segunda-feira, 7 de março de 2011

CARNAVAL: A MÁSCARA E O ROSTO

CARNAVAL: A MÁSCARA E O ROSTO A palavra "carnaval" deriva do latim “carnem levare” que quer dizer abstenção de carne. É o período que antecipa a quarta-feira de cinzas, data em que se inicia a Quaresma. Durante a quaresma os cristãos católicos são convidados a fazer a abstinência de carne.

O movimento carnavalesco surgiu aproximadamente na Idade Média. É um evento de festividades populares que ocorrem em muitos países do mundo. Embora centrado no disfarce (os bailes de máscaras), na música e na dança a folia apresenta qualidades distintas variando em cada região.

Pode-se perceber que a compreensão antiga de carnaval não é a mesma de hoje. Observamos com lentes de aumento que o carnaval de hoje é definido como “liberdade” e possibilidade de viver numa ausência fantasiosa e utópica de miséria, trabalho, obrigações, compromissos e deveres.

Este é o tempo de burlar todas as regras éticas e morais; assim cada um pode fazer suas próprias regras. Cai-se assim num profundo relativismo. Resumindo, é o momento onde se pode deixar de viver a vida como um fardo, um castigo.

Tudo isso é no fundo compreendido como uma oportunidade de poder realizar tudo ao contrário. Viver e ter uma experiência do mundo como excesso de prazer, de luxo, de alegria e de risos efêmeros que finalmente estão ao alcance de todos.

O carnaval tornou-se a festa do egoísmo e da concupiscência, onde cada um procura satisfazer suas próprias vontades. O outro é visado apenas como um produto a ser consumido. O pensar que “posso tudo” dia-a-dia, ganha força neste período do ano. Sai o uniforme, entra a fantasia. Tudo pelo prazer e pela sensação de liberdade momentânea que a maior festa do ano oferece.

Nestas pequenas mônadas cheias de prazer e alegria, as pessoas deixam assuntos vitais em segundo plano. Sob a justificativa do bordão “é carnaval”, fatos relevantes são deixados de lado, desprezando e marginalizando assim pessoas e fatos que nos cercam.

A grande massa nos impede de enxergar e sentir a alegria contagiante de cada pessoa. O hedonismo (o prazer como supremo bem da vida humana) aflora e toma conta das mentes e dos corações destes foliões que foram criados para o amor, criados para ser a “imagem e semelhança de Deus” no meio dos outros. As máscaras impedem-nos de enxergar o verdadeiro rosto, de olhar face a face e sentir o verdadeiro calor humano.

Fomos criados e revestidos por uma dignidade humana e divina. Dignidade esta que deixamos de lado como se fosse um acessório que podemos usar ou não de acordo com a conveniência.

Neste tempo, muitos sonhos são banidos para sempre por fazermos o uso incorreto da liberdade que Deus nos confiou. Tantos se perdem por procurar o que está dentro de si. Muitos rostos vistos e esquecidos por quem busca somente o prazer pelo prazer. E demasiadas juras de amor que duram alguns instantes.

Tudo isso não quer dizer que o carnaval deve ser banido para sempre da história. Entretanto, devemos participar de maneira sadia, de modo que não agrida a si nem ao outro. Certamente há pontos positivos de convívio, diversão expressão cultural e harmonia. Devemos, portanto, preservar estes momentos valiosos.

A nossa missão está voltada para uma ética pessoal que nos faz procurar e encarnar o bom, e para uma ética social, que nos faz servir ao outro, e não servir-se do outro. “O impacto dominante dos ídolos do poder, da riqueza e do prazer efêmero se transformaram, acima do valor da pessoa em norma máxima de funcionamento e em critério decisivo na organização social” (DA, 387).

Não destruamos nosso futuro e possibilidades em poucos dias de folia. O carnaval passa, a vida continua, e deve ser vivida com qualidade.

Gritemos como Martin Luther King “I have a dream” (eu tenho um sonho) e lutemos para alcançá-lo. Não esquecendo daquilo que realmente é bom, belo e justo aos olhos de Deus. Somos templo onde Deus habita. Onde ele quer agir por meio do diálogo, do amor e da cumplicidade.

Sejamos testemunhas da presença irradiante de Jesus no meio da sociedade. Coloquemo-nos como instrumentos do Pai para a conversão dos irmãos. Um proveitoso carnaval a todos!

Autor: Seminarista Hedivan Júnior
diocesedearacuai.com.br

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