quarta-feira, 27 de julho de 2011

Coronel Murta: Associação fabrica produtos ecológicos


Coronel Murta: Associação fabrica produtos ecológicos
Sérgio Vasconcelos, Repórter
Eles já ouviram falar que Belo Horizonte deu seus primeiros passos para ser ecologicamente correta, proibindo o uso de sacolinhas plásticas. Souberam que supermercados e padarias de algumas cidades mudaram rotinas e apostam na preocupação com o meio ambiente



Enquanto põe a mão na massa, colocam o papo em dia e pensam no futuro, vão tecendo sacolas, mochilas, estojos escolares, porta-níqueis, capa de proteção para cadernos, pochetes, carteiras de bolso, entre outros souvenirs. Um detalhe: tudo é feito a partir de material reciclável, roupas usadas, tec-tell, entre outros Associação tem mais de 70 participantes, moradores de Freire Cardoso, distrito de Coronel Murta

No meio do sertão do Vale do Jequitinhonha, uma associação comunitária formada por homens, mulheres e jovens está dando uma lição. Ajudar a proteger o meio ambiente e, através disso, aumentar a renda familiar em uma região onde há poucas oportunidades de trabalho.

Desde abril, quando a lei municipal proibindo o uso das sacolinhas plásticas entrou em vigor em Belo Horizonte, os membros da associação já começavam a costurar a idéia de produzir sacolas ecológicas

É em um pequeno salão na praça principal do Distrito de Freire Cardoso, a 20 km de Coronel Murta, que todos se encontram para trabalhar.

Adolescentes participam de oficinas de serigrafia

“Podemos produzir por dia, 100 estojos escolares e de 50 a 100 mochilas, além de uma infinidade de sacolas para supermercados e comércio em geral”, comemora Adilson Fonseca Santos, o Adilson Fonsanm , 46 anos. Natural de Coronel Murta ele ficou 33 anos distante de sua terra natal. Percorreu estradas, morou 5 anos no Paraguai, 2 no Paraná, 3 em Ponta Porá e por último em São Paulo onde deixou família para se reencontrar com suas raízes. Ele gosta de dizer que já foi de tudo um pouco: modelo, tecelão, representante comercial, fabricante de roupas mas o que lhe enche o peito de orgulho é saber que está contribuindo com a mudança na vida de dezenas de pessoas como instrutor do curso que inclui noções de serigrafia, corte industrial e simples, designer de bolsa e modelagem das peças. “ É o passo a passo. Estamos com excesso de alunos mas não temos maquinário nem espaço para receber todo mundo”, lamenta Fonsanm”

O curso acontece de segunda a sexta-feira com 8 horas diárias. A prefeitura é responsável pelo pagamento do instrutor.
A associação tem 10 máquinas e aguarda com ansiedade a liberação de um recurso aprovado pelo PCPR para aquisição de duas máquinas de costura reta e costura pesada para fazer bolsas de tecido grosso e mochilas, uma máquina de bordar e um computador


Estão envolvidas 76 pessoas no projeto, com idade a partir de 14 anos. “ A maioria é jovens que nunca tiveram contato com máquinas como Roberto Sidney Alves, 14 anos: “Gosto de fazer mochilas”, diz o adolescente que há dois meses no projeto, já tem habilidade para produzir peças.
Costureiras se dedicam com carinho às tarefas de produção solidária



Maria Aparecida Faria de Jesus, 43 anos, é membro da associação e está no curso há 45 dias. “ Antes só sabia costurar com agulha de mão. Nunca tinha pegado numa máquina industrial. Minha vida mudou porque estou me sentindo capaz de fabricar coisas incríveis”, comemora a dona de casa mostrando estojos escolares que ela fez a partir de alguns pedaços de plásticos encontrados no lixo.

Esperança e garra fazem parte da história da associação

A associação Comunitária de Desenvolvimento Rural de Freire Cardoso, foi criada há dois anos e meio.


“ Na época não tinha nem um centavo. Pedi roupas usadas e fizemos um bazar. Com um lucro da venda das roupas e dinheiro de um bingo e de um leilão, legalizamos a associação. Fiquei sabendo das sobras de recursos, em torno de R$ 10.400,00 do Programa de Combate à Pobreza Rural (PCPR). Corri atrás. Ninguém acredita que compramos todas estas máquinas. Agente não tinha espaço para colocar e o prefeito Leno Moutinho nos ajudou pagando o aluguel deste salão aqui. O contrato já está vencendo mas tenho esperança que vamos encontrar outro lugar”, comemora Marluce de Fátima Barbosa Murta, presidente da entidade, acrescentando que “ se não fosse o apoio da prefeitura a associação já estaria fechada”.
Produtos da Associação feitos pelos participantes das oficinas


Hoje, para ela, a maior dificuldade é encontrar o local definitivo para instalar as máquinas.

Encomendas podem ser feitas pelo telefone xx- 33.3735.20.07 ou pelo e-mail marlucevivi@hotmail.com

“ Estamos preparados para atender lojas, supermercados, escolas e instituições”, comemoram os membros da associação.



Postado no Gazeta de Araçuaí, por Sérgio Vasconcelos

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