terça-feira, 13 de outubro de 2009

"Os sonhos não envelhecem", nem se acabam

Os sonhos não morrem
Sonhos são fenômenos tipicamente humanos,
ligados a desejos, explícitos ou não.

A gente sonha, dormindo, acordado ou sonâmbulo.
Sonho se sonha só, com o outro ou com muitos.

Sonho fica no esconde-esconde da nossa alma,
ou explícito no mapa da mão, na nossa palma.

Ele está no inconsciente, reprimido, adormecido,
na luta consciente, no rosto da gente, ardor vivido.

Nada se faz na vida sem sonho.
Ele tem muitos nomes:
projeto, meta, objetivo,
devaneio, loucura, fantasia,
utopia, profecia, poesia.


O sonho acumula, individualiza, escraviza e quer se realizar no cifrão,
mas se humaniza, socializa, procura o encontro na partilha do pão.

O sonho que nasce e cresce,
frutifica no peito de quem padece,
e de quem faz e acontece.

Grandes sonhos não são feitos por mortais,
mas por aqueles que permanecem eternos, imortais.

Inventaram o sonho de consumo,
criou-se o shoppingcenter para consumo do sonho.

Os sonhos não estão aqui, nem acolá,
nem se realizam completamente, no presente, nem no futuro.
É processo, sem tempo e lugar.

O sonho metamorfoseia-se, marca encontro com a utopia.

Realiza-se aos poucos, nos pedaços da vida:
no pão de mel, no sonho de verão, no orgasmo com espasmos.

No cuidado do amor, no nascimento e crescimento dos filhos,
na criação, trabalho, transformação ou conservação,
procura e achado dos trilhos.

Ou se afirma no coletivo:
nas conquistas econômicas, sociais e políticas,
na expansão astronômica, descobertas científicas,
afirmações místicas.

Sonhos estão na esquina, no cruzamento da vida com o mundo,
na fantasia, de menino ou menina,
no cotidiano, em toda a história ou no segundo.

Sonhos
“não se adiantam”
“não envelhecem”
nem se acabam.

PS: Quem vive o som, vive o son...ho. Pedro Morais canta na música “Pedro vai...” que “os sonhos não se adiantam”. Lô Borges e Milton Nascimento - consagrados músicos da MPB - entoam no “Clube da Esquina 2” que “os sonhos não envelhecem”.
Bastou John Lennon anunciar que “o sonho acabou”, na separação dos Beatles, para provocar uma profusão de novos sonhos. Ele próprio explicou melhor, mais tarde, em 1980: “Faça seu próprio sonho...”. Pessoal ou coletivo, o sonho tem o tamanho e importância para cada um e que, na história, se manifesta coletivamente.
Este texto foi escrito em 01.05.08, em Montes Claros. Resolvi publicá-lo, a pedido de alguns amigos que se sentiram alentados, vivificados, ao lê-lo. Espero o mesmo efeito com outras pessoas. Se assim for, bacana. Se não...
Al-Banu Silveira Machado

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