LAVANDO ALMAS

Coral das Lavadeiras de Almenara lavam as almas dos que assistem suas apresentações.

Adriana Miranda Padilha

Coordenadora Pedagógica na Escola Municipal José Madureira Horta, em B.Horizonte.

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Na quinta-feira, dia 20 de março, me arrumei pra assistir o show de Carlos Farias e Coral das Lavadeiras de Almenara no Sesc Palladium, aqui em Belo Horizonte. Chegando lá, percebi um ambiente acolhedor, amigos e desconhecidos que comungavam da mesma expectativa, uma noite de emoções!

Já no início da apresentação percebi que a noite seria mesmo de muitas emoções. As Lavadeiras entrando como em uma procissão, cantando e louvando São Benedito e Nossa Senhora. Cada uma trazendo elementos que juntos formaram um altar que tinha como base uma tábua de passar roupa. Quanta sensibilidade de Beatriz Farias valorizando as coisas simples que de fato retratam a vida daquelas mulheres!

A apresentação continuou com as lavadeiras cantando e encantando com as músicas que traduzem a sabedoria popular daquele povo. A pureza das letras, a brancura das roupas, a valorização do trabalho na fala das lavadeiras, juntamente com talento e carisma de Carlos Farias e sua banda formaram um ambiente acolhedor. Percebi uma generosidade enorme de Carlos Farias ao focar a atenção, o tempo todo, nas lavadeiras. Hora nenhuma ele quis brilhar mais que elas, que sensibilidade!...Podia sentir pelo calor da platéia que a emoção daquele momento trazia uma leveza a nossa alma!

O Coral das Lavadeiras de Almenara e Carlos Farias trazem consigo uma bagagem do cotidiano de uma gente simples, que trabalha e tem orgulho do que faz. Nas letras das canções, o resgate das cantigas de roda, da religiosidade, das músicas apreendidas das avós, que perpassam gerações e continuam emocionando. Vi naquele momento que não precisamos de muito pra sermos felizes, basta saber perceber, valorizar o simples da vida. Que lição!

Fui achando que ia assistir a um show musical e na verdade a minha alma foi lavada por mulheres que cantam e sabem com a simplicidade que lhes é peculiar celebrar a vida! Que Deus abençoe a todos que nos proporcionaram esses momentos de LUZ!

Sugerido por Marília Jardim, professora em Contagem, nativa de Itaporé, Coronel Murta, no Médio Jequitinhonha, nordeste de Minas.