quarta-feira, 30 de abril de 2014

Pedra Azul quer comunidade terapêutica para usuário de droga

O prefeito de Pedra Azul, Daniel Pures de Oliveira Costa, garantiu que vai ceder um imóvel para abrigar a comunidade terapêutica.

Foto: Willian DiasPedra Azul quer comunidade terapêutica para usuário de droga
Reivindicação foi apresentada em reunião realizada pela ALMG no município
Moradores de Pedra Azul (Vale do Jequitinhonha) querem a implantação de uma comunidade terapêutica para combater o tráfico e o uso de drogas na cidade e na região

. Esta foi a principal reivindicação apresentada durante audiência pública da Comissão de Prevenção e Combate ao uso de Crack e outras Drogas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada na cidade nesta terça-feira (29/4/14).


Autor do requerimento para a reunião, o deputado Neider Moreira (PSD) foi um dos que endossou a ideia e apresentou requerimento para que a Subsecretaria de Estado de Políticas sobre Drogas tome as providências para responder a essa demanda.

Por sua vez, o subsecretário Cloves Benevides se comprometeu a captar recursos para a implantação da unidade.


O deputado Tadeu Martins Leite (PMDB), que coordenou os trabalhos, também se comprometeu a trabalhar para atender ao pedido.

Ele lembrou que a região do Jequitinhonha não conta com nenhum equipamento de saúde destinado ao tratamento dos dependentes de drogas, que precisam recorrer a outras cidades e até outros Estados para se tratar.


O prefeito de Pedra Azul, Daniel Pures de Oliveira Costa, garantiu que vai ceder um imóvel para abrigar a comunidade terapêutica.


O 2º tenente da Polícia Militar José Roberto Teixeira revelou que apenas este ano foram presos nove traficantes e mais de 60 pedras de crack, números considerados preocupantes para uma cidade com cerca de 25 mil habitantes.


O presidente da Federação de Comunidades Terapêuticas Evangélicas do Brasil, pastor Wellington Antônio Vieira, advertiu para a necessidade de se garantir recursos para o custeio desse tipo de instituição. "Alguém tem que manter esta comunidade”, explicou.

Ele afirmou que o trabalho com o usuário de drogas tem que ultrapassar o combate ao vício e garantir também a reinserção social do ex-dependente. Wellington sugeriu que seja criado o Conselho Municipal Antidrogas, que facilitaria a implantação de uma política pública de combate aos entorprecentes e a implantação da comunidade terapêutica.


Wellington Vieira afirmou que a droga que mais causa problemas é o álcool, e lamentou que o Governo do Estado incentive a produção e comercialização de cachaça.

O pastor defende que os tributos arrecadados com bebidas alcóolicas sejam utilizados no tratamento de dependentes.
Envolvimento da sociedade é considerado fundamental
Autoridades concordam com a necessidade de mudança na política de segurança pública
Autoridades concordam com a necessidade de mudança na política de segurança pública
Autoridades concordam com a necessidade de mudança na política de segurança pública - Foto: Willian Dias
Muitos participantes da audiência pública defenderam maior envolvimento da sociedade para combater o crescimento do uso de drogas.


O deputado Neider Moreira disse que as drogas estão atingindo diretamente as famílias e toda a sociedade. “Precisamsos conversar mais sobre nós, compreender que o Estado é responsável por determinadas questões, mas é necessária a participação de cada um de nós trabalhando de maneira pró-ativa para melhorar a sociedade na qual vivemos”, justificou.

Ele também cobrou um novo modelo de segurança pública e lamentou o fato de que 60% dos assassinatos registrados no Estado estão relacionados ao uso ou tráfico de drogas.


O subsecretário Cloves Benevides concordou com a necessidade de mudança na política de segurança pública e revelou que os 17 mil quilômetros de fronteira seca brasileira não são devidamente vigiados para evitar a entrada de droga no País. “O Brasil não produz drogas, que vêm de outros países. É preciso uma ação de repressão mais estruturada", defendeu.


A presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente de Pedra Azul, Indiana Ribeiro da Silva Capuchinho, disse que é preciso exigir das famílias o trabalho de base e apoio aos usuários.

Ela sugeriu, ainda, uma parceria entre o poder público e organizações não governamentais que já desenvolvem trabalhos de recuperação de dependentes, mas que sofrem com a falta de recursos.


Trabalho voluntário de militar é exemplo na região


Abrão Junior, cabo da Polícia Militar de Itaobim, cidade vizinha de Pedra Azul, faz um trabalho voluntário de recuperação de drogados que tem apresentado resultados muito satisfatórios. Um desses jovens, Douglas Rocha Ramalho, 30 anos, apresentou seu relato durante a audiência pública.


Douglas usou crack por sete anos e há dois conseguiu abandonar o vício com o apoio do militar. O cabo Abrão se dedica a esse trabalho há 15 anos em 30 cidades da região. Segundo ele, cerca de 4 mil pessoas já foram atendidas, mais de 700 pessoas foram recuperadas e duas mil estão em atendimento. “Muitas acabaram se recuperando e se mudaram, e já não tenho mais notícias delas”, ponderou.


O cabo Abrão também é enfermeiro e fez muitos cursos de especialização em recuperação de drogados, a partir do contato com eles no Proer – programa educativo realizado pela PM nas escolas.

Ele conta com a ajuda de voluntários em cada município que atua e agora está se dedicando a conseguir recursos para implantar uma comunidade terapêutica no município vizinho de Coronel Murta.

Por enquanto ele tem que recorrer a municípios distantes do Jequitinhonha e até em Estados como Rio de Janeiro, Bahia e Espírito Santo para buscar tratamento para os dependentes de quem cuida.


Além do tratamento para abandonar o vício, o militar oferece todo apoio para o usuário, para a retomada do emprego e também de atividades educacionais, culturais e físicas.

Fonte:ALMG

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