado chegou a anunciar a elaboração de um projeto da construção de um ramal ferroviário, ligando Grão Mogol e Salinas até um ponto mais próximo da Ferrovia Centro Atlântica, possivelmente no município de Monte Azul. Também surgiram especulações em torno da construção do mineroduto, para que a exportação pelo porto que está sendo construído em Ilhéus. A preocupação era de como conseguir água para o escoamento pelo mineroduto, tendo em vista que os municípios da região enfrentam a carência hídrica.

Um problema que a SAM promete resolver com a construção da barragem no Rio Vacaria, que também servirá para atender os pequenos agricultores da região. “Além do empreendimento, serão atendidos 500 propriedades rurais com área até 2 hectares de irrigação”, afirma Dorothea Werneck. O prefeito de Salinas, José Antônio Prates (PTB), considera que a construção do mineroduto é uma boa alternativa para viabilizar a saída do minério de ferro da região. “O meu sonho mesmo era a construção de uma ferrovia, para que pudesse ser usado também o transporte de cargas e de passageiros. Mas não tenho nenhuma objeção ao mineroduto”, assegura. 

“Existe a preocupação em relação a questão da água. No entanto, se a empresa está se propõe a construir a barragem, ela mesmo vai garantir o fornecimento de água e estará dando uma contribuição para a região”, diz o prefeito de Salinas. Ele defende que a mineradora também venha indenizar os proprietários das áreas por onde passar o mineroduto. “A empresa tem obrigação com o desenvolvimento sustentável e social da região”, acrescenta Prates, que entende que os prefeitos da região também devem ser convidados para a assinatura do protocolo de intenções com a SAM, visando à implantação do empreendimento.


Fonte: Estado de Minas, com algumas alterações

Leia mais aqui:
mineroduto-cria polêmica no Vale do Jequitinhonha-norte de minas


Comentário:
A melhor solução para os municípios e desenvolvimento da região seria a construção de ferrovia. Esta era a proposta dos municípios e movimentos sociais. Os impactos ambientais do mineroduto é muito maior e traz menos benefícios para a população.
Porém, as lideranças políticas como José Prates, prefeito de Salinas, pouco esforço fazem para garantir os desejos da população. E já mudou de opinião sendo favorável ao mineroduto. Ou seja, se rendeu aos interesses das empresas mineradoras.
Um Conselho de controle social de Taiobeiras tem a seguinte posição:


Sou presidente do CMDCA _ Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Taiobeiras - MG. Tenho certeza de que o minério será uma evolução para a nossa região. Problemas vamos ter, pois toda mudança mexe nas coisas que estão sólidas, mas o que não temos para ceder as mineradoras é nossa escassa água, o maior tesouro do nosso futuro. Que gaste o dobro numa ferrovia, mas o que não podemos aceitar são nossos bolsos cheios de dinheiro e nossas crianças no futuro comprando água.
Vamos refletir antes que aconteça.
Hélvio L. Araújo

É por estas e por outras que grandes projetos na nossa região estouram nossas riquezas e permitem aos grandes grupos econômicos obterem riquezas incomensuráveis. O povo que se ferre. Nem mesmo seus representantes políticos e econômicos o defendem.
Mineroduto em toda parte do mundo é tido como um projeto altamente destrutivo dos recursos naturais. A proposta de beneficiar 500 agricultores familiares é um balela. Um mentira descarada. A quantidade de água utilizada é impressionante. Nossos parcos recursos de água, nesta região semi-árida será diminuída e utilizada contra os interesses de agricultores familiares da região que clamam por pequenas barragens em microterritórios, facilitando a irrigação, a produção solidária e o abastecimento humano. 

Acontecerá o mesmo que ocorreu com a construção da Barragem de Irapé. Prometeram que iria eletrificar todo o Vale do Jequitinhonha, que teria projeto de irrigação no lago e geraria milhares de empregos até mesmo na operação da Hidrelétrica. Falácia. Nada disso aconteceu. Quem questionou o projeto era contra o progresso. A CEMIG usa nossos recursos naturais e nem redução na tarifas para consumidores da região ela permite.

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