segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Woodstock, o sonho que acabou

Geração hippie viveu sonho de mudar tudo
Woodstock:
o maior festival de música popular do mundo
Woodstock Music & Art Fair ou simplesmente Woodstock foi um festival de música anunciado como “Uma Exposição Aquariana: 3 Dias de Paz & Música", organizado em uma fazenda nos arredores de Nova Yorque, nos EUA, na cidade rural de Bethel, de 15 a 18 de agosto de 1969. Era para ocorrer na pequena cidade de Woodstock, estado de Nova Iorque, onde moravam músicos como Bob Dylan, mas a população não aceitou, o que levou o evento para a pequena Bethel, a uma hora e meia de distância.
O festival exemplificou a era hippie e a contraculutra do final dos anos 1960 e começo de 70. Trinta e dois dos mais conhecidos músicos da época apresentaram-se durante um chuvoso fim de semana defronte a jovens e adultos libertários. Mais de 500 mil pessoas compareceram, derrubando cercas e tornando o festival um evento gratuito.Apesar de tentativas posteriores da mídia conservadora de esconder e diminuir o valor do festival, o evento original provou ser único e lendário, reconhecido como uma dos maiores momentos na história da música popular..
Este influxo repentino provocou congestionamentos imensos, bloqueando a Via Expressa do Estado de Nova York e eventualmente transformando Bethel em "área de calamidade pública". As instalações do festival não foram equipadas para providenciar saneamento ou primeiros-socorros para tal multidão, e centenas de pessoas se viram tendo que lutar contra mau tempo, racionamento de comida e condições mínimas de higiene.
Embora o festival tenha sido reconhecidamente pacífico, dado o número de pessoas e as condições envolvidas, houve duas fatalidades registradas: a primeira resultado de uma provável overdose de heroína, e a outra após um atropelamento de trator. Houve também dois partos registrados (um dentro de um carro preso no congestionamento e outro em um helicóptero), e quatro abortos.
Ainda assim, em sintonia com as esperanças idealísticas dos anos 60, Woodstock
satisfez a maioria das pessoas que compareceram. Mesmo contando com uma qualidade musical excepcional, o destaque do festival foi mesmo o retrato comportamental exibido pela harmonia social e a atitude de seu imenso público.
O lema da geração hippie de sexo, drogas e rock imperou durante o festival. Os jovens acamparam na fazenda e viveram a liberdade e protestou contra a sociedade de consumo capitalista. Muito sonho, manifestação pela paz, nudismo, criação musical, zueira e experimentação de vários alucinógenos vindos do mundo todo.
ARTISTAS FAMOSOS
Durante o Festival apresentaram-se artistas das várias linhas musicais do mundo todo, principalmente norteamericana. O rock surgido na década de 50 vivia o seu apogeu com várias modalidades e fusões musicais: rock, hard rock, rock psicodélico, rock latin, rock rural, pop rock, rock progressivo, blues rock, rock folk e outros.
No primeiro dia os artistas mais conhecidos são da linha leve: Richie Havens(folk), Swami Satchidananda (indiano), Country Joe McDonald (rock psicodélico), John Sebastian (gaitista), Tim Hardin (folk), Ravi Shankar (músico indiano), Tim Hardin (folk), Joan Baez (cantora americana Folk).
Nos dias seguintes apresentaram-se os artistas psicodélicos e do rock: Keef Hartley, Santana ( banda americana com o guitarrista mexicano Carlos Santana - pop rock, latin rock), Mountain (banda americana de blues-rock/hard rock), Janis Joplin (cantora americana, musa da geração, blues/hard rock), Creedence Clearwater Revival (rock, country) The Who ( apresentou a ópera rock Tommy); Joe Cocker (rock com danças contorcidas), The Band, Johnny Winter, Crosby, Stills, Nash & Young ( com um set acústico e outro elétrico), Jimi Hendrix (o mais importante guitarrista do rock).
AUSÊNCIAS SENTIDAS
Os Beatles não participaram. John Lennon impôs a participação do grupo inglês se a banda da sua mulher Yoko Ono, cantora japonesa, fosse incluída na programação. Não foi aceito pela organização. Esta atração era a mais esperada, pois a banda já tinha se tornado a mais conhecida do mundo.
Led Zeppelin esnobou o festival, dizendo que a banda seria mais uma entre tantas bandas, além da lama e bagunça generalizada. Ausência muito sentida pelos fás.
Frnk Zappa e The Mothers of Invention também se recusaram a tocar no Festival.
O legado de Woodstock está em debate passados 40 anos Os hippies de Woodstock queriam mudar o mundo com flores, drogas, paz e amor, mas acabaram sendo mudados pelo mundo.
Para as pessoas que participaram do festival de rock em Bethel, ao norte de Nova York, de 15 a 16 de agosto de 1969, o espetáculo anunciava o advento de uma nova era, definida como a fundação da "Nação Woodstock".
Mas a euforia de ontem se transformou hoje em ressaca porque passados 40 anos não ficou claro se o Woodstock conseguiu mudar alguma coisa.
O professor de jornalismo da Universidade Quinnipiac Rich Hanley explica que o festival marcou, na realidade, o fim - e não o início - da revolução dos anos 60 e da contracultura.
"Em 1971, tudo já havia terminado. As manifestações acabaram. A geração Woodstock saiu em busca de trabalho e o trabalho acabou com a diversão".
Segundo Hanley, "os hippies agora se transformaram em republicanos, perderam o cabelo e mudaram o consumo de LSD pelo Viagra".
No museu de Woodstock de Bethel, o diretor Wade Lawrence disse que a geração das flores não teve de esperar muito antes de voltar à realidade.
Menos de quatro meses depois de Woodstock, em dezembro de 1969, um show parecido organizado no autódromo de Altamont (Califórnia) terminou em uma violenta e alucinada batalha campal.
Apesar dos protestos pacifistas, as tropas americanas continuaram lutando no Vietnã até 1973, e um ano mais tarde o escândalo Watergate acabava com a presidência de Richard Nixon.
"Acredito que as pessoas perderam as ilusões", disse Lawrence. "O tema da paz e amor passou a ser algo pitoresco", continuou.
Muito da lenda de Woodstock - a maconha, o nudismo e o pacifismo - faz rir hoje uma sociedade menos ingênua.
Alguns ex-hippies como o fotógrafo Michael Murphree, agora com 56 anos, não se arrependem de sua juventude. "Paz, amor, felicidade: realmente queríamos isso", comenta, com um sorriso, enquanto caminha pelo museu.
Woodstock deixou, em todo caso, um legado que vai além da música e da vestimenta, além das calças boca-de-sino, que, por sinal, voltaram à moda.
Ironicamente, o resultado mais palpável foi a apropriação da música rock pelas empresas como fonte de renda. Os shows passaram de encontros improvisados a operações que geram grandes somas de dinheiro.
"Woodstock mudou a indústria da música", afirma Stan Goldstein, um dos organizadores originais. "Pela primeira vez, pudemos ver o poder que tinham os artistas para atrair multidões", acrescentou.
Ao mesmo tempo, o elemento mais característico e poderoso, uma mistura de mescla de hedonismo, pacifismo e ativismo político, o que Goldstein chama de "conciência hippy", se evaporou quase que por completo.
A jovem Sarah Duncan, de 26 anos, visitou o museu vestida de hippie, mas admitiu que as pessoas da idade dela não podem compreender o que foi a onda de Woodstock.
"Naquela época as pessoas conseguiam ser livres e ter a mente aberta", disse Duncan. "Mas não imagino, nem eu nem meus amigos, fazendo isso de novo. No máximo, vão ficar bêbados ou doidões, mas nada de paz e amor", comparou.
Apesar de as tropas americanas estarem combatendo novamente em guerras impopulares, Duncan não consegue imaginar sua geração indo às ruas para se manifestar ou cantar em protesto.
"Agora tudo é mais simples; as pessoas dizem o que pensam, mas não querem manifestar nem fazer com isso obras de arte", explica Duncan. "Mandam um e-mail coletivo", resumiu.
Da AFP Paris e fontes diversas

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