No romance “1889 – Como um imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor injustiçado contribuíram para o fim da monarquia e a proclamação da República no Brasil“, o jornalista Laurentino Gomes traz à tona a história de uma bandeira brasileira praticamente desconhecida. Além do símbolo da monarquia, ela estampava uma estrela vermelha.
O fato aconteceu em 17 de novembro de 1889, dois dias depois da queda do imperador Dom Pedro II. Na ocasião, o cruzador Almirante Barroso, da Marinha Brasileira, numa expedição que previa a volta ao mundo em menos de dois anos, estava atracado no porto de Colombo, capital do Ceilão (atual Sri Lanka). 
O comandante Custódio José de Melo recebeu um telegrama notificando-o da Proclamação da República e dos procedimentos a serem adotados em relação à bandeira imperial hasteada na embarcação. A informação era clara: a coroa nela desenhada deveria ser substituída por uma estrela vermelha até que a nova bandeira republicana fosse entregue à tripulação, o que, de acordo com o especialista Tiago José Berg, só aconteceria 5 meses mais tarde, em 8 de abril de 1890.
Mas por que uma estrela vermelha? 
Porque na época esse era um símbolo com significado bem diferente do atual. Se hoje a estrela costuma ser associada à Revolução Russa (1917), aos regimes comunistas do século XX ou, no caso brasileiro, ao Partido dos Trabalhadores, naquele tempo ela era uma representação republicana. 
A cor vermelha ganhou esse sentido depois da Comuna de Paris, lembrando a cor tradicional do barrete frígio, típico chapéu utilizado pelos revolucionários franceses de 1789. 
Em solo brasileiro, a estrela vermelha já havia sido utilizada pelos líderes da Conjuração Baiana ou Revolta Popular dos Alfaiates, em 1798, um movimento republicano reprimido pela Coroa de Portugal, metrópole do Brasil naquele período. Os quatro principais líderes foram executados em praça pública.