sábado, 5 de março de 2011

Morre um dos mentores do ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente

Morre Antonio Carlos Gomes da Costa, um dos mentores do ECA
Professor era um dos principais defensores dos direitos infanto-juvenis e participou ativamente da aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Faleceu na manhã da sexta-feira, 04.02, em Belo Horizonte (MG), o pedagogo Antônio Carlos Gomes da Costa, um dos principais colaboradores e defensores do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Autor de diversos livros e artigos em defesa defesa e promoção dos direitos do público infanto-juvenil, publicados no Brasil e no exterior, Antônio Carlos participou intensamente do grupo que redigiu o ECA e que também atuou junto ao Congresso Nacional para sua aprovação. Logo depois, atuou também na sanção presidencial, feito que, segundo ele, foi sua maior realização, como cidadão e educador.

O professor atualmente exercia o cargo de diretor-presidente da Modus Faciendi, consultoria que prestava serviços a diversas instituições do Terceiro Setor, entre elas a Fundação Telefônica e o Instituto Ayrton Senna.

A vida de educador de Antônio Carlos Gomes da Costa teve início ao lecionar no ensino supletivo e, depois, no ensino regular dos antigos 1º e 2º graus, atuais ensinos Fundamental e Médio, há mais de 25 anos. Com o tempo, tornou-se dirigente e técnico de políticas públicas para a infância e juventude, tendo experiência em diferentes órgãos governamentais e não governamentais.

O Professor dirigiu a Escola-Febem Barão de Carmargos, em Ouro Preto, foi oficial de projetos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e representou o Brasil no Comitê dos Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra (Suíça). Colaborou na elaboração da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança.

No mês passado, Antônio Carlos escreveu o que viria a ser seu último artigo para o Portal Pró-menino, falando sobre os desafios do ECA até 2020. Neste artigo ele deixa sua mensagem de luta ao escrever:

“(...)meu primeiro artigo de 2011, pode ser resumido numa palavra de ordem de sólida objetividade: ATACAR! ATACAR! ATACAR! Se não fizermos isso, em vez de construir o futuro, passaremos a terceira década do ECA e, talvez o resto do século, nos defendendo de um fantasma que nada tem de camarada”. Ele finaliza o artigo com seu contagiante otimismo destacando que temos pela frente uma década de “esperanças para nós, brasileiros”.

A Ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, recebeu com pesar a notícia do falecimento do professor. "Seu falecimento é uma perda inestimável para o movimento dos direitos da infância. Antônio Carlos Gomes da Costa foi um educador brilhante e teve um papel singular para a construção de um futuro melhor para as nossas crianças e adolescentes. Defendeu arduamente a promoção e defesa dessa parcela da população que representa o amanhã", declarou a Ministra em nota publicada no Portal Direitos Humanos.

Ao lamentar a perda do amigo de luta, a Secretária Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente e vice-presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), Carmen Silveira de Oliveira, afirmou que o professor deixa dois grandes legados: "o estatuto da criança e do adolescente e a aposta de que a educação é capaz de mudar a trajetória daqueles que chegaram ao ato infracional".

O Portal Direitos da Criança e do Adolescente e a Rede ANDI Brasil comungam do sentimento de pesar de todos os defensores da infância e adolescência, tendo a certeza que os ideais que o professor defendeu continuarão vivos e sendo um referencial para todos que trabalham pelas crianças e adolescentes brasileiros. Promover o ECA e torná-lo uma realidade no país é a maior homenagem que todos emos fazer a este educador.
Fonte: http://www.direitosdacrianca.org.br Foto: Pró-menino


Vá com Deus, professor!
Recebo com pesar a morte do professor Antônio Carlos. Trabalhei com ele, em 1981. Desenvolvemos trabalho parceiro na FEBEM, quando me formava em Psicologia.
Foi através dele que conheci os grandes educadores do mundo. Já conhecia Paulo Freire. Ele nos referenciou com o russo Anton Makarenko e o francês Celestin Freinet. Ambos pregam uma pedagogia pelo trabalho, pelo labor.
Suas influências e confluências na educação se davam na vida, com trabalho e respeito pela cidadania de crianças, adolescentes e jovens.
Deixou uma obra educacional bem maior que a que se encontra em seus livros.
Está na vida e no coração de famílias de jovens da periferia do sistema anti-humano, das regiões pobres do Brasil e do mundo.
Era um ativista pela educação. Suas salas de aula eram no mundo dos mais necessitados de apoio e carinho; nos guetos da exploração infantil; nos subúrbios da vida.
Sua luta era junto aos apartados da riqueza material, procurando riqueza humana, social e cultural.

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