R$ 100 bilhões: Direitos minerários do "pobre" Jequitinhonha estão à venda
A riqueza minerária do Vale do Jequitinhonha é vendida nas Bolsas de Valores do Brasil e do mundo
Lideranças políticas e empresariais do Vale do Jequitinhonha não devem ignorar o que vem sendo noticiado pela imprensa estadual sobre as riquezas existentes nesta região, tida como a mais pobre de Minas Gerais. Na realidade, ela não seria nada disso, pois conteria riquezas minerais avaliadas em bilhões, que estão despertando a cobiça em grandes grupos e megaempresas do país e do mundo.
Vamos aos fatos.
Em 22 de dezembro de 2010, o Diário do Comércio, de Belo Horizonte, publicou uma matéria cuja chamada de capa dizia: “A Magnesita Refratários S/A, com sede em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, tem planos de investimentos da ordem de R$ 80 milhões nos próximos dois anos. De acordo com comunicado enviado ontem à Bovespa, os aportes serão realizados na expansão da jazida de grafita localizada em Almenara, no Vale do Jequitinhonha.
Com o aumento da capacidade de extração, a indústria pretende atingir a autossuficiência em produção de grafita. Da produção de 40 mil toneladas anuais, a metade será destinada à demanda interna e o restante será negociado para fabricantes de plásticos e polímeros. Até o fim deste exercício, a empresa ainda estima desembolsar R$ 17 milhões na aquisição de 17 mil toneladas do insumo para a produção de refratários”.
Entretanto, por aqui, nenhuma voz se levantou para comentar tal notícia. Nada disso mereceu uma reunião numa das várias Câmaras Municipais do Vale do Jequitinhonha, tampouco uma reunião de lideranças políticas ou empresariais. É como se nada tivesse sido noticiado, ou se não valesse a pena tratar desse assunto, junto ao governo de Minas Gerais e às prefeituras que podem ser diretamente beneficiadas com os investimentos previstos.
Essa não foi a única notícia sobre tesouros ocultos do Vale.
No dia 1º de fevereiro deste ano, a página 17 do caderno de Economia, do jornal Hoje em Dia, a coluna “Negócios S.A.”, de Nairo Alméri, trazia uma matéria intitulada: “Direitos minerários à venda: US$ 61 bilhões”.
Que negócio estupendo seria esse, e em que local estaria? Segundo o autor da matéria, o negócio seria concessões de uma empresa para a exploração de jazidas de metais, minérios e pedras preciosas, encravadas justamente no Vale do Jequitinhonha, no Nordeste de Minas.
Sites de escritórios de advocacia, um em São Paulo, e mais outros três – sendo dois estrangeiros e um brasileiro – estariam oferecendo um pacote de direitos minerários nesta região (Vale do Jequitinhonha), por um preço acima de 61 bilhões de dólares – ou pouco mais de R$ 100 bilhões, no câmbio atual.
O que os escritórios oferecem são direitos legais sobre jazidas de diamante, ouro, granito, e cobre. As áreas abrangidas somam um total de 2.400 hectares, com acesso por rodovia e uma pista de pouso asfaltada, com 1.400 metros de comprimento. O negócio está em oferta, no Brasil e no mundo.
A jazida de granito seria a mais cara de todas as reservas minerais. Ela teria 200 milhões de metros cúbicos, e estaria avaliada em US$ 60 bilhões. As demais seriam as de ouro, avaliada em US$ 840 milhões; diamante, avaliada em US$ 115 milhões, e cobre, por US$ 80 milhões. A soma total dos valores é de estarrecer, pois nem mesmo os grandes grupos nacionais e internacionais poderiam fazer um negócio desse, sem usar recursos federais ou de bancos de investimento.
Os investimentos da Magnesita Refratários S/A estão previstos para ser feitos até 2012. A negociação dos direitos minerários pode levar mais tempo, mas deve ser abordada agora.
O povo do Vale do Jequitinhonha não deve permanecer indiferente. Ele deve cobrar das lideranças locais, estaduais e federais, uma participação mais ativa nessas oportunidades.
Afinal, não é sempre que o país pode anunciar um negócio de US$ 62 bilhões – que dirá, então, o “pobre” Vale do Jequitinhonha, não é mesmo?
Jornalista Tarciso Alves, da Revista Nova Atual, maio/2011, de Almenara.
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