A Comunidade Geraizeira de Raiz, localizada no município de Rio Pardo de Minas, no norte de minas, promoveu no dia 24 de setembro, um empate visando proteger o cerrado e o seu território tradicional.
A exemplo da experiência de Chico Mendes na defesa da Amazônia, quase uma centena de moradores da comunidadede Raiz, distante 30 km da sede do município, promoveram nesta semana, pela segunda vez, e agora com sucesso, uma mobilização para retirada de máquinas da REPLASA que estavam destruindo oscerrados e assoreando os córregos que abastecem de água a comunidade.
No dia 21 de setembro, dia da árvore, uma semana após terem denunciado aos órgãos ambientais o crime que estava sendo cometido em seu território, a comunidade reunida se dirigiu até uma máquina retroescavadeira que estava arrancando tocos de eucalipto em uma área de cerrado em regeneração e próximo às nascentes, solicitando ao maquinista que parasse o serviço.
Em seguida telefonaram para a polícia ambiental que enviou uma viatura ao local. Os policiais, porém, passaram a maltratar verbalmente a comunidade junto com o encarregado da firma.
Empate
Inconformados e mais organizados, agora contando com o apoio da Via Campesina, a comunidade retornou no dia 24 de setembro, ao local, disposta inclusive a atear fogo na máquina se a mesma não fosse retirada do território. O operador retirou a máquina do território demarcado pela comunidade e a mesma comunicou novamente à Policia Militar para realizar um B.O. – Boletim de Ocorrência.
Três viaturas com policiais fortemente armados se dirigiram ao local.P orém, desta vez, reconheceram a demanda da comunidade e lavraram o boletim acolhendo a denúncia e suspendendo todo e qualquer serviço da empresa na referida área.
Segundo o Sr. Eliseu, dirigente do MASTRO – Movimento Articulado dos Sindicatos de Trabalhadores do Alto Rio Pardo, a Comunidade de Raiz é uma comunidade geraizeira que está em busca de seus direitos. Ele esteve visitando a comunidade e confirma a grande devastação ambiental provocada pela monocultura do eucalipto que provocou o secamento de suas águas,deixou a comunidade encurralada, contribuindo também para desestruturar o modo de vida deste povo geraizeiro.
A principal reivindicação da comunidade é que os governos federal e estadual reconheçam o seu território e que contribuam com a recuperação das áreas que foram degradadas pela monocultura do eucalipto.
Eles querem que o modo de vida geraizeiro seja reconhecido e respeitado para que seus filhos não precisem ficar migrando todos os anos em busca de serviço no corte de cana ou na colheita do café nas regiões sudeste ou centro-oeste.
Segundo uma Carta Aberta divulgada no dia 24 de abril de 2008, dia que a comunidade realizou a auto-demarcação de seu território.
Eles afirmam:“Queremos voltar a produzir como antes, explorar com cuidado as nossas riquezas, e que os nossos filhos tenham orgulho de serem geraizeiros.”
Rio Pardo de Minas, 25 de setembro de 2009
Para maiores informações:
Eliseu José de Oliveira – coordenador do MASTRO : (38)9109 3754;
Elmy – Diretor do STR de Rio Pardo de Minas -(38) 91294792
Alvimar – CPT NORTE DE MINAS – (38) 99950114
Álvaro Carrara – CAA NM – (38) 9109 3764.
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