Araçuaí: Cidade natal de Madoff mineiro vive clima de festa e decepção
Luiz Ribeiro - Estado de Minas, em 15/12/2010 Thales Maioline com uniforme de presidiário
A prisão de Thales Maioline, de 34 anos, provocou uma sensação de alegria seguida de decepção em Araçuaí (Vale do Jequitinhonha), terra natal do ex-investidor e uma das 14 cidades mineiras onde dezenas de pessoas perderam dinheiro depois de aplicarem suas economias na Firv, empresa criada por ele. Assim que ficaram sabendo da prisão do golpista conhecido como Madoff mineiro – que ficou desaparecido durante 140 dias – moradores da cidade chegaram até a soltar fogos, acreditando que finalmente teriam de volta o montante aplicado. Mas, em seguida, veio a “ducha de água fria” com declaração do empresário de que não tem como pagar os investidores.
Thales Maioline é integrante de uma família humilde, porém respeitada em Araçuaí. Isso contribuiu para que ele ganhasse a confiança dos conterrâneos. A Firv Consultoria e Administração de Recursos Financeiros Ltda montou um escritório na cidade, onde atraiu cerca de 150 investidores – grande parte, pessoas simples –, que teriam aplicado em torno de R$ 2 milhões no “clube”. Com dificuldades para gerar emprego e renda, Araçuaí é uma das cidades do Jequitinhonha que exportam trabalhadores para o corte de cana no interior de São Paulo. Por isso, o “rombo” deixado pela Firv foi sentido na economia local. “Houve um baque no comércio da cidade”, diz um morador de Araçuaí.
Desconfiados, muitos investidores dizem que não acreditam que Thales esteja dizendo a verdade e que o dinheiro da Firv pode estar em algum paraíso fiscal ou empregado em imóveis e que assim, as vítimas do empresário ainda poderão ser ressarcidas. Vários deles também já recorreram a Justiça para tentar o retorno do que investiram.
“Pela quantidade de dinheiro que o Thales conseguiu, não tem condições de ele ter perdido. Eu acho que o dinheiro (da Firv) está no exterior, em algum paraíso fiscal. Ou então, ele aplicou em imóveis, em nome de terceiros”, opina a comerciante Dinamar Silva Murta Peixoto, dona de uma loja de produtos veterinários na cidade. Ela conta que, juntamente com o marido, aplicou na Firv todo o dinheiro que conseguiu juntar ao longo de vários anos de trabalho. Dinamar não revela valores. Mas, o “valor virtual” que teria a receber na Firv seria mais do que o dobro do capital inicial. Ela recorreu à Justiça contra a Firv, junto com um grupo de 15 pessoas da cidade.
O vigilante aposentado Carlos Ornelas França, que aplicou em torno de R$ 20 mil na Firv, entrou com uma ação judicial contra a empresa. Ele disse que, após o reaparecimento e a prisão de Thales Maioline, suas esperanças aumentaram, com a expectativa de que a Justiça venha bloquear todos os bens do empresário para ressarcir os prejuízos causados as suas vitimas.
Jornal Estado de Minas, 15.12.2010
Um comentário:
Lamentável, conheço e sou amigo do pai Iano Maioline. Iano Maioline(Pai) sempre foi e é um exemplo de homem e cidadão.Como pai, desejo que tudo seja esclarecido e seja feito justiça.Volto a afirmar,lamentável...
Postar um comentário