Jornal Valor
"Ninguém me molda mais", afirma Aécio
Raquel Ulhôa | De Brasília
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) faz hoje seu primeiro discurso de posicionamento político da tribuna do Senado, no qual pretende avaliar os primeiros 100 dias do governo Dilma Rousseff, mostrar as contradições do PT, resgatar a importância da gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, apontar problemas que ameaçam a economia e, por fim, lançar uma agenda de propostas para o país.
Há grande expectativa na oposição em relação ao discurso, feito num momento em que o governo comemora a aprovação de 73%, registrada em pesquisa CNI/Ibope divulgada na sexta-feira. Espera-se que Aécio - hoje principal esperança do PSDB para voltar ao governo em 2014 - estabeleça as diretrizes para a ação oposicionista no Congresso.
Aécio rebate as críticas de que demorou muito a se posicionar em relação ao governo Dilma. "Sou juiz do meu tempo. Ninguém me molda mais. Ninguém ache que exercerei uma oposição passiva, mas vou fazer o que considero certo, do modo certo e da forma adequada", afirmou.
O discurso de Aécio terá, segundo ele, três pilares. O primeiro é o reconhecimento das melhorias vividas pelo Brasil, mas enfatizando que elas não seriam possíveis sem as medidas tomadas por FHC. Vai defender o programa de privatizações e o lançamento do programa de reestruturação do sistema financeiros (Proer), lembrando que o PT foi contra.
A intenção é fazer um "resgate pontual", lembrando que o PT fez um oposição muito dura ao governo tucano em questões fundamentais. Aécio tentará mostrar que o governo do PSDB foi "vital para que o governo Lula tivesse os resultados que teve".
O segundo pilar do discurso será citar o que o senador tucano considera "contradições do PT". Vai analisar as dificuldades na economia, os gargalos não enfrentados, o inchaço da máquina pública, e os problemas que o Brasil começa a enfrentar, de acordo com sua previsão, como inflação. A intenção é "mostrar que o Brasil não é tão cor de rosa como pintam".
Por fim, Aécio vai apresentar propostas para o país, nas áreas tributárias, da saúde e da federação - fortalecimento dos municípios e Estados. Fiel a seu estilo conciliador, em busca de manter diálogo e trânsito com todos os partidos, Aécio vai pedir apoio para as propostas que vai apresentar, que considera importantes para o país.
A aprovação do governo Dilma, apontada pela pesquisa CNI/Ibope, é vista pelo senador como "natural", já que ela sucedeu um governo que tinha popularidade alta e a está mantendo.
O discurso de Aécio faz parte da tentativa de recuperação do PSDB, abatido pela terceira derrota nas eleições presidenciais. A necessidade de o PSDB se reposicionar no cenário nacional foi discutida na reunião dos oito governadores tucanos em Belo Horizonte, na sexta-feira, que em algumas partes contou com as presenças do presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PE), de Aécio e outras lideranças do partido.
Foi discutida a dificuldade nas eleições presidenciais, embora o partido tenha eleito oito governadores de Estados importantes, localizados em todas as regiões, o que faz com que governe 1/3 da população e 50% do PIB, mas perdeu novamente para o PT.
O cientista político Antonio Lavareda apresentou plano de ação para revitalizar o PSDB, com base em alguns pressupostos: democratização da vida partidária interna, recrutamento de lideranças na sociedade para se filiar e disputar eleições, definir três ou quatro ideias principais como bandeiras, ter maior inserção nos movimentos sociais e adotar uma comunicação moderna e eficiente.
Lavareda propôs a realização de pesquisas para orientar a ação do comando partidário - a eleição da nova executiva está marcada para maio e um conselho político deverá ser criado.
O plenário do Senado deve lotar de senadores e deputados do PSDB e do DEM, especialmente. O presidente do PSDB mineiro, deputado Marcus Pestana, está mobilizando a militância e os aliados no Estado para assistirem ao pronunciamento pela TV Senado. "Vamos espalhar que amanhã, às 15 horas, na TV Senado, Aécio fará importante pronunciamento sobre o país e o papel das oposições", disse. Pestana afirmou que, no discurso, o senador vai "aumentar o tom contra o PT".
Publicado no Luis Nassif On line
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