domingo, 3 de julho de 2011

MINEIROS NA CAPITAL PAULISTA

Povo do Vale na cidade de São Paulo
Migrantes em quadro de Cândido Portinari, pintor brasileiro do século XX

A migração do Estado mineiro para a capital paulista não tem número tão expressivo como para o interior do Estado. No entanto, é um número significativo embora tenha caído de 17% para 12% nas ultimas décadas. Diferente da migração sazonal direcionada à zona canavieira a ida para a região metropolitana de São Paulo configura quase como que uma mudança efetiva para outro estado; em alguns casos se torna realmente definitiva.

Talvez pelo Vale do Jequitinhonha estar posicionada geograficamente bem próxima ao estado da Bahia e pela influencia cultural entre outros fatores, os mineiros dessa região são confundidos com nordestinos e também passam pelas mesmas dificuldades na capital paulista:

PROBLEMAS DE HABITAÇÃO
A maioria se aglomera nos bairros periféricos, causando o inchaço dessa população pouco beneficiada de infra-estrutura habitacional, dificuldades de locomoção, serviços básicos de saúde e educação.

EMPREGO
A sua grande maioria está locada na mão de obra da construção civil e serviços domésticos, o que também não o diferencia dos migrantes do norte e nordeste do país. A renda média desses migrantes é entre R$ 500 a R$ 1.200 mensais. O custo de vida muito alto na capital afunila essa renda, fazendo com que muitos tenham esses ganhos apenas para subsistência.


EDUCAÇÃO
Com a implantação do PROUNI alguns jovens trabalhadores ou filhos deles conseguem ingressar na universidade, mas a capital tem índices pouco positivos na educação básica (médio e fundamental). Isso traz conseqüências futuras aos filhos desses migrantes submetidos a este tipo de ensino, como conta o estudante de jornalismo Anderson Batista (24), filho de migrantes mineiros da cidade de Comercinho, no Vale do Jequitinhonha, nordeste de Minas:



“o ensino fundamental e médio aqui (S.PAULO) pouco se difere da média nacional; a possibilidade de ingresso direto na faculdade apenas com o básico da escola é praticamente impossível”.

O estudante conta também que precisou entrar num curso preparatório para tentar o vestibular o que para ele atrasará em um ano sua formação acadêmica.

“Trabalhava como ajudante de pedreiro e o que eu ganhava era apenas pra pagar o cursinho pré-vestibular”. Afirma Anderson.


Para os estudantes que não conseguem bolsas ou a inclusão numa universidade pública a situação se torna complicada. Um em cada quatro alunos nas universidades privadas desistem do curso na região metropolitana de São Paulo, aponta estudo das próprias instituições de ensino superior.
A taxa de evasão, de 27%, representa um aumento de 14%; a maior proporção de desistência registrada na década.


A carga de trabalho é geralmente entre seis e 10 horas, mais o tempo que leva para a locomoção da casa para o trabalho e do trabalho para casa dificulta o acompanhamento dos pais no desenvolvimento escolar dos filhos.

O SONHO DE VOLTAR PARA A TERRA DE ORIGEM
A maioria dos migrantes que deixa o interior mineiro vem para a capital paulista com o sonho de equilibrar-se financeiramente e um dia retornar para sua terra natal. Mas, muitas vezes o sonho se torna uma desilusão, considerando as várias dificuldades geradas no convívio na grande metrópole. Muitos acabam criando raízes com a constituição de família e com os baixos salários que por vezes impossibilitam até mesmo um simples passeio de férias nas suas cidades de origem. Alguns nunca mais retornam.



Edinaldo Soares. Publicado no Blog do Tim, de Chapada do Norte

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