CEM DIAS DOS GOVERNOS DILMA E ANASTASIA
Dilma tem sorte como seu padrinho. Tomou, nesses 100 dias, várias decisões na área econômica que em qualquer outra situação teria levantado as elites contra seu governo: afetou empresários (aumento da taxa SELIC), centrais sindicais (salário mínimo), parlamentares e prefeitos (corte do orçamento em obras que darão votos no próximo ano).
Contudo, negociou cargos e recursos com a base aliada e a calou. Também vazou que os cortes de obras municipais seriam feitas em julho ou dezembro e não no final deste mês como havia sido anunciado. Se verdade ou boato, os prefeitos preferiram aguardar.
A oposição não consegue ir além de um discurso de vinte minutos na tribuna do Senado. Convenhamos, discurso em tribuna de parlamento atrai pouca atenção da classe C, a classe formadora de opinião em nosso país. A grande imprensa está apaixonada por Dilma. Quase beirando a tietagem. A pequena imprensa continua abastecida, Brasil afora, com artigos e verbas federais.
Dilma, então, tem direito a fazer discurso pelos direitos humanos, mesmo quando as entidades historicamente vinculadas ao tema criticam a ausência de medidas concretas. Mas, em dia de país feliz, a versão e o espetáculo são mais importantes que o fato.
Já Anastasia tem uma vida um pouco mais difícil que Dilma, embora sejam irmãos siameses na concepção de governo. Fortaleceu Danilo de Castro, Secretário de Governo, o que alimentou a disputa interna em seu partido, tendo Nárcio Rodrigues, outro Secretário, e tucano de alta plumagem, como principal pivô.
Aproximou-se cautelosamente dos sindicatos de funcionalismo público, mas tem agora uma oposição mais composta, com o bloco PT-PCdoB-PMDB batendo duro na Assembléia Legislativa.
Colhe dados impressionantes de recuperação da economia mineira. O problema é que a grande imprensa mineira não consegue fazer análise e só repercute dados oficiais. É fato que o PIB mineiro cresce acima da média nacional. Mas onde estava o PIB com a crise dos EUA? Enfim, MG foi o Estado que mais foi afetado pela crise aberta em 2008 o que faz seu patamar de recuperação partir de um nível muito baixo.
Também não se analisa que a dependência externa do Estado não se altera. E que a média salarial é irrisória se comparada com Estados com PIB próximo do mineiro. Temos problemas
estruturais graves na economia mineira, toda baseada em commodities de baixo valor agregado.
Contudo, com uma oposição oficial mais organizada, Anastasia sofre com denúncias que haviam sumido das páginas dos jornais mineiros em tempos de governador Aécio Neves.
Cem dias não dizem nada e é um emblema criado nos EUA.
Mas ajudam a tentar criar cenários e observar as primeiras tendências. Nada mais que isto.
Cem dias não dizem nada e é um emblema criado nos EUA.
Mas ajudam a tentar criar cenários e observar as primeiras tendências. Nada mais que isto.
No caso, o governo Dilma dança ao som de uma conjuntura política das mais favoráveis.
Já Anastasia, procura driblar uma conjuntura externa mais tensa que a de seu antecessor.
Como se percebe, não é exatamente mérito dos dois governantes se o cenário é mais ou menos favorável.
É mérito de outros atores.
Análise do cientista político Rudá Ricci, no Blog de Esquerda em Esquerda
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