Relojoeiro e Relíquias de Família
Em Itinga, no Médio Jequitinhonha, nordeste de Minas, há mais de 30 anos, o filho do relojoeiro terminou os estudos e foi seguir os passos do pai. Começou pelos despertadores e, só depois de dominar todas aquelas pequenas engrenagens, passou para os relógios de pulso.
Em 1968, José Silva Rego Filho decidiu tentar a vida na capital e logo se instalou numa relojoaria no centro de Belo Horizonte. Assim como a cidade, o ofício foi mudando muito e com muita velocidade.
“A todo dia aparecem novos recursos e funções, os mecanismos se modernizam e tem sempre alguma inovação. É preciso se manter informado , estudando, aprendendo a se reciclar sempre”, explica.
O mercado também é outro; “Relógios eram verdadeiras relíquias; tesouros de arte passados de pai para filho por várias gerações. Hoje, são acessórios descartáveis por R$ 10 que tem fim junto com a bateria ou com a moda da estação. Não se manda para o relojoeiro, e sim para o lixo. O serviço só vai diminuindo e não tarda a acabar, junto com velhos relógios de parede que sobraram das famílias”.
Nenhum dos cinco filhos quis aprender o ofício e ele revela que nunca teve um aprendiz a quem delegar a continuidade que aprendeu com o pai. Pensa muito em parar de trabalhar, mas só por cansaço, nunc apor desgosto. “Se voltasse no tempo não escolheria outra profissão. Seria sempre relojoeiro, é o que faço com amor”.
Do Informativo Bem Informado, do IEPHA, de Março de 2011.
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