sábado, 30 de abril de 2011

UFMG se transforma em vitrine para o artesanato do Jequitinhonha

UFMG se transforma em vitrine para o artesanato do JequitinhonhaReconhecida como um dos espaços que melhor acolhem a cultura do Norte de Minas, a tradicional Feira de Artesanato do Vale do Jequitinhonha volta a ocupar a Praça de Serviços, no campus Pampulha, entre os dias 2 e 7 de maio.

Em sua 12ª edição, o evento abrigará peças produzidas por artesãos de duas etnias indígenas e homenageará a paneleira Dona Zizi e a fiandeira Dona Geralda, duas mestras que lutam para perpetuar seus ofícios.

A fama já ultrapassou – e muito – as fronteiras demarcadas pelo Rio Jequitinhonha. Na mão de homens e mulheres habilidosos, barro, taboa e madeira dão forma a esculturas, trançados, cerâmicas, panelas, bonecas, moringas e tigelas, materializando uma das mais belas expressões culturais da região. Mas, mesmo com todo esse prestígio, os artesãos encontram dificuldades para expor suas peças e vendê-las a um preço justo.

Uma exceção nesse cenário é a tradicional Feira de Artesanato do Vale do Jequitinhonha, que este ano chega à 12ª edição. Será realizada na próxima semana, entre 2 e 7 de maio, numa promoção da Pró-reitoria de Extensão (Proex), do Programa Polo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha e da Diretoria de Ação Cultural (DAC), reunindo, na Praça de Serviços, 42 associações de artesãos de 25 cidades do Vale. Só no ano passado, os expositores lucraram cerca de R$ 100 mil com as vendas.
Dentre as novidades, destaque para a participação de artesãos de duas etnias indígenas, Aranã e Pataxó-Pankararu, de Araçuaí. “Isso dará visibilidade ao trabalho artesanal realizado por eles, além de reforçar a presença indígena no campus”, afirma

Tecelagem
Terezinha Furiati, coordenadora do Artesanato Cooperativo, ligada ao Programa Polo, e que trabalha na organização do evento. Outra inovação da edição de 2011 é a montagem de um espaço especial para artesãos reconhecidos do Vale.

Entre os convidados, Ulisses Mendes, de Itinga, a família de Dona Isabel, de Santana do Araçuaí, e Lira Marques, de Araçuaí.

O artesão João Alves, de Taiobeiras, é uma das estrelas da Feira. Suas esculturas em argila já foram premiadas pela Unesco e expostas em Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

No caso da capital mineira, ele produziu 40 peças que ficaram em exposição no Palácio da Liberdade. “Elas representam o folclore de Minas, um retrato da nossa cultura”, conta o artesão, que participa da feira desde a primeira edição e hoje integra a Associarte, entidade que, segundo ele, tem papel importante na valorização de seu trabalho. “Graças a ela faço vários contatos e aprendo muito com os outros artesãos”, argumenta.

Além do artesanato, a música do Jequitinhonha também invadirá a Praça de Serviços, com shows diários.
Na segunda feira, dia 2, haverá apresentação do Coral Água Branca, de Itinga;
na terça, 3, Volber e Gilmar; na quarta, 4, o Grupo Sarandeiros e, na sexta, 6, a Banda Terceira Margem, de Montes Claros, sempre às 12h30.
Na quinta-feira, dia 5, às 17h30, haverá homenagem às mestras de ofício Elzi Gonçalves Pereira e Geralda Leite Sena e show de João di Souza e Chico Lobo.
A entrada é franca.

De fios e panelas
Elas guardam e, na medida do possível, tentam garantir que as novas gerações aprendam ofícios ameaçados de extinção. Por causa dessa dedicação, as mestras Elzi Gonçalves Pereira, a Dona Zizi, e Maria Geralda Leite Sena, a Dona Geralda, serão as homenageadas da 12ª Feira de Artesanato do Jequitinhonha
Artesã Elzi Gonçalves Pereira

Dona Zizi, de 78 anos, é a última paneleira de Guaranilândia, distrito de Jequitinhonha. Ainda criança, começou a produzir panelas, potes, moringas, gamelas com ferramentas muito simples: um pilão, um pedaço de couro, algumas pedras e uma pequena faca. Uma confecção completamente artesanal, que exige dedicação, observação e muita habilidade. Com o advento dos utensílios de alumínio, as panelas de barro perderam seu espaço. No entanto, a mestra não desanima e continua ensinando o trabalho, agora para os netos.

Artesã Geralda Leite Sena
Nascida em 1927, em Francisco Badaró, dona Geralda iniciou-se no ofício ainda menina, por influência da mãe fiandeira. Dedicou toda a sua vida ao algodão, sem nunca ter se desviado do trabalho. Seu saber foi repassado e compartilhado com filhos, amigos e vizinhos. Hoje, com quase 84 anos, ela ainda fia. Pouco, pois a saúde a impede de trabalhar como antes. Mas em Francisco Badaró o prestígio da fiandeira é inabalável. Para a comunidade, “fios iguais aos de Dona Geralda não tem, são fios muito finos”. Fruto de uma técnica que ela desenvolveu e aperfeiçoou durante toda a vida, com paciência e mãos firmes.

Fonte: Boletim Semanal da UFMG / Nº 1735 – Ano 37 - 25.04.2011/Formato Virtual

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