Pe. Nery Charlon Ribeiro Chaves

Aparentemente o mato não pode oferecer nada de bom, é apenas um espaço tomado pelo acúmulo de ervas e pequenos arbustos nascidos ao léo. O que mais me encanta é que, a aparente inutilidade e feiúra não desvirtua o olhar da mulher que enxerga onde outros não puderam ver.
Ali, na suposta sujeira do matagal, ela vai entrando e colhendo, cuidadosamente, os talos necessários para compor o seu objeto de desejo: a vassoura. Parece que o olhar dessa mulher guarda um estranho encanto que a faz ver riquezas onde muitos não encontram nada.
Esse olhar se parece muito com o olhar de Jesus que, enxergando vida e dignidade onde havia desprezo e exclusão, foi colhendo parte por parte destes elementos deixados , formando um ramalhete de oferta ao Pai em forma de resgate e redenção.
Senti um profundo desejo de olhar assim para as coisas da minha vida e também para as pessoas e mundo. Em lugar de encontrar apenas perdição e desilusão; no simples, no escondido, encontrar formosura e encanto.
Eu quero catar vassouras, eu quero enxergar além ...
Um comentário:
talvez não uma vassoura, mas um buquê ressequido para provar que mesmo no sofrimento o Vale do Jequitinhonha ainda conserva sua beleza mais intrínseca.
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