terça-feira, 12 de abril de 2011

Diamantina: Polícia Federal flagra trabalho escravo na extração de quartzo

Diamantina: Polícia Federal flagra trabalho escravo na extração de quartzo


Em cumprimento à ordem judicial, agentes públicos estiveram em duas propriedades dedicadas à extração mineral de quartzo, em Diamantina (MG), e libertam 31 pessoas submetidas a condições análogas à escravidão

Por Bianca Pyl

Fiscalização realizada em propriedades de extração de quartzo encontrou 31 trabalhadores submetidos à condição de trabalho escravo. Uma das vítimas que vinha sendo explorada há dez anos nas Fazendas Estoque e Dom Bosco, localizadas em Diamantina (MG). Segundo a inspeção, a responsável pela atividade era a João Batista de Queiroz Pires EPP.


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Desde outubro do ano passado, o local vem sendo investigado, pois não possui licença para a extração do minério. Em função das informações colhidas no bojo do inquérito, a juíza federal Anna Cristina Rocha Gonçalves, da Subseção Judiciária de Sete Lagoas (MG), expediu mandado de busca e apreensão de equipamentos e determinou que a Polícia Federal (PF) tivesse a companhia de representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) na operação. ************************************************************************


Além dos três órgãos, acompanharam a ação agentes do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em Minas Gerais e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiverisdade (ICMBio) - mais especificamente no Parque Nacional das Sempre Vivas - órgão do Ministério do Meio Ambiente (MMA). A operação ocorreu entre 31 de março e 5 de abril. Por conta de uma série de riscos e irregularidades constatadas, os auditores fiscais do trabalho determinaram a retirada imediata dos trabalhadores do local e interditaram as frentes de trabalho e os alojamentos. Eles viviam em ambiente considerado degradante: não tinham acesso à água potável nem a instalações sanitárias, além de estarem submetidos a uma jornada exaustiva de trabalho, sem pagamento de horas extras.


Problemas ambientais deram início à investigação, que se desdobrou em libertações (Foto: MPT)



A fiscalização verificou que os trabalhadores foram contratados informalmente por um intermediário. O empregador não recolhia Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) de ninguém.


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"Era uma relação de emprego totalmente informal, sem registro, sem garantia de pagamento de direitos elementares como o salário mínimo", explica Helder Santos Amorim, procurador do trabalho que acompanhou a fiscalização. Os empregados não possuíam treinamento específico para operar as máquinas, o que aumentava o risco de acidentes. Não eram fornecidos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). O custo das botas, luvas, chapéus, botinas e do material de higiene ficava por conta de cada um.


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Nas frentes de trabalho, os empregados tinham contato com uma forte poeira. Como não tinham EPIs, estavam expostos a graves doenças respiratórias. Havia ainda riscos de acidentes por atropelamentos e por colisão de veículos, uma vez que no local não havia sinalização. Não havia instalações sanitárias nas frentes de trabalho e nem refeitórios para a realização das refeições, que eram feitas nos alojamentos ou no chão mesmo. Nos dormitórios, a rede elétrica estava com a fiação sem proteção contra choques elétricos e, consequentemente, contra incêndios. Os alojamentos eram muito sujos, o que propiciava a circulação de insetos e roedores. Nem chuveiro os empregadores disponibilizaram.


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Uma família inteira - formada por uma mulher que exercia a função de cozinheira, pelo marido que catava lenha e por dois filhos menores - residia em um contêiner metálico improvisado como residência, sem instalação sanitária. As vítimas recebiam por produção, conforme a quantidade de minério extraído (R$ 2,50 por tonelada). A remuneração era paga por equipe e o valor era dividido entre os seus integrantes (em média, seis pessoas). Os trabalhadores não tinham controle da quantidade de minério extraída. Não sabiam, portanto, quanto deveriam receber a cada mês. O empregador não efetuava os salários regularmente, em data fixa.


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Alguns dos libertados vinham de outras cidades - como Senador Mourão (MG), Braúna (MG) e Vargem de Inhaí (MG) - e ficavam alojados no local durante a semana. Nos finais de semana, a mineradora levava parte do grupo até Senador Mourão (MG) e buscava novamente na segunda-feira. O transporte também era irregular, realizado por uma caminhonete aberta. Outros eram de áreas rurais próximas das fazendas e retornavam para suas residências por conta própria durante a semana. *****************************************************************************




Leia reportagem completa no endereço eletrônico http://www.reporterbrasil.com.br/exibe.php?id=1876
Publicado no Repórter Brasil, com a dica preciosa do Passadiço Virtual, de Diamantina

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