segunda-feira, 21 de março de 2011

Salinas:Produtores de cachaça quer aumentar negócios e garantir tradição

Salinas:Produtores de cachaça querem aumentar negócios e garantir tradição
Os produtores de cachaça de Salinas, Vale do Jequitinhonha/norte de Minas, parecem estar se dando conta de que é possível manter seus segredos e trabalhar em conjunto para expandir as vendas de seus produtos.


É essa a proposta da Associação dos Produtores Artesanais de Cachaça de Salinas (Apacs) que foi criada há 17 anos e hoje já possui 26 associados. "É uma maneira de dividir custos e alavancar o negócio de pequenos produtores", explica Nivaldo Neves, Presidente da Apacs.

Dos 26 associados, um é fornecedor de equipamentos para a produção de cachaça e outros dois são os chamados "estandardizadores" - aqueles que engarrafam e colocam a marca. Dos 23 produtores há apenas um de grande porte e um de médio porte. A estimativa é que todos os associados juntos produzam cerca de 5 milhões de litros de cachaça por ano.

Além de serem majoritariamente pequenos produtores, outra característica marcante dos membros da Apacs é que todos têm suas fábricas registradas no Ministério da Agricultura. Com isso a associação pretende não apenas manter todos seus produtores regularizados, como ainda criar um selo de procedência:
"Nós estamos fazendo um processo de indicação de procedência que vai garantir aos nossos consumidores uma autêntica cachaça de qualidade da região de Salinas", explica Nivaldo.


O projeto do selo está sendo avaliado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e, caso seja aprovado, o selo terá validade internacional.

Se o selo permite a expansão das vendas e o combate à produção informal - existem produtores dos municípios vizinhos que usam o nome de Salinas e não têm suas fazendas registradas no Ministério da Agricultura - ele ainda não dá conta de um problema muito conhecido pelos brasileiros: os impostos excessivos.
"Há uma discrepância entre o IPI da cachaça de alambique e o IPI da cachaça industrial. Nós pagamos, no mínimo, R$ 1,31 por garrafa enquanto uma cachaça industrial paga R$ 0,20", explica Nivaldo, lembrando que em muitos casos o IPI significa mais de 10% do custo final do produto.

Todos os produtores da Apacs produzem em alambiques de cobre, o que é uma marca da tradição das cachaças de Salinas, sempre ligada ao pequeno agricultor familiar. E mesmo com os impostos a Associação tem projetos para expandir em até 40% a produção da cachaça nos próximos cinco anos.


Nivaldo destaca que a capacidade instalada dos membros da Apacs é muito maior que a produção atual. O que eles estão buscando agora são parcerias com pequenos produtores de cana para fornecer a matéria-prima para as fábricas. Isso, é claro, sempre primando pela qualidade que o cuidado dos produtores ajudou a manter ao longo dos anos.

Preservar essa agricultura familiar é o que buscam tanto o poder público quanto os produtores organizados do município. O desafio pode não ser fácil, principalmente quando se busca expandir para novos mercados, inclusive internacionais. Mas não falta disposição para enfrentá-lo.
Afinal de contas Salinas percebeu como é bom manter-se referência.



UFMG/Pólo Jequitinhonha

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