sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Sou normal, gosto de Carnaval!


Carlos Mota*

Para mim a vida só tem sentido se for bem vivida. 
E o bem viver pressupõe prazer! 

O SER HUMANO, segundo Nietzsche, não procura prazer apenas eventualmente. Ele procura prazer o tempo todo. Mas como não encontra uma fonte que lhe forneça prazer o tempo todo, a natureza o forçou a se tornar inventor de seu próprio prazer. 

Se somos privados de prazer, o TÉDIO toma conta de nossa vida, nos consome e nos mata. Por isso, fugimos do tédio o tempo inteiro e, fugindo dele, é que procuramos uma excitação que, se não for encontrada, tem que ser inventada. Somos, assim, um animal que brinca! 

A MÚSICA, por exemplo, é uma invenção nossa e que entretém os nossos afetos. Aliás, não é sem razão a importância dada à música ao longo da história da humanidade, seja no mecenato, seja na manutenção de orquestras, na construção de suntuosos palácios musicais, seja, enfim, no destaque dado às celebridades da música, infinitamente maior ao dado a quaisquer outros seres humanos, dentre eles governantes, cientistas, etc.

Entre todas as artes, a música é para mim tão essencial como o comer, o beber e o prazer sensual, sobretudo pelo fato de ela - a música - ser o melhor remédio contra o tédio, esse algo pavoroso, onde vivemos o instante como passagem vazia do tempo.

"A arte ajuda a viver porque senão a vida não sabe o que fazer quando assaltada por sentimentos de ausência de sentido."

Que me desculpem os que dizem não gostar de Carnaval! 
Não gostar de cantos, danças e festas, pois são ruins da cabeça ou doentes dos pés! 

De minha parte, adoro uma folia e é nela que me livro de tudo de ruim que, ao longo do ano, não dei conta de me livrar.

Estando o Brasil sob a égide da ODIOCRACIA, implantada de dois ou três anos para cá, nada melhor para combatê-la do que se esbaldar na folia, coisa que até mesmo os sisudos, negocistas e utilitaristas paulistas e paulistanos resolveram finalmente adotar. 

Vamos aproveitar, pois a vida não se resume a saldos bancários e contracheques!




Carlos Mota é folião dos bons dos antigos carnavais de Minas Novas, sua terra natal. Foi um dos fundadores do Bloco Patota, em 1975, que deu origem ao famoso carnaval do trio elétrico, a partir de 1981. Junto com Dalton Magalhães, compôs a música do Bloco.

Afora isso, é também Bacharel em Direito pela UFMG, Procurador da República aposentado, ex-deputado federal (PSB - MG, 2003-2007). Como deputado federal foi autor do projeto de lei que criou a UFVJM - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Mora em Brasília, há cerca de 30 anos. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário