* Por Tania Pulier, comunicadora popular da ASA / UGT Cáritas Diocesana de Araçuaí
“Comunicar quando? Já!” Com esse grito teve início o Encontro dos Comunicadores e Comunicadoras Populares do Vale do Jequitinhonha, que aconteceu de 28 a 30 de agosto na Conacreje, no município de Jequitinhonha.
O evento foi promovido pela Articulação no Semiárido (ASA Minas), através das Cáritas Diocesanas de Araçuaí e do Baixo Jequitinhonha. Cerca de 40 participantes debateram suas práticas de comunicação em rádios, grupos de teatro e vídeo, coral, cinema e no dia a dia das entidades sociais, refletindo sobre o direito à comunicação e a qualidade dos conteúdos veiculados.
Na abertura do encontro, a equipe da ASA.com Minas expôs a caminhada da Articulação no Semiárido e o papel da Comunicação popular como estratégia de mobilização para a valorização e visibilidade das experiências das famílias agricultoras do Semiárido.
Na abertura do encontro, a equipe da ASA.com Minas expôs a caminhada da Articulação no Semiárido e o papel da Comunicação popular como estratégia de mobilização para a valorização e visibilidade das experiências das famílias agricultoras do Semiárido.
Os principais meios apontados para cumprir esse objetivo nos debates da comunicação em Minas são o programa de rádio e o boletim informativo, que devem ter a linguagem dos protagonistas das notícias, os agricultores e agricultoras, e transmitir a riqueza do que é vivenciado nesse lugar muitas vezes esquecido pelas políticas públicas.
Para o estudante de Engenharia Florestal da UFVJM e membro do Grupo Aranã de Agroecologia, Vinícius Mendonça, “os comunicadores populares tem um papel importantíssimo na divulgação, na promoção de fatores culturais, econômicos e principalmente sociais”. Ele acredita que essa é uma grande demanda e a contrapõe ao mercado que, segundo ele, “domina o acesso da população a comunicação”.
Diagnóstico da Comunicação
Diagnóstico da Comunicação
A partir dessa contextualização, os participantes fizeram um diagnóstico dos desafios e avanços encontrados em sua prática de comunicação.
As dificuldades mais citadas foram: a restrição das concessões para as rádios comunitárias e o alcance pequeno permitido por lei (25 W); a falta de recursos; e a falta de tempo e conhecimento para divulgar mais o trabalho das entidades, que é grande, para expressá-lo com uma linguagem adequada e captar colaboradores para o trabalho de comunicação.
Os participantes colocaram que a comunicação é indispensável, assim como a água. Ressaltaram a criatividade do povo, que precisa ser divulgada pelo próprio povo em meios adequados como a rádio, o boletim e o cordel, além da possibilidade de usar meios novos, como o vídeo e a Internet.
Disseram que a comunicação popular tem o papel de mobilização e conscientização política e apontaram algumas questões que devem ser consideradas na prática: “Comunicar com quem e para quem? Com que objetivo? Com que eficiência? Como?”
"Reforma Agrária do ar"
O coordenador do P1MC no Vale, Valdecir Viana, participou do encontro junto com colegas do Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica (CAV). Para ele, o grande desafio é fazer com que as rádios comunitárias consigam as suas concessões. “Nós sabemos que a grande mídia não quer que isso aconteça. É preciso fazer a reforma agrária no ar.”, afirma. Valdecir reflete que da mesma maneira como as terras estão concentradas nas mãos de poucos, o ar está privatizado. “A lei fala claro que o cidadão tem direito a liberdade de expressão, mas quando se quer comunicar de fato com a massa, você não tem esse acesso”.
O coordenador do P1MC no Vale, Valdecir Viana, participou do encontro junto com colegas do Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica (CAV). Para ele, o grande desafio é fazer com que as rádios comunitárias consigam as suas concessões. “Nós sabemos que a grande mídia não quer que isso aconteça. É preciso fazer a reforma agrária no ar.”, afirma. Valdecir reflete que da mesma maneira como as terras estão concentradas nas mãos de poucos, o ar está privatizado. “A lei fala claro que o cidadão tem direito a liberdade de expressão, mas quando se quer comunicar de fato com a massa, você não tem esse acesso”.
Ele vê como tarefa da comunicação popular fazer com que a informação chegue na base para gerar mudança. “É só a partir da informação que nós conseguimos libertar o nosso povo”, completa.
Parcerias contribuem com debate e formação
A realização do Encontro de Comunicadores do Vale contou com a parceria do Pólo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha e com a Associação Imagem Comunitária (AIC), ONG de Belo Horizonte que trabalha com o Projeto “Juventude do Jequi”. Membros desses projetos contribuíram com as colocações, o debate e as oficinas práticas.
O coordenador do Pólo da UFMG, Márcio Simeone, apresentou os resultados parciais da pesquisa sobre o mapeamento da mídia no Vale do Jequitinhonha feita por Bruno Castro.
Parcerias contribuem com debate e formação
A realização do Encontro de Comunicadores do Vale contou com a parceria do Pólo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha e com a Associação Imagem Comunitária (AIC), ONG de Belo Horizonte que trabalha com o Projeto “Juventude do Jequi”. Membros desses projetos contribuíram com as colocações, o debate e as oficinas práticas.
O coordenador do Pólo da UFMG, Márcio Simeone, apresentou os resultados parciais da pesquisa sobre o mapeamento da mídia no Vale do Jequitinhonha feita por Bruno Castro.
A pesquisa mostrou que o público principal da rádio mais ouvida de Araçuaí é formado por homens entre 15 e 24 anos, e os horários de pico são das 9 as 11 horas da manhã.
O conteúdo da programação é de músicas e comerciais e o modelo vigente em quase todas as rádios é “Jovem Pan”.
A partir da apresentação dos dados quantitativos, os participantes debateram a qualidade da programação das rádios e o papel das rádios comunitárias em investir muito mais na informação e formação dos ouvintes, a partir de notícias e microprogramas educativos, mas também da seleção de músicas de qualidade. A representante da AIC, Alexia Melo, falou da transformação da prática da ONG a partir dos projetos com os jovens no sentido de uma descentralização da gestão e das decisões. Ela falou que existem vários olhares e representações, várias juventudes, diferente de uma massa única como muitos pensam, e os próprios movimentos sociais, na sua opinião, precisam deixar “deslocar” os seus discursos para abrir-se verdadeiramente a participação.
Fechamento de rádio comunitária
O comunicador popular da ASA Minas e agente Caritas, Decanor Nunes, falou sobre “Reforma agrária no ar: ocupar, resistir, produzir”, destacando que a comunicação é uma necessidade básica de toda a comunidade e que todos tem o direito de comunicar. Ele criticou o fechamento das rádios comunitárias e pontuou a necessidade de fortalecer as articulações com as entidades do Semiárido na luta pela conquista das concessões.
O comunicador popular da ASA Minas e agente Caritas, Decanor Nunes, falou sobre “Reforma agrária no ar: ocupar, resistir, produzir”, destacando que a comunicação é uma necessidade básica de toda a comunidade e que todos tem o direito de comunicar. Ele criticou o fechamento das rádios comunitárias e pontuou a necessidade de fortalecer as articulações com as entidades do Semiárido na luta pela conquista das concessões.
Para ele, é importante produzir com as pessoas, abrindo também espaços de formação aos comunicadores, de forma que o instrumento rádio comunitária possa de fato participar da construção de um projeto popular para o Brasil. “Com uma outra comunicação, um outro mundo é possível”, afirma Decanor.
Durante o encontro foram realizadas também oficinas de iniciação teatral, texto informativo para rádio, podcast (áudio para Internet) e vídeo, com a contribuição da AIC, dos comunicadores populares da ASA e dos jovens dos núcleos do Projeto “Juventude do Jequi”.
Rede de Comunicadores
Além da formação e do debate, o Encontro de Comunicadores do Vale do Jequitinhonha teve como objetivo formar a rede de comunicadores populares do Vale, como passo para a formação de uma rede que envolva todo o Semiárido mineiro.
Durante o encontro foram realizadas também oficinas de iniciação teatral, texto informativo para rádio, podcast (áudio para Internet) e vídeo, com a contribuição da AIC, dos comunicadores populares da ASA e dos jovens dos núcleos do Projeto “Juventude do Jequi”.
Rede de Comunicadores
Além da formação e do debate, o Encontro de Comunicadores do Vale do Jequitinhonha teve como objetivo formar a rede de comunicadores populares do Vale, como passo para a formação de uma rede que envolva todo o Semiárido mineiro.
Os participantes reuniram-se pelas microrregiões – Alto, Médio e Baixo Jequitinhonha – e apontaram os meios de comunicação existentes nesses vários lugares, as possíveis parcerias e sugestões para a caminhada em rede.
Foram escolhidos seis representantes para participar das reuniões da ASAcom-MG e ser o elo de ligação entre os comunicadores locais e a articulação estadual.
Myrlene Santos, da Visão Mundial em Ponto dos Volantes, foi uma das representantes escolhidas. Ela avalia positivamente o encontro. “Foi extremamente positivo, porque deu para a gente conhecer muito a realidade do Vale pelos que vivem no Vale. Passar todas as informações do que a gente passa de dificuldade, dos ganhos que a gente tem e interagir”.
Myrlene Santos, da Visão Mundial em Ponto dos Volantes, foi uma das representantes escolhidas. Ela avalia positivamente o encontro. “Foi extremamente positivo, porque deu para a gente conhecer muito a realidade do Vale pelos que vivem no Vale. Passar todas as informações do que a gente passa de dificuldade, dos ganhos que a gente tem e interagir”.
Ela acredita que o intercâmbio pode facilitar a articulação para mudanças sociais. “Muita coisa é feita isoladamente, e sem esse contato não tem como a gente aprender novas formas de aplicar projetos, criar coisas boas, que possam melhorar a nossa sociedade”, afirma.
Um comentário:
Parabéns pela analise. Publiquei o texto no www.abracocentrooeste.ning.com . ABRAÇO FORTE
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