Invasão chinesa gera desemprego na indústria têxtil
Fábrica de Diamantina demitiu 100 trabalhadores e tem 1/3 dos tecelões com licença remunerada O operador de máquina Juliano Felício, de 46 anos de idade, foi funcionário da tecelagem Romulo Franchini, em Diamantina, por duas décadas. Hoje, desempregado, engrossa a estatística dos trabalhadores do setor têxtil que veem as vagas no segmento secarem ano após ano. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho revelam que, no primeiro semestre de 2011, o saldo de empregos com carteira assinada do setor, no Brasil, foi de 17,2 mil postos, o que representa uma queda de 67% sobre o mesmo período de 2010.
Em Minas, houve 42.835 admissões na indústria têxtil em 2011. O problema é que as demissões ficaram quase no mesmo patamar: de janeiro a agosto, 40.879 trabalhadores foram dispensados. O saldo positivo de 1.956 postos de trabalho não se repete em todo o Estado. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, por exemplo, a diferença é negativa em 474 vagas. Entre os motivos para os cortes de pessoal está a queda da produção, devido à invasão de produtos chineses e ao dólar baixo, que deixa menos rentáveis as exportações.
“Fiquei 20 anos na fábrica e, agora, além de estar sem emprego, também perdi minha saúde. Sair da fábrica e não ter perspectiva alguma contribuiu para que eu tivesse um infarto”, lamenta Felício. Após permanecer durante cinco dias no CTI de um hospital, Juliano tenta sobreviver com o benefício que recebe do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), pois ainda não está em condições de voltar a procurar emprego.
A mulher e os dois filhos de Felício também eram funcionários da fábrica, que, a partir do segundo semestre de 2010, demitiu 100 dos 250 funcionários. Terezinha Silva Felício, de 49 anos, trabalhou na tecelagem de Diamantina durante 14 anos e conta que hoje sobrevive fazendo pequenos bicos, pelos quais recebe R$ 30. “Não temos outras indústrias na região e não consigo trabalho todos os dias. Quando consigo dou graças a Deus”, afirma.
O setor têxtil e de confecções do Brasil é o quinto maior do mundo, representa 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e é o segundo maior empregador da indústria de transformação nacional, só perdendo para as de alimentos e bebidas. Reune mais de 30 mil empresas que empregam 1,7 milhão de pessoas diretamente. No ano passado, o setor faturou US$ 52 bilhões, mas registrou um déficit de US$ 3,5 bilhões em sua balança comercial, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).
Todo esse poder de fogo não está sendo suficiente para fazer frente aos importados asiáticos. China, Índia e Indonésia são os principais exportadores de produtos têxteis para o Brasil. Com custo de produção muito menor, a pressão das importações oriundas desses países sobre o setor tem sido sentida ao longo de toda a cadeia produtiva, da indústria de tecidos até as confecções.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Tecelões de Belo Horizonte e Região, Carlos Roberto de Carvalho Malaquias, por causa da crise, o setor vem demitindo desde o ano passado “Se pensarmos que cada posto de trabalho na indústria têxtil gera quatro empregos indiretos, o número de demitidos devido às importações é bem maior do que mostram as estatísticas”, diz.
Assim como no restante do país, na fábrica de Diamantina, a perspectiva não é das melhores: dos 150 empregado que ainda mantiveram o posto, 50 estão em licença remunerada. “Caso os estoques da fábrica não entrem em um patamar aceitável, novas demissões podem voltar a acontecer”, revela o gerente industrial, Álvaro Palhares Diniz.
Fundada em 1959, a fábrica, então chamada Antonina Duarte, chegou a empregar cerca de 500 pessoas, segundo o historiador Wiliam Splanger. “Nos tempos áureos da tecelagem no Estado, a fábrica operava em três turno”, diz . O historiador avalia que a tecelagem tem importância econômica e social para Diamantina.
Leia reportagem completa aqui: chineses-e-desemprego-na-industria-textil
Fábrica de Diamantina demitiu 100 trabalhadores e tem 1/3 dos tecelões com licença remunerada O operador de máquina Juliano Felício, de 46 anos de idade, foi funcionário da tecelagem Romulo Franchini, em Diamantina, por duas décadas. Hoje, desempregado, engrossa a estatística dos trabalhadores do setor têxtil que veem as vagas no segmento secarem ano após ano. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho revelam que, no primeiro semestre de 2011, o saldo de empregos com carteira assinada do setor, no Brasil, foi de 17,2 mil postos, o que representa uma queda de 67% sobre o mesmo período de 2010.
Em Minas, houve 42.835 admissões na indústria têxtil em 2011. O problema é que as demissões ficaram quase no mesmo patamar: de janeiro a agosto, 40.879 trabalhadores foram dispensados. O saldo positivo de 1.956 postos de trabalho não se repete em todo o Estado. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, por exemplo, a diferença é negativa em 474 vagas. Entre os motivos para os cortes de pessoal está a queda da produção, devido à invasão de produtos chineses e ao dólar baixo, que deixa menos rentáveis as exportações.
“Fiquei 20 anos na fábrica e, agora, além de estar sem emprego, também perdi minha saúde. Sair da fábrica e não ter perspectiva alguma contribuiu para que eu tivesse um infarto”, lamenta Felício. Após permanecer durante cinco dias no CTI de um hospital, Juliano tenta sobreviver com o benefício que recebe do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), pois ainda não está em condições de voltar a procurar emprego.
A mulher e os dois filhos de Felício também eram funcionários da fábrica, que, a partir do segundo semestre de 2010, demitiu 100 dos 250 funcionários. Terezinha Silva Felício, de 49 anos, trabalhou na tecelagem de Diamantina durante 14 anos e conta que hoje sobrevive fazendo pequenos bicos, pelos quais recebe R$ 30. “Não temos outras indústrias na região e não consigo trabalho todos os dias. Quando consigo dou graças a Deus”, afirma.
O setor têxtil e de confecções do Brasil é o quinto maior do mundo, representa 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e é o segundo maior empregador da indústria de transformação nacional, só perdendo para as de alimentos e bebidas. Reune mais de 30 mil empresas que empregam 1,7 milhão de pessoas diretamente. No ano passado, o setor faturou US$ 52 bilhões, mas registrou um déficit de US$ 3,5 bilhões em sua balança comercial, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).
Todo esse poder de fogo não está sendo suficiente para fazer frente aos importados asiáticos. China, Índia e Indonésia são os principais exportadores de produtos têxteis para o Brasil. Com custo de produção muito menor, a pressão das importações oriundas desses países sobre o setor tem sido sentida ao longo de toda a cadeia produtiva, da indústria de tecidos até as confecções.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Tecelões de Belo Horizonte e Região, Carlos Roberto de Carvalho Malaquias, por causa da crise, o setor vem demitindo desde o ano passado “Se pensarmos que cada posto de trabalho na indústria têxtil gera quatro empregos indiretos, o número de demitidos devido às importações é bem maior do que mostram as estatísticas”, diz.
Assim como no restante do país, na fábrica de Diamantina, a perspectiva não é das melhores: dos 150 empregado que ainda mantiveram o posto, 50 estão em licença remunerada. “Caso os estoques da fábrica não entrem em um patamar aceitável, novas demissões podem voltar a acontecer”, revela o gerente industrial, Álvaro Palhares Diniz.
Fundada em 1959, a fábrica, então chamada Antonina Duarte, chegou a empregar cerca de 500 pessoas, segundo o historiador Wiliam Splanger. “Nos tempos áureos da tecelagem no Estado, a fábrica operava em três turno”, diz . O historiador avalia que a tecelagem tem importância econômica e social para Diamantina.
Leia reportagem completa aqui: chineses-e-desemprego-na-industria-textil
Fonte: Izamara Arcanjo - Do Hoje em Dia - 18/09/2011 , com a dica do Passadiço Virtual
Nenhum comentário:
Postar um comentário