Fonte: Blog Teleobjetiva - Til Pestana ( clique aqui)
Francisco Augusto Alkmim, apelidado de Chichico
(1886-1978), foi um importante fotógrafo mineiro que trabalhou na cidade de
Diamantina, aproximadamente, entre 1917 e 1955. Exatamente neste período, a
cidade reviveu um novo impulso econômico, com a mineração mecanizada de
diamantes recebendo diversas companhias estrangeiras. Estas companhias se
instalaram principalmente no rio Jequitinhonha, com bombas centrífugas para
extração de areia e água, máquina de lavagem, guincho, escavadora mecânica, etc.
para exploração de diamantes. Assim, se retomou a mística da preciosa pedra com
sonhos de enriquecimento como no início do século XVIII e que, progressivamente,
construiu o imaginário do antigo arraial do Tijuco. A disputa pelos diamantes e
os diversos interesses em jogo que representava foram definindo as intricadas
relações sociais e culturais. As pedras raras eram cobiçadas por todos eram
fonte de riqueza e poder. Para resgatá-las, os homens trabalharam,sofreram e
morreram.
No início do século XX a cidade de Diamantina e
sua arquitetura colonial, que a mineração de diamantes deixou de herança, foi
incorporando novos tempos artísticos com a construção de alguns prédios
ecléticos como, a Estação Ferroviária de Diamantina (1914); Catedral
Metropolitana de Diamantina (1932-1938); antiga Cadeia (1936). Estas novas
soluções construtivas buscavam reviver o passado e ao mesmo tempo, em alguns
casos, renovaram o espaço urbano. Também foram realizados diversos melhoramentos
de serviço urbano como, o ensaio de iluminação à gás acetileno (1903), vários
reparos e execução de calçamento em pedra das ruas, construção de passeios e
ajardinamento de praças. Em 1910, a cidade começou a receber luz elétrica e, em
1914, foi inaugurado o ramal de Diamantina da Estrada de Ferro Central do
Brasil, desativado, em 1973. A rede telefônica foi inaugurada, em 1917, e se
prosseguiram as melhorias dos serviços urbanos. Todo o conjunto
urbano-arquitetônico preservado da cidade proporcionou seu reconhecimento, em
1938, como monumento histórico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional. O casario foi enriquecido, a partir de 1950, com a
arquitetura moderna de Oscar Niemeyer e com a iniciativa do diamantinense
Juscelino Kubitschek, Governador de Minas (1950-1955) e Presidente da República
(1956-1960). Foram construídos os prédios Diamantina Tênis Clube (1950), Hotel
Tijuco (1951) e a Escola Estadual Júlia Kubitschek (1952). Estas edificações,
exemplares modernistas de valor excepcional, se integram harmoniosamente à
paisagem da cidade.
O fotógrafo retratou crianças, adultos,
“anjinhos”, garimpeiros, policiais militares, padres, freiras e membros de
famílias tradicionais de Diamantina. Talvez, esta diversidade temática em sua
obra nos revele sua consciência ou intenção de registrar para a posteridade como
era a vida em sua época, entendendo com lucidez que a sua versão da história era
de modo fragmentado representando pequenas parcelas das complexas relações
coletivas. Suas fotografias apresentam objetos de bandas de música, construções
arquitetônicas e paisagísticas, instrumentos e ferramentas de trabalho,
vestimentas que expressam os sentidos culturais, estéticos, técnicos e
históricos. Registrou também a arquitetura urbana e a vida social da época, ruas
e edificações, procissões e festas religiosas, solenidades cívicas e formas de
lazer típicas da cidade, reunindo um variado acervo iconográfico sobre a
sociedade e a evolução urbana em Diamantina. O resultado deste extenso trabalho
fotográfico nos revela os seus anseios de ter cristalizado impressões e olhares
daquilo que se tinha como passageiro. Aí está o “olhar eterno” de Chichico
Alkmim.
Publicado no Blog Passadiço Virtual, de Diamantina.
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