quinta-feira, 24 de setembro de 2009

LGBT se organiza no Vale do Jequitinhonha

Gays e Lésbicas do Vale têm Encontro na busca de direitos
O Programa Pólo Jequitinhonha, em parceria com o Núcleo de Direitos Humanos e cidadania LGBT (Nuh/UFMG), realizou entre os dias 28 e 29 de agosto duas reuniões para tratar da temática LGBT no Vale do Jequitinhonha.
O encontro do dia 28 ocorreu na cidade de Jequitinhonha e contou com a presença, dentre outros, do grupo das Blayblaydys (auto-denominação de um grupo LGBT da cidade) de profissionais da educação e de membros da Secretaria de Educação municipal.
No dia 29, o encontro aconteceu na cidade de Araçuaí e contou com a presença da Diretora Executiva da Federação das Entidades Culturais e Artísticas do Vale do Jequitinhonha, Ângela Freire, de representantes da comunidade LGBT da cidade e do grupo Blayblaydys.
Os encontros possibilitaram a articulação dos grupos para a realização do Seminário LGBT no Vale do Jequitinhonha, que acontece entre os dias 06 e 07 de novembro de 2009, na cidade de Jequitinhonha.
O evento pretende discutir as temáticas LGBT sob um viés político e cidadão.
Leia abaixo depoimento de Liliane Anderson, educadora social do Nuh e vice-presidente Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), sobre a questão LGBT no Vale do Jequitinhonha.
LGBT no Vale
"A experiência no Vale do Jequitinhonha foi muito legal. Desde quando o Polo convidou o Nuh para fazer parte desta iniciativa, eu me lembrei de uma história que vivenciei em Belém do Pará, que também começa com a iniciativa de um grupo cultural do movimento.
Chegando lá no Vale, tive a oportunidade de conhecer duas realidades diferenciadas na região. A questão da cidade de Jequitinhonha, cidade bem pequena, com poucas dificuldades e muitas portas de entrada que o grupo tem para articular diretamente com a questão da cultura e educação.
Nesta cidade, eu percebi muita abertura, principalmente pelo fato de haver duas travestis dentro do contexto da educação.
Em Araçuaí eu saí um pouco frustrada e muito preocupada, devido à questão de ver um fundamentalismo religioso e a falta de ajuda institucional ao grupo.
Mas a partir do momento em que um grupo se expõe a fazer um evento, onde a gente cria uma expectativa de poder colaborar na mudança, há uma perspectiva de melhora da situação, e este grupo tem muitas possibilidades de se fortalecer enquanto instituição, e é o que eu deixei de proposta para o grupo: formalizar uma instituição, no papel, com CNPJ, criar coordenações regionais, porque daí as pessoas começam a aparecer e outros grupos também se interessam em militar juntos na esfera do governo e discutir todas as questões implicadas com a temática LGBT, além de fazer o controle social, que é o dever e obrigação de todo movimento social".
Visão aberta
"Acho que lá no Vale teremos um grande resultado, porque quando você vê pessoas sensíveis, ligadas ao governo, como por exemplo, a Secretaria de Educação de Jequitinhonha, que dá um bom respaldo e curiosidade para debater o assunto, e você tem ainda uma psicóloga que vem estudando pra debater junto, tem tudo pra que o grupo cresça.
Agora depende não só da gente, depende do próprio grupo, porque eles é que tem que ser protagonistas na história regional.
Vamos esperar o dia do evento, acho que já está tudo encaminhado, acho que eu atendi meu intuito (que era o de colaborar), porque é difícil sair de BH, 12 horas de viagem, e ver uma realidade diferenciada.
Quando a gente vai falar da população LGBT, estando dentro de um estado, a gente fala das questões mais próximas, com municípios a 4 ou 6 horas de viagem.
Uma região como o Vale, que está totalmente distante, a gente percebe que questões de políticas públicas não existem.
Nossa obrigação enquanto Nuh e enquanto Pólo é colaborar, e eu, enquanto representante da ABGLT sinto que tenho muito a colaborar neste grupo".
Por Luanda Queiroga, programa Pólo Jequitinhonha, da UFMG.

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