Carlos Mota*
Quando ergueram o Sobradão,
O prédio mais alto do mundo,
Arranhando o céu profundo,
E organizaram a inauguração,
Uma festança foi prometida
Com muita comida e foguetão
E uma missiva foi expedida
Ao Imperador da Nação!!!
O prédio mais alto do mundo,
Arranhando o céu profundo,
E organizaram a inauguração,
Uma festança foi prometida
Com muita comida e foguetão
E uma missiva foi expedida
Ao Imperador da Nação!!!
Da Corte do Rio de Janeiro
Dom Pedro mandou a resposta
Dizendo ao povo fanadeiro
Que aceitava a proposta
De entrar como cavaleiro
Por aquela enorme porta
E de subir todo faceiro
Por aquela escada torta!
Dom Pedro mandou a resposta
Dizendo ao povo fanadeiro
Que aceitava a proposta
De entrar como cavaleiro
Por aquela enorme porta
E de subir todo faceiro
Por aquela escada torta!
Mas um Zé Bustica de então,
Assim que leu a resposta,
Rindo, quase caiu de costas:
“Mas que mentira danada,
Cavalo lá sobe escada???
Eita povo cabeça de bosta!
Que Dom Pedro, mané nada
Vai cumprir a sua aposta!?
Assim que leu a resposta,
Rindo, quase caiu de costas:
“Mas que mentira danada,
Cavalo lá sobe escada???
Eita povo cabeça de bosta!
Que Dom Pedro, mané nada
Vai cumprir a sua aposta!?
E Zé Bustica tinha razão
Pois no dia aprazado
De Pedro vir ao Fanado,
Começou a confusão:
Ele não cumpriu o combinado
De inaugurar o Sobradão
Deixando o povo frustrado
Com aquela “senducação”!
Pois no dia aprazado
De Pedro vir ao Fanado,
Começou a confusão:
Ele não cumpriu o combinado
De inaugurar o Sobradão
Deixando o povo frustrado
Com aquela “senducação”!
Mais de um século era passado,
Minas Novas entrou em festa,
Com muito foguete e seresta
E o prefeito foi lembrado
Daquela antiga promessa
Que Pedro em seu reinado,
Muito levado da breca,
Deu o cano no Fanado...
Minas Novas entrou em festa,
Com muito foguete e seresta
E o prefeito foi lembrado
Daquela antiga promessa
Que Pedro em seu reinado,
Muito levado da breca,
Deu o cano no Fanado...
Duzentos e cinquenta anos
A cidade ia completar
E aí entrou nos planos
Doutor Murilo convidar,
O tal general Figueiredo
Pro Sobradão inaugurar
Trotando naqueles lajedos
E as escadas cavalgar.
A cidade ia completar
E aí entrou nos planos
Doutor Murilo convidar,
O tal general Figueiredo
Pro Sobradão inaugurar
Trotando naqueles lajedos
E as escadas cavalgar.
E aquele general-presidente,
Que preferia cavalo a povo,
Pois não gostava de gente,
Respondeu urgentemente:
“Diga ao povo que eu aprovo
E podem fritar leitoa e ovo
Pois irei inaugurar o Sobrado
Num bom cavalo arreado.”
Que preferia cavalo a povo,
Pois não gostava de gente,
Respondeu urgentemente:
“Diga ao povo que eu aprovo
E podem fritar leitoa e ovo
Pois irei inaugurar o Sobrado
Num bom cavalo arreado.”
Minas Novas, daquele tempo,
Bem diferente de agora,
Só tinha cavalo perebento
Machucado pelas esporas
Num deles o General montou
E desceu pela rua afora
Mas no Sobradão empacou
E feito uma metralhadora
Muitos peidos ele soltou
Que o povo se assustou
Correu e foi-se embora!!!
Bem diferente de agora,
Só tinha cavalo perebento
Machucado pelas esporas
Num deles o General montou
E desceu pela rua afora
Mas no Sobradão empacou
E feito uma metralhadora
Muitos peidos ele soltou
Que o povo se assustou
Correu e foi-se embora!!!
Não sei que presidente,
Se civil ou se arbitrário,
Que lá estará presente
No nosso Tri-Centenário
Que se dará brevemente...
Mas espero que ele consiga
Finalmente inaugurar
Nem que seja uma pocilga
Para o povo se acalmar
E parar com essa briga
De Dom Pedro reclamar !!!
Se civil ou se arbitrário,
Que lá estará presente
No nosso Tri-Centenário
Que se dará brevemente...
Mas espero que ele consiga
Finalmente inaugurar
Nem que seja uma pocilga
Para o povo se acalmar
E parar com essa briga
De Dom Pedro reclamar !!!
*Carlo Mota é, desde abril de 1955, natural de Minas Novas. Bacharel em Direito, pela UFMG, técnico administrativo concursado e, depois, Procurador da República na Previdência Social. Foi deputado federal (2003-2007), autor de projeto de lei da criação da UFVJM.
Escreveu o livro "Dicionário Fanadês- Jequitinhonhês-Mineirês - Linguagem falada às margens do Rio Fanado e Adjacências". Aposentado, morando em Sítio, nos arredores de Brasília, cidade onde fixou moradia há 30 anos, danou-se a escrever causos e mais causos de Minas Novas, de adjacências e longinquidades, de todo o Vale do Jequitinhonha. Em breve, promete publicar outro livro.
O Sobradão
O Sobradão é o símbolo cultural da histórica cidade de Minas Novas, no Alto Jequitinhonha, no nordeste de Minas. O povo da cidade tem um carinho especial pelo edifício, inspirador de muitos causos, pois, até hoje, não se sabe pra que função foi construído.
O prédio foi construído em 1821 e é um dos mais originais exemplares de arquitetura do período colonial.
Formado por um bloco de construção, com quatro pavimentos, estrutura em madeira e taipa, suas dimensões eram incomuns para a época. A fachada considerada como principal apresenta quatro portas de loja no térreo, em vergas alteadas e vedação tipo calha. Nas laterais, há mais 59 janelas, três portas de loja e a porta principal de acesso aos andares superiores, de altura incomum, atingindo o segundo pavimento.
Apesar de todas as pesquisas realizadas, não se apurou qual a destinação inicial do prédio. Sabe-se, entretanto, que ele já teve função pública em Minas Novas, como sede do Fórum da Comarca.
Quando o Deputado Gabriel de Paula Fonseca, em 1856, apresentou à Assembléia Geral do Império, projeto de lei propondo a criação da Província de Minas Novas, o Sobradão foi indicado para ser aproveitado como o Palácio do Governo. A Província, de acordo com o projeto apresentado, abrangeria parte do território do Sul da Bahia e do Norte-Nordeste de Minas Gerais, sendo capital a antiga Vila do Fanado, hoje Minas Novas.
Eme 1730, o arraial passou à categoria de Vila de Nossa Senhora do Bom Sucesso de Minas Novas do Araçuaí ou Vila do Bom Sucesso do Fanado de Minas Novas, pertencente à Capitania da Bahia,nos planos administrativo, militar e eclesiástico. Em 13 de maio de 1757, o território foi incorporado ao Governo da Capitania de Minas.
O Sobradão foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPHAN, em 1959. O prédio foi reformado no anos de 1952, 1961, 1972 e 1980.
Hoje, o seu andar térreo é utilizado para exposição de artesanatos locais e regionais, além de servir como sede da Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo.
Os outros andares não são ocupados por nenhuma atividade devido ao estado de precariedade de sua estrutura física e falta de segurança.
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