Saulo Laranjeiras, Elomar, Xangai e Giramundo no Palácio das Artes
Auto da Caatinga mostra saga do sertão baiano. O Vale do Jequitinhonha se mira no espetáculo musical
O Grande Teatro do Palácio das Artes, em BH, recebe nos dias 16 e 17 de abril, sábado e domingo, o espetáculo O Auto da Catingueira, de Elomar Figueira Mello.
A apresentação comemora os 40 anos de escrita do auto e terá ainda a gravação de um DVD. Junto de Elomar sobem ao palco Saulo Laranjeira, Xangai, Dercio Marques, Luciana Monteiro e os músicos João Omã, Marcelo Bernardes e Ocelo Mendonça, além da participação dos bonecos do Grupo Giramundo.
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Escrito em cinco atos, O Auto da Catingueira é construído em linguagem dialetal, que é mescla da expressão regional nordestina com a preservação ibérica, no sertão baiano. Narra a saga de Dassanta, pastora de cabras, de seu mundo real e mítico, e das paixões que inspirou, com sua beleza que “matava mais qui cobra de lagêdo”. A peça original foi gravada em LP em 1983 na mítica Casa dos Carneiros.
A partir daí se tornou popular pelas rádios, na voz e instrumentos de intérpretes como Mônica Salmaso, Elba Ramalho, Quinteto da Paraíba, Paulo Moura, entre outros.
Saulo Laranjeiras foi influenciado pela arte de Elomar Figueira de Mello.
O Auto da Catingueira
Dividido em 5 atos, ou cantos, o Auto da Catingueira relata o amor de Dassanta pelo tropeiro Chico das Chagas, humilde cantador da região que canta os costumes de sua terra e de seu tempo. Cada Canto fala por si: o 1º, Da Caatingueira, conta o nascimento de Dassanta. O 2º, Dos Labutos, descreve seus trabalhos de mulher. O 3º, Das Visage e das Latumia, desfila o universo do invisível e do mal assombrado que habita o imaginário da caatinga. O 4º Canto, Do Pidido, revela os desejos e vaidades de Dassanta, na partida de Chico para a cidade; e Desafio (5º Canto e último) recria a trágica disputa por seu amor entre Chico contra o ladino e experiente Cantador do Nordeste, conhecedor de todas as armas dos estilos de Cantoria. A disputa musical acontece numa festa em noite de lua cheia, e o equilíbrio entre os contedores leva os acontecimentos às últimas consequências.
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Elomar Figueira Mello
Elomar Figueira Mello vem das barrancas do Rio Gavião, na caatinga baiana, e é artista reconhecido desde os anos de 1970, pelo universo “sertanez” divulgado em sua música. O Auto da Catingueira é a primeira das 11 peças/óperas musicais de Elomar.
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Elomar compôs também 11 antífonas, quatro “galopes estradeiros”, 12 peças para violão solo, uma sinfonia e três concertos para solista e orquestra. É autor de mais de 80 canções, a maioria delas já gravadas por ele e por diversos outros intérpretes de expressão nacional. Foi inspirado nele que o cartunista Henfil criou seu personagem Bode Orelhana.
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“Tenho uma missão a ser cumprida,“ afirma Elomar. “A tradição oral me trouxe do meu bisavô, que contou os fatos ao meu avô, que me contou e hoje eu conto para os meus filhos, que amanhã contarão para os filhos seus. Com isso é assegurada a preservação da história e dos acontecimentos. Numa sociedade tradicional, como a catingueira, a herança é oral e depositada em olhos e memórias privilegiadas. Esta é a missão do cantador.”
Serviço
Evento: O Auto da Catingueira
Data: 16 e 17 de abril Horário: sábado às 21h, domingo às 19h
Local: Grande Teatro Valor: R$ 30,00 (inteira), R$ 15,00 (*meia-entrada). Duração: 2h Classificação etária: livre Informações: (31) 3236-7400
Um comentário:
Ter um compositor de ópera vindo do Sertão é algo que nos faz orgulhar de nossa gente "brasilêra". São temas sensacionais com música bem trabalhadas, escritas por um mestre. Fina arte.
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