Pesquisadores de Universidade do Vale criam aparelho para tratar água com ozônio
No Vale do Jequitinhonha e norte de Minas, dificuldade para encontrar água pode ser minimizada com invenção
O gás de ozônio, normalmente associado às notícias alarmantes sobre o aumento no buraco da camada que protege o planeta Terra, apareceu desta vez como solução para um problema que pode ser cada vez mais recorrente no futuro: a falta de água limpa.
Em uma região que sofre com o problema da distribuição e escassez do líquido, pesquisadores mineiros da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) desenvolveram um novo aparelho usando o gás de ozônio como alternativa para a limpeza da água.
A garantia de recursos hídricos de boa qualidade poderá avançar nos próximos anos com a ampliação do método desenvolvido na universidade mineira. De produtos químicos usados nas lavouras até materiais orgânicos despejados nos rios, a eliminação dos resíduos poluentes de forma eficiente e ambientalmente correta pode transformar a vida de muitas pessoas, em um futuro próximo.
A conclusão do protótipo no início do ano foi um passo decisivo para a expansão do método de tratamento com o ozônio, mas ainda serão necessários outros estudos para que a descoberta possa ser colocada em prática.
“Este processo poderá ajudar muito as pequenas comunidades que sofrem com a falta de água. Aquelas que dependem da captação de chuva, por exemplo, podem ter mais qualidade nos abastecimentos. No entanto, é preciso que haja energia elétrica à disposição e investimentos em estrutura. Com várias aplicações possíveis, será preciso achar maneiras de adaptar a invenção às necessidades das pessoas”, explica o pesquisador do Departamento de Química da UFVJM, Leonardo Morais da Silva.
Os trabalhos do pesquisador começaram em 1999, com objetivo de descobrir formas mais eficientes no tratamento da água por meio do processo de ozonização. O incentivo veio da realidade local, aonde a falta de água potável é um problema para grande parte das comunidades rurais dos vales do Jequitinhonha e do Mucuri, a exemplo do que ocorre em várias localidades do Nordeste brasileiro, que no período de seca têm os sistemas de abastecimento prejudicados.
“A preocupação com a qualidade e controle da água que chega para a população é uma necessidade urgente e o interesse em assegurar recursos de boa qualidade deve ser cada vez maior no futuro. É importante que a ciência entre cada vez mais nesste campo”, acrescenta Morais da Silva.
Para garantir retorno e novos investimentos nas pesquisas da universidade, em março a equipe de pesquisadores mineiros entrou com pedido de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), tendo com parceira na invenção do aparelho a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapemig).
A expectativa é de que em dois anos os cientistas consigam uma carta-patente para poder explorar a invenção. O uso inicial deve ser destinado ao setor farmacêutico, que precisa usar uma água ultrapura no desenvolvimento de novos remédios e materiais.
O novo método atraiu interesse de empresas do setor, já que a limpeza da água poderá ser financeiramente mais viável, uma vez que pode ser feita em ambiente fechado, diferentemente do processo que utiliza o cloro.
Além do uso nas indústrias químicas o método pode encontrar espaço também para a desinfecção de piscinas e outros setores da indústria.
O que nos interessa: Meio simples e viável
As pesquisas para descobrir métodos de uso do gás de ozônio para limpeza da água não são novidade entre os departamentos de química dos principais centros de pesquisa no mundo, no entanto o pioneirismo mineiro está na forma de extração do ozônio a partir da água.
“Em outros países já existem trabalhos nessa área, em busca de aperfeiçoar o uso do ozônio. Na Suíça, foi desenvolvido um reator que aplica o processo, porém o método utiliza metais nobres e acaba sendo uma atividade muito cara. Nosso modelo conseguiu um meio mais simples para realizar o sistema, pegando a água contaminada com matéria orgânica de qualquer natureza e aplicando o gás para separar as sujeiras presentes no líquido”, afirma Leonardo Morais da Silva.
Hoje, para conseguir água de qualidade, muitas vezes são adotados métodos de tratamento por meio da cloração, usando o cloro para eliminar vermes mais nocivos à saúde. No entanto, o gás químico é apontado como prejudicial ao ser humano quando associado a outros resíduos também despejados na água.
“Usando o gás ozônio não corremos o risco de gerar subprodutos nocivos para as pessoas. O processo é ecologicamente correto, com impactos menores para o meio ambiente e garantia de uma água mais limpa”, diz o pesquisador
Marcelo da Fonseca, em 17/09/2011, no Estado de Minas, a partir de dica do Avança Jequi, no Face Book.
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